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terça-feira, 24 de abril de 2018

‘Romaria a cavalo’: devoção, convívio e promoção (*)…


Como vem sendo habitual, na última semana de abril, uma ‘romaria a cavalo’ – este ano na sua décima oitava edição – liga a igreja paroquial da Moita, sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem ao santuário de Nossa Senhora de Aires, em Viana do Alentejo: durante quatro dias são percorridos cerca de cento e cinquenta quilómetros por entre campos e povoações, cavalgando ao ritmo do tempo e segundo a condição dos montadores…

Dezenas de cavalos perfilam-se à hora da bênção, não faltando as autoridades autárquicas e os promotores do evento, de um e do outro lado, da partida e da chegada… Como acontecimento inserido no âmbito religioso, também os responsáveis eclesiais se aprontam a dar uma espécie de bênção à cerimónia…

Resultado dalgum empenho mais especial, por vezes, os órgãos de comunicação social fazem diretos e tentam escolher um ângulo que lhes seja favorável na intenção e nos resultados.

- Este ano parece que há mais montadas – dizia Juvenal, um velho cavaleiro, que tomou parte nas primeiras edições da ‘romaria’, mas por agora se sente desmotivado com certas coisas que foi vendo e vivendo…

- É verdade vem muita gente de fora e a ‘romaria’ está a crescer – ripostou Maria, também ela foi de ‘romaria’ algumas vezes, mas agora já não se sente com forças para tantos dias de trajeto… vai, quando pode à chegada ao santuário de Aires…Pena é que haja excesso dalguns…Não era preciso tanta coisa fora do convívio…

- Talvez seja necessário parar um pouco para ver se estamos a fazer tudo de forma correta e sem nos desviarmos do essencial…

- Pois, nisto que envolve muitas pessoas pode acontecer de haver desvios ou até aproveitamentos de quem não tem nada a ver com a iniciativa…

De facto, charretes, cavalos mais ou menos alindados, cavaleiros e amazonas, muitos deles vestidos com fatos de gala, crianças e mais velhos fazem desta ‘romaria a cavalo’ uma pequena festa duma das vertentes mais típicas das gentes da Moita: a arte de cavalgar e a riqueza dum povo que tem orgulho das suas raízes e faz deste acontecimento como que um dos seus estandartes de afirmação social, cultural e económica…

 

(*) Extraído da folha dominical da Paróquia da Moita, ‘No dia do Senhor’ n.º 399 de 22 de abril de 2018

 

António Sílvio Couto


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