Numa
apropriação indevida dum adágio popular – ‘no poupar é que está o ganho’ –
temos vindo a assistir à difusão e incremento dum outro aforisma: no taxar está
o ganho… Sendo dado a entender uma espécie de combate estatizante de tudo
quanto possa ser iniciativa privada ou que inclua aforramento económico-financeiro
de pessoas e famílias… portuguesas.
De
facto, é clamorosa a feroz impetuosidade com que temos vindo a ver crescer uma
radicalização – não se sabe muito bem por quem é idealizada, se dos radicais de
esquerda, se dos socialistas mais extremistas – a tudo o que possa cheirar a
dinheiro poupado ou acumulado, pois parece que isso se tornou quase um crime à
luz da mentalidade de certas forças político-partidárias de índole marxista,
trotskista ou (quase) anarquista. Tais mentores como que se pretendem
zeladores/as da moralidade e/ou fautores do combate ‘à fraude e evasão fiscal’,
colocando – acintosa e ridiculamente – no mesmo patamar poupança e roubo,
dinheiro acumulado e fuga aos impostos, pessoas honestas e pantomineiros,
promotores de emprego e habilidosos para captarem subsídios e falcatruas…e a
lista poderá continuar…
= Temos
visto, por estes dias como não era costume, ser citado o episódio do
capitão-político, que no auge da revolução abrilina, terá dito, numa deslocação
à Suécia, que, por aqui estávamos a tentar acabar com os ricos ao que eles,
responderam, que, por lá, a intenção era acabar, antes, com os pobres!
As
fúrias anti-riqueza, nos tempos mais recentes, mais parecem saídas dessas
catacumbas da ideologia trotskista de antanho e não das posições sérias sobre
as questões sociais e económicas… em contexto europeu mais ou menos civilizado.
As ditas difusoras de tais posições parece que estão a rever a matéria na cartilha
dos progenitores como assaltantes de bancos e de fabricantes de artefactos
terroristas. Agora usam a verborreia para iludirem as culpas daqueles que antes
nos sobressaltaram com atentados e tropelias de adolescência. Nota-se que não
cresceram na evolução histórica e cultural. Assim como querem ser levados a
sério? Retirada a cortina de certa comunicação social serão julgados/as nos
próximos atos eleitorais.
=
Acrescentemos a estes fait-divers umas tantas intervenções ‘intelectuais’ de
ressabiados contra tudo o que possa soar a religioso e a cristão-católico em
particular. Alguns evocam – citando com aspas, mas apresentando-se, eles
mesmos, como meras vespas – a laicidade do Estado, como se esta fosse a
condição de ter de ser anódina toda e qualquer intervenção que não lhes agrade…
Com efeito, têm olhos tão vesgos e os juízos tão encriptados que será muito
difícil descobrir sobre o que discordam ou aquilo que defendem… tal é a
confusão mental e a leitura preconceituosa com que leem os atos alheios, mas não
atendem à lacuna que está tão visível nos próprios.
Em
certos casos como que poderíamos considerar que, se a patetice pagasse
impostos, a dívida nacional estava já paga há muito tempo e com juros muito
baixos, tanto lá fora como cá dentro!
= Vai
sendo cada vez mais preocupante a cultura de consumo com que vão enganando
muitos do nosso povo. Em vez de criar riqueza e de a distribuir por todos,
vemos ser implantado o regime de ganhar mais para gastar mais. Não se pode
pensar em poupar, pois isso até pode ser taxado. Lança-se dinheiro sobre as
massas e estas hão de fazer gerar consumo… nem que mais não seja de forma
artificial. Sobem os ordenados – e nem se pensa na sustentabilidade das
entidades empregadoras – e com isso, pensa-se, que pode haver mais poder de
compra… o que é puro engano! Uma coisa é aumentar os ordenados nas empresas do
setor primário e secundário, algo bem diferente é esse aumento vir a acontecer
no setor do trabalho social, que vive das comparticipações estatais e nem
sempre gera riqueza própria e muito menos acumulada. Aqui uns mísero dez euros
tornam-se milhares em salários e que não são recuperáveis a curto e médio prazo…
Já
sabemos que os taxadores sobre a poupança acumulada estarão de dente bem afiado
para combaterem muitas das instituições particulares de solidariedade social.
Podem ganhar várias batalhas, mas terão de se preparar para muitas outras
guerras, pois a luta pelos direitos dos mais desfavorecidos é feita por esses
que eles combatem… E, como sói dizer-se: Roma não paga a traidores… e tão pouco
a oportunistas!
António
Sílvio Couto
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