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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Tropelias dos perdedores…


Numa atitude que vem sendo recorrente, vemos surgirem, mais uma vez, na discussão política temas fraturantes, eivados de inovação, mas que não passam de manobras de diversão, quais tropelias infantis dos perdedores das últimas eleições autárquicas…

As ideologias mais esquerdistas do nosso espetro eleitoral ainda não engoliram a perda de lugares ou a não-eleição a que tanto aspiravam, por isso, agora trazem para a liça temas que nitidamente dividem e manifestações que azedam... Não conseguiram conquistar câmaras municipais, juntas de freguesia ou vereadores…Também não perceberam que a sua expressão votada ficou muito aquém do que julgavam valer… E, agora, tentam ganhar na rua e na contestação – nem que seja pela destabilização social e moral – o que não valem pelos votos. Se são tão democratas – como se dizem – aceitem as lições que o povo lhes deu. 

= Sobre uma das matérias trazidas à discussão por algumas fações da (dita) esquerda – agora mais acirrada pela desventura eleitoral recente – é a da mudança de sexo… de menores de idade mesmo contra a opinião dos pais. ‘O conselho permanente [da Conferência episcopal portuguesa] mostrou preocupação em relação à proposta legislativa sobre mudança de sexo a partir dos 16 anos, sem autorização dos pais’.

Os bispos portugueses lamentam o ‘modo como se está a tratar assunto tão importante sem debate sério na sociedade’. Com efeito, o tema foi levado ao parlamento em setembro passado, mas desceu a uma comissão sem votação… e, sabe-se lá quando, voltará a emergir do crematório populista.

Já em novembro de 2013, a Conferência episcopal portuguesa fez publicar uma carta pastoral, intitulada: ‘A propósito da ideologia do género’, onde são apresentados os principais aspetos cristãos sobre a matéria.

Diz-se na abertura desse documento:

«Difunde-se cada vez mais a chamada ideologia do género ou gender. Porém, nem todas as pessoas disso se apercebem e muitos desconhecem o seu alcance social e cultural, que já foi qualificado como verdadeira revolução antropológica. Não se trata apenas de uma simples moda intelectual. Diz respeito antes a um movimento cultural com reflexos na compreensão da família, na esfera política e legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.

Mas a ideologia do género contrasta frontalmente com o acervo civilizacional já adquirido. Como tal, opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da sexualidade humanas. Com o intuito de esclarecer as diferenças entre estas duas visões surge este documento. Move-nos o desejo de apresentar a visão mais sólida e mais fundante da pessoa, milenarmente descoberta, valorizada e seguida, e para a qual o humanismo cristão muito contribuiu. Acreditamos que este mesmo humanismo, atualmente, é chamado a dar contributo válido na redescoberta da profundidade e beleza de uma sexualidade humana corretamente entendida.

Trata-se da defesa de um modelo de sexualidade e de família que a sabedoria e a história, não obstante as mutações culturais, nos diferentes contextos sociais e geográficos, consideram apto para exprimir a natureza humana». 

= Deixo breves questões sobre o assunto, que devem fazer-nos refletir não só sobre a matéria, mas também sobre a sua (in)oportunidade:

* Será preciso colocar neste folclore noticioso algo que, sendo sério, merece respeito e serenidade?

* Será mesmo sério querer confundir tendências com orientações ou ainda fazer crer que tudo tem o mesmo valor e igual sensatez?  

* Porque desejam fazer descer a idade de tomada de posição sobre matéria tão importante e fulcral que não meramente de moda ideológica transversal ou de flutuação cultural hedonista?

* Não revelará a discussão sobre este assunto da ‘ideologia de género’ uma vacuidade mental e até uma falsidade cultural, mesmo que haja intelectuais (não-independentes) envolvidos?

* Diante deste, como de outros assuntos, não se tratará mais duma falácia civilizacional e dum vazio que se entretém com coisas que revelam que estamos no fim da linha dum tempo e duma visão da pessoa humana?     

 

António Sílvio Couto



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