Numa
atitude que vem sendo recorrente, vemos surgirem, mais uma vez, na discussão
política temas fraturantes, eivados de inovação, mas que não passam de manobras
de diversão, quais tropelias infantis dos perdedores das últimas eleições
autárquicas…
As
ideologias mais esquerdistas do nosso espetro eleitoral ainda não engoliram a
perda de lugares ou a não-eleição a que tanto aspiravam, por isso, agora trazem
para a liça temas que nitidamente dividem e manifestações que azedam... Não
conseguiram conquistar câmaras municipais, juntas de freguesia ou vereadores…Também
não perceberam que a sua expressão votada ficou muito aquém do que julgavam
valer… E, agora, tentam ganhar na rua e na contestação – nem que seja pela
destabilização social e moral – o que não valem pelos votos. Se são tão
democratas – como se dizem – aceitem as lições que o povo lhes deu.
= Sobre
uma das matérias trazidas à discussão por algumas fações da (dita) esquerda –
agora mais acirrada pela desventura eleitoral recente – é a da mudança de sexo…
de menores de idade mesmo contra a opinião dos pais. ‘O conselho permanente [da
Conferência episcopal portuguesa] mostrou preocupação em relação à proposta
legislativa sobre mudança de sexo a partir dos 16 anos, sem autorização dos
pais’.
Os
bispos portugueses lamentam o ‘modo como se está a tratar assunto tão
importante sem debate sério na sociedade’. Com efeito, o tema foi levado ao
parlamento em setembro passado, mas desceu a uma comissão sem votação… e,
sabe-se lá quando, voltará a emergir do crematório populista.
Já em
novembro de 2013, a Conferência episcopal portuguesa fez publicar uma carta
pastoral, intitulada: ‘A propósito da ideologia do género’, onde são
apresentados os principais aspetos cristãos sobre a matéria.
Diz-se
na abertura desse documento:
«Difunde-se cada vez mais a chamada ideologia
do género ou gender. Porém, nem
todas as pessoas disso se apercebem e muitos desconhecem o seu alcance social e
cultural, que já foi qualificado como verdadeira revolução antropológica. Não
se trata apenas de uma simples moda intelectual. Diz respeito antes a um
movimento cultural com reflexos na compreensão da família, na esfera política e
legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.
Mas a ideologia do género
contrasta frontalmente com o acervo civilizacional já adquirido. Como tal,
opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da sexualidade
humanas. Com o intuito de esclarecer as diferenças entre estas duas visões
surge este documento. Move-nos o desejo de apresentar a visão mais sólida e
mais fundante da pessoa, milenarmente descoberta, valorizada e seguida, e para
a qual o humanismo cristão muito contribuiu. Acreditamos que este mesmo
humanismo, atualmente, é chamado a dar contributo válido na redescoberta da
profundidade e beleza de uma sexualidade humana corretamente entendida.
Trata-se da defesa de um
modelo de sexualidade e de família que a sabedoria e a história, não obstante
as mutações culturais, nos diferentes contextos sociais e geográficos,
consideram apto para exprimir a natureza humana».
= Deixo
breves questões sobre o assunto, que devem fazer-nos refletir não só sobre a
matéria, mas também sobre a sua (in)oportunidade:
* Será
preciso colocar neste folclore noticioso algo que, sendo sério, merece respeito
e serenidade?
* Será mesmo
sério querer confundir tendências com orientações ou ainda fazer crer que tudo
tem o mesmo valor e igual sensatez?
* Porque
desejam fazer descer a idade de tomada de posição sobre matéria tão importante
e fulcral que não meramente de moda ideológica transversal ou de flutuação
cultural hedonista?
* Não
revelará a discussão sobre este assunto da ‘ideologia de género’ uma vacuidade
mental e até uma falsidade cultural, mesmo que haja intelectuais (não-independentes)
envolvidos?
* Diante
deste, como de outros assuntos, não se tratará mais duma falácia civilizacional
e dum vazio que se entretém com coisas que revelam que estamos no fim da linha
dum tempo e duma visão da pessoa humana?
António Sílvio Couto
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