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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

No taxar estará o ganho?


Numa apropriação indevida dum adágio popular – ‘no poupar é que está o ganho’ – temos vindo a assistir à difusão e incremento dum outro aforisma: no taxar está o ganho… Sendo dado a entender uma espécie de combate estatizante de tudo quanto possa ser iniciativa privada ou que inclua aforramento económico-financeiro de pessoas e famílias… portuguesas.

De facto, é clamorosa a feroz impetuosidade com que temos vindo a ver crescer uma radicalização – não se sabe muito bem por quem é idealizada, se dos radicais de esquerda, se dos socialistas mais extremistas – a tudo o que possa cheirar a dinheiro poupado ou acumulado, pois parece que isso se tornou quase um crime à luz da mentalidade de certas forças político-partidárias de índole marxista, trotskista ou (quase) anarquista. Tais mentores como que se pretendem zeladores/as da moralidade e/ou fautores do combate ‘à fraude e evasão fiscal’, colocando – acintosa e ridiculamente – no mesmo patamar poupança e roubo, dinheiro acumulado e fuga aos impostos, pessoas honestas e pantomineiros, promotores de emprego e habilidosos para captarem subsídios e falcatruas…e a lista poderá continuar… 

= Temos visto, por estes dias como não era costume, ser citado o episódio do capitão-político, que no auge da revolução abrilina, terá dito, numa deslocação à Suécia, que, por aqui estávamos a tentar acabar com os ricos ao que eles, responderam, que, por lá, a intenção era acabar, antes, com os pobres!

As fúrias anti-riqueza, nos tempos mais recentes, mais parecem saídas dessas catacumbas da ideologia trotskista de antanho e não das posições sérias sobre as questões sociais e económicas… em contexto europeu mais ou menos civilizado. As ditas difusoras de tais posições parece que estão a rever a matéria na cartilha dos progenitores como assaltantes de bancos e de fabricantes de artefactos terroristas. Agora usam a verborreia para iludirem as culpas daqueles que antes nos sobressaltaram com atentados e tropelias de adolescência. Nota-se que não cresceram na evolução histórica e cultural. Assim como querem ser levados a sério? Retirada a cortina de certa comunicação social serão julgados/as nos próximos atos eleitorais.  

= Acrescentemos a estes fait-divers umas tantas intervenções ‘intelectuais’ de ressabiados contra tudo o que possa soar a religioso e a cristão-católico em particular. Alguns evocam – citando com aspas, mas apresentando-se, eles mesmos, como meras vespas – a laicidade do Estado, como se esta fosse a condição de ter de ser anódina toda e qualquer intervenção que não lhes agrade… Com efeito, têm olhos tão vesgos e os juízos tão encriptados que será muito difícil descobrir sobre o que discordam ou aquilo que defendem… tal é a confusão mental e a leitura preconceituosa com que leem os atos alheios, mas não atendem à lacuna que está tão visível nos próprios.

Em certos casos como que poderíamos considerar que, se a patetice pagasse impostos, a dívida nacional estava já paga há muito tempo e com juros muito baixos, tanto lá fora como cá dentro!   

= Vai sendo cada vez mais preocupante a cultura de consumo com que vão enganando muitos do nosso povo. Em vez de criar riqueza e de a distribuir por todos, vemos ser implantado o regime de ganhar mais para gastar mais. Não se pode pensar em poupar, pois isso até pode ser taxado. Lança-se dinheiro sobre as massas e estas hão de fazer gerar consumo… nem que mais não seja de forma artificial. Sobem os ordenados – e nem se pensa na sustentabilidade das entidades empregadoras – e com isso, pensa-se, que pode haver mais poder de compra… o que é puro engano! Uma coisa é aumentar os ordenados nas empresas do setor primário e secundário, algo bem diferente é esse aumento vir a acontecer no setor do trabalho social, que vive das comparticipações estatais e nem sempre gera riqueza própria e muito menos acumulada. Aqui uns mísero dez euros tornam-se milhares em salários e que não são recuperáveis a curto e médio prazo…

Já sabemos que os taxadores sobre a poupança acumulada estarão de dente bem afiado para combaterem muitas das instituições particulares de solidariedade social. Podem ganhar várias batalhas, mas terão de se preparar para muitas outras guerras, pois a luta pelos direitos dos mais desfavorecidos é feita por esses que eles combatem… E, como sói dizer-se: Roma não paga a traidores… e tão pouco a oportunistas!        

 

António Sílvio Couto



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