O tema
do 52.º dia mundial das comunicações é: ‘A verdade vos tornará livres (Jo 8,2).
Notícias falas e jornalismo de paz.
Este
tema tem algo de atual e deve merecer a nossa atenção – particularmente no
rescaldo das eleições autárquicas – e exige-nos um esclarecimento muito preciso
e precioso.
Desde
logo o que são as ‘falsas notícias’ (‘fake news’) e como as poderemos detetar
na conjuntura noticiosa em que nos encontramos? A quem interessa difundir as ‘falsas
notícias’? Os difusores de ‘fake news’ poderão ser chamados à responsabilidade
ou bastará a denúncia pela deteção dos factos? Por onde mais circulam as ‘fake
news’? Poderemos – mesmo sem disso termos total consciência – ser difusores de
‘falsas notícias’?
Desde
logo as ‘fake news’ situam-se, culturalmente, no âmbito social do boato, esse
veículo de conversa com que tanta gente – mesmo nas nossas localidades mais
simples e ruralistas – falava da vida alheia, bisbilhotando questões e
situações, difundindo defeitos e misturando conjeturas, reportando-se a
problemas dos outros e divulgando mais o que é negativo do que o que é correto
e verdadeiro.
Numa
abordagem de descrição de ‘fake news’ conseguimos encontrar esta espécie de
‘definição’: o termo [notícias falsas] diz respeito a sites e blogs que
publicam intencionalmente notícias falsas, imprecisas ou simplesmente
manipuladas, com a intenção de ajudar ou combater algum alvo, normalmente
político. Eles também copiam notícias verdadeiras de outros veículos, mas mudam
as manchetes, alterando o sentido ou colocando algo sensacionalista para atrair
leitores…
= Ao
apresentar o tema do próximo dia mundial das comunicações sociais, a secretaria
para a comunicação do Vaticano justificou a escolha do tema com as seguintes
palavras: ‘num contexto em que as empresas de referência da social web e o
mundo das instituições e da política começaram a enfrentar este fenómeno,
também a Igreja quer oferecer um contributo, propondo uma reflexão sobre as
causas, as lógicas e as consequências da desinformação nos media’.
Quando
vivemos mais numa cultura da opinião e menos da notícia. Quando fazemos valer
mais o poder dos gabinetes de comunicação das autarquias e menos o processo da
feitura das notícias pelos órgãos de comunicação…’independentes’. Quando vemos
crescer uma busca do sensacional e menos da objetividade. Quando vemos avançar
o culto da personalidade e menos a difusão do conteúdo programático. Quando se
nota que há agentes – políticos e económicos, sociais e ideológicos – que
manipulam quem difunde as imagens, as declarações e os projetos… Não estaremos
a cultivar mais as ‘falas notícias’ e menos uma comunicação social ao serviço
da verdade e da paz?
=
Torna-se urgente detetar e denunciar o modo como vêm a ser servidos certos
conteúdos noticiosos. Há quem se venha a afirmar pelas boas notícias, que, no
fundo mais profundo, não passam de ‘falsas notícias’. Como o processo está nas
mãos de quem vende tais ilusões, as ‘falsas notícias’ são servidas com
habilidade esperta e sorvidas com avidez suficiente de quem, sendo envenenado a
conta-gotas, não se adverte ainda dos perigos e falácias. Com os anos de
democracia – se tal for real e não-virtual – que achamos que temos, seria já
advertido que idênticas condições deram consequências muito nefastas para todos
e não só para os proponentes e executores… Todos pagamos – e pagaremos – a
fatura!
Há uns
tantos que já provaram, nos resultados das autárquicas, do veneno que têm vindo
a semear: da tentativa de vitória conseguiram amealhar derrotas muito amargas.
Os parceiros da geringonça vão sendo tragados pela sofreguidão vencedora. Os
palpites deixados noutras circunstâncias deviam ser lidos e refletidos com
muita atenção e quase como estertor de sobrevivência…
Agora
que podemos questionar as ‘falsas notícias’ haverá ousadia para afrontar quem
se acha dono disto tudo? Atendendo à morbidez dos factos recentes temos muito a
recear pelo nosso futuro coletivo… Aos fazedores vendidos e vendedores de
tantas notícias falsas precisamos de lembrar o velho refrão: Roma não paga a
traidores… Por isso, acordem e não se deixem manipular como tem estado a
acontecer!
António Sílvio
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