Quem tiver estado (mais ou menos) atento ao
desenrolar da nossa vida política – mas também económica, financeira, social,
etc. – como que poderá ser tentado a caraterizar o ambiente por cá vivido com
um ingrediente culinário bastante popular: o ketchup, esse molho à base de
cogumelo de origem chinesa, que, transferido para os EUA, foi modificado para
conter tomate e é usado, principalmente, para temperar pratos de fast-food…
Ora, atendendo à coloração e ao seu sabor agridoce, ele como que tipifica, por
agora, a esquerda (socialistas, comunistas e trotskistas) portuguesa circulante,
reinando e ruminadora.
Não somos consumidores de tal condimento e, por
isso, também não temos preferência por qualquer marca… nem mesmo pela mais
comum e rendosa, onde pontifica uma gestora/proprietária de origem lusa.
= Atendendo à combinação com que nos últimos meses
temos sido governados, a (nossa) esquerda ketchup tem estado a ultrapassar as
várias dificuldades, tendo em conta as exigências de cada formação partidária e
o espartilho que tem sido imposto pela UE. Até agora o incenso do poder tem
ludibriado uns e outros, dando cobertura a razões razoáveis e alimentando as
tentativas de prolongar no tempo a capacidade de angariar novos adeptos e
talvez alguns votos.
No arrojado cozinhado de interesses temos visto
que questões antes contestadas – como na área da educação/ensino, na política
laboral/sindical, no setor da saúde, nos ordenados ou nos impostos – são
levadas com tal leveza que ninguém se aventura a reclamar ou a publicitar
problemas… se bem que os haja nas escolas, nos hospitais, nas empresas de
transportes… Uma longa e opaca penumbra faz parece que tudo está bem… doseado
com uns golpes de ketchup ou maionese… Não se passa nada!
= Atendendo à opípara refeição de fast-food em que
tornaram o nosso país, sentimos que o sentimento ketchupiano vai fazendo com
que as mentes fiquem narcotizadas com uns míseros trocos e uns tantos engodos
de que somos todos, pessoas que se deixam comprar/vender pela boca e que quem
pensa não faz sucesso. Como é possível ficar cantando e rindo, quando há quem
ganhe eleições – o mais recente dos episódios aconteceu nos Açores – com uma
abstenção de três quartos dos inscritos e que aceite governar com menos de um
quinto dos votos expressos? Este parece ser o infausto presságio para as
próximas eleições autárquicas, onde já há quatro anos houve eleitos que o foram
com o voto de dez por cento dos recenseados. Qual a legitimidade? Ainda querem
ser respeitados? Então, deem-se ao respeito.
O ketchup parece estar à mão para continuar a simular
que a onda vermelha/encarnada percorre o país, mas só acontece pela
desmobilização dessa tal imensa ‘maioria silenciosa’ – doutras opções e fora do
quadro dos que agora reinam – que um dia acordará! Basta de fazer de conta pelo
modo como temos visto!
= Porque temos uma grande estima pelo nosso
país/nação ainda acreditamos que havemos de ser capazes de construir algo que
nos faça passar desse complexo de contínuos pedintes da Europa, pois, se
noutros locais os portugueses são bons e benquistos trabalhadores porque
haveríamos de ser menos eficientes quando temos nas nossas mãos a capacidade de
decidir e de fazer melhor. Com metade do país emigrado quem duvida que seremos
capazes?
Acreditamos que não há de ser uma espécie de
cultura do ketchup da nossa esquerda política que poderá lançar o labéu sobre
todo um país, que tem tanto valor histórico e cultural, mas que não se deixará
submeter aos interesses ideológicos de uns tantos, que noutras paragens já
foram avaliados e vencidos. Deixemo-nos de lutas estéreis e sem nexo, pois não
basta enfeitar o que menos vale e façamos desta crise uma nova alavanca para
vencermos todos unidos e não uns contra os outros. Desse ketchup, não obrigado!
António Sílvio
Couto
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