Como vem
sendo habitual, na última semana de abril, uma ‘romaria a cavalo’ – este ano na
sua décima oitava edição – liga a igreja paroquial da Moita, sob a invocação de
Nossa Senhora da Boa Viagem ao santuário de Nossa Senhora de Aires, em Viana do
Alentejo: durante quatro dias são percorridos cerca de cento e cinquenta
quilómetros por entre campos e povoações, cavalgando ao ritmo do tempo e
segundo a condição dos montadores…
Dezenas
de cavalos perfilam-se à hora da bênção, não faltando as autoridades
autárquicas e os promotores do evento, de um e do outro lado, da partida e da
chegada… Como acontecimento inserido no âmbito religioso, também os
responsáveis eclesiais se aprontam a dar uma espécie de bênção à cerimónia…
Resultado
dalgum empenho mais especial, por vezes, os órgãos de comunicação social fazem
diretos e tentam escolher um ângulo que lhes seja favorável na intenção e nos
resultados.
- Este
ano parece que há mais montadas – dizia Juvenal, um velho cavaleiro, que tomou
parte nas primeiras edições da ‘romaria’, mas por agora se sente desmotivado
com certas coisas que foi vendo e vivendo…
- É
verdade vem muita gente de fora e a ‘romaria’ está a crescer – ripostou Maria,
também ela foi de ‘romaria’ algumas vezes, mas agora já não se sente com forças
para tantos dias de trajeto… vai, quando pode à chegada ao santuário de
Aires…Pena é que haja excesso dalguns…Não era preciso tanta coisa fora do
convívio…
- Talvez
seja necessário parar um pouco para ver se estamos a fazer tudo de forma
correta e sem nos desviarmos do essencial…
- Pois,
nisto que envolve muitas pessoas pode acontecer de haver desvios ou até
aproveitamentos de quem não tem nada a ver com a iniciativa…
De
facto, charretes, cavalos mais ou menos alindados, cavaleiros e amazonas,
muitos deles vestidos com fatos de gala, crianças e mais velhos fazem desta
‘romaria a cavalo’ uma pequena festa duma das vertentes mais típicas das gentes
da Moita: a arte de cavalgar e a riqueza dum povo que tem orgulho das suas
raízes e faz deste acontecimento como que um dos seus estandartes de afirmação
social, cultural e económica…
(*)
Extraído da folha dominical da Paróquia da Moita, ‘No dia do Senhor’ n.º 399 de 22 de abril de 2018
António
Sílvio Couto
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