Ocorre
este ano o cinquentenário do ‘maio de 68’. O que foi ou o que é o ‘maio de 68’
e quais as suas consequências na história? Como se pode enquadrar o ‘maio de
68’, decorridos cinquenta anos, e com novos desafios à sociedade atual’? Ainda
haveria condições – neste egoísmo crescente – para envolver todos numa ação em
favor dos outros?
Estas e
outras questões surgirão por certo nos próximos dias, dado que estaremos no
mesmo mês e com perguntas ainda não-respondidas ou até mal resolvidas…
* A
expressão ‘maio 68’ costuma ser usada para referir-se às greves,
manifestações e ocupações de fábricas e universidades que ocorreram na França,
em maio de 1968. Uma greve geral se desencadeou na França, mas que rapidamente,
adquiriu significado e proporções revolucionárias, mas foi desencorajada pelo
PCF e finalmente suprimida pelo governo, que acusou os comunistas de atentarem
contra a Quinta República Francesa... A situação foi de tal forma grave que o
chefe do governo gaulista teve de refugiar-se numa base aérea na Alemanha... Da
mesma forma como surgiu de modo efervescente e rápido também se dissipou a
revolução com o regresso dos operários ao trabalho, seguindo as orientações da
CGT e do PCF... Após as eleições no mês de junho seguinte o partido do governo
emergiu ainda mais poderoso do que antes.
* Dizem as análises ao ‘maio de 68’ que os saudosistas desta revolução veem nele um momento memorável na história da liberdade e dos direitos humanos. O símbolo unificador dos protestos foi ‘O Livro Vermelho’ de Mao Tsé-Tung e sua inspiração imediata a ‘revolução cultural chinesa’, iniciada dois anos.
* Dizem as análises ao ‘maio de 68’ que os saudosistas desta revolução veem nele um momento memorável na história da liberdade e dos direitos humanos. O símbolo unificador dos protestos foi ‘O Livro Vermelho’ de Mao Tsé-Tung e sua inspiração imediata a ‘revolução cultural chinesa’, iniciada dois anos.
* Alguns
filósofos e historiadores afirmaram que o evento do ‘maio de 68’ foi um dos
mais importantes e significativos do século XX, porque não se deveu a uma
camada restrita da população, como trabalhadores e camponeses – que eram
maioria – mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas,
culturais, de idade e de classe.
* A
maioria dos apelidados de insurretos era adepta de ideias esquerdistas,
comunistas ou anarquistas. Muitos viam os eventos como uma oportunidade para
sacudir os valores da “velha sociedade”, contrapondo ideias diferentes sobre a
educação, a sexualidade e o prazer. Entre eles, uma pequena minoria, professava
ideias de direita...
= Aquilo
que começou por ser uma revolta estudantil, mas que se estendeu a toda a
sociedade francesa, teve outras ramificações culturais em muitos outros países
e quadrantes sociais… Guerra do Vietname, primavera de Praga, clima de ‘guerra
fria’ entre blocos de leste e do ocidente, movimentos independentistas
sobretudo na África pós-colonial, convulsões (de direita ou de esquerda) na
América Latina, lutas pelos direitos dos negros na América (com o assassinato
de Luther King em abril de 68), atentados e grupos terroristas na Europa e fora
dela… à mistura com algum crescimento da economia e um certo bem-estar social
que despontava com os primeiros passos daquilo que haveria de ser a União
Europeia…
Não
podemos esquecer que a expressão – ‘é proibido proibir’ – foi cunhada pelo
primeiro-ministro do tempo até para justificar a reversão de medidas que tinham
sido decretadas e reabrir a universidade…
Neste
contexto social e histórico vemos e vivemos sinais de mudança até mesmo na Igreja
católica, que estava a viver o rescaldo do Concílio Vaticano II com todas as
consequências que advirão da reflexão feita por bispos, teólogos e outros
intervenientes na vida mais eclesiástica do que pública.
= E
agora, meio século depois da revolução de ‘maio de 68’, que ficou daqueles que
foram paladinos duma certa liberdade, por vezes, tornada libertinagem? Os
filhos deles, que nada fizeram – mesmo no Portugal anterior à revolução de 74 –
para não terem guerra, não andarão a entreterem-se com minudências e tricas de
Alecrim e manjerona? Os descendentes dos assaltantes a navios são agora os
fazedores duma certa justiça na legislação habitacional? Há genes que não
enganam nem tendências que não são recauchutáveis!
Agora
vivemos na era do ‘faço o que me apetece’ e quando me apetecer. Os ideais têm
vindo a nivelar-se mais pelos pés do que pela cabeça, seja na estatura, seja na
inteligência…Quem quer aprender?
Proibir
já não resulta, mas deixar correr sem nada dizer, será ainda pior. Quem ousa
pensar…no facebook?
António Sílvio Couto
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