Por
estes dias esteve cá pela terrinha lusitana uma atriz americana, que se fez
acompanhar com a sua ‘mulher’ – sim foi esse o termo usado – com que alguns
órgãos da comunicação social se referiram à companheira pintora da dita – com
exposição badalada, concorrida e apoiada pela autarquia onde tem estado a ser
exibida – e que terá sido realizadora cinéfila e mediana representadora…
Mas se
as ditas ‘senhoras’ (no feminino ou no masculino) têm igualdade de género,
porque se há de referir a uma delas como se fosse ‘mulher’, podendo inferir que
a outra será como que o ‘homem’? Dá a impressão que a legislação (apropriada ou
não) andou à frente dos conceitos e que as referências sociais ainda não
conseguiram encontrar outra designação que não tenha por modelo a mais clássica
dicotomia masculino/feminino!
Se bem
repararmos poderemos, nessa intencionada difusão da ideologia de género, que
algum dos membros do par – tanto no masculino como no feminino – tenta assumir
o ‘papel’ duma das partes que o outro ‘elemento’ não é nem com o qual se
identifica. Dir-se-á que um faz daquilo que outro/a não quer ou que um outro/a
tenta assumir a complementaridade – forjada ou virtual – da outra parte que se
faz passiva ou menos (claramente) assumida!
= Coisas da natureza ou resquícios
de educação?
Se há
situações que são sérias e de difícil gestão, outras há que quase roçam uma
espécie de folclore mais ou menos mediatizado. Com efeito, há problemas de
pessoas que, por razões endógenas, podem viver problemas de desadequação à sua
personalidade… isso faz sofrer e cria uma certa complexidade para a sua
resolução psicológica. Mas não serão umas tantas ‘paradas… do orgulho’ nem outros
desfiles com bandeiras multicolores que irão solucionar o que há de mais
profundo nos conflitos psicossomáticos e (até) espirituais.
Sem
queremos de forma alguma não levar a sério esta questão, poderemos considerar
que não é gay ou lésbica quem quer, mas quem pode, seja em razão da força
moral, seja pela forma económica que reveste, tácita ou mesmo assumida.
Parece
que, dum modo mais ou menos tolerado, alguns dos sinais de desconformidade com
a linguagem sexual corpórea têm vindo a ser menosprezados, quando se trata de
deixar revelar outras facetas que possam estar menos adequadas com a vertente
inicial da pessoa. Em certos meios isso deixou de constituir motivo de
exclusão… como em tempos não muito recuados ainda se podia verificar. Mas daí a
tudo ser válido e (quase) incentivado terá de ir uma longa caminhada humana e
cultural.
Talvez
valha a pena citar o que sobre esta matéria diz o Catecismo da Igreja Católica
(n.º 2358): «Um número não desprezível de homens e mulheres apresenta
tendências homossexuais profundas. Eles não escolhem a sua condição de
homossexuais; essa condição constitui, para a maior parte deles, uma provação.
Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em
relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Essas pessoas são
chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se cristãos, a unir o
sacrifício da Cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua
condição».
= Questões à procura de resposta
Atendendo
à problemática que envolve este tema da homossexualidade poderemos elencar
algumas questões, sem talvez encontrarmos desde já resposta:
- Como
vive a família este assunto? Será que é de fácil resolução ou terá implicações
no comportamento das várias pessoas?
- Embora
menos contestada socialmente, como podemos ajudar as pessoas sem fazermos disso
uma anormalidade ou um problema não abordado?
- Já
teremos encontrado uma forma humana e cultural que faça da diferença um assunto
de liberdade ou seremos capazes de tratar o assunto com responsabilidade e
respeito?
- No
campo da fé – que é muito mais do que religioso – temos sabido aceitar com
serenidade as opções ou estaremos antes a viver em tolerância descartável e
ainda de suspeita?
António
Sílvio Couto
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