Pelos
dados mais recentes como que poderemos dizer que cada governo tem o ‘seu banco’
para cuidar, pagando ou fazendo pagar as crises que surgem com as mais
diferentes instituições bancárias…BPN, BPP, BES, Banif… e outros, vão emergindo
no panorama da nossa sociedade, deixando a fatura – direta ou indiretamente –
para os contribuintes/cidadãos/eleitores a pesada herança de suportarem os
desmandos e aventuras dos ‘senhores (fictícios) do dinheiro’… e seus sequazes.
- Já não
sabemos se é incompetência ou se é negligência aquilo que se passa nos diversos
bancos, seja qual a economia que servem e/ou os interesses que gerem ou geram…dentro
e fora de portas.
- Já
vimos guerrilhas de famílias fazerem soçobrar projetos ‘bem sucedidos’,
vindo-se a descobrir que haveria mais aparato do que boa gestão… e sucesso.
- Já
ouvimos dizer de um banco que estava bem e se recomendava a aposta nele, mas
passados tempos ser dito o seu contrário, com a agravante de que o desdito foi
feito pela mesma pessoa, pretensamente bem informada…dado o lugar na estrutura
do Estado.
- Já deu
para perceber que, conforme a cor partidária, a ideologia ou até o fator
clubístico, assim são as posições para com algum dos bancos com problemas…dando
quase a entender que os declarantes, antes de tudo, se tem de defender os
(seus) depósitos nas instituições em crise…ou como seus patrocinadores.
- Já deu
para reparar que a maioria dos bancos – sobretudo dos que têm estado em crise –
tem vindo a converter políticos ex-governantes em banqueiros? Isso explicará
alguma coisa ou confundirá ainda mais?
- Já foi
possível, nos tempos mais recentes, começar a compreender que os depositantes –
nalguns casos umas centenas ou uns milhares – localizados, reclamantes e desiludidos…valem
mais do que os milhões de contribuintes, que têm de suportar os desmandos
dalguns (quase) incompetentes na avaliação, na gestão e na decisão contra quem
vive com o fruto do seu trabalho. Afinal, quem defende, efetivamente, os mais
desfavorecidos? Palavras leva-as o vento!
De
facto, a imagem de Centauro – figura mítica grega com cabeça, braços e dorso de
humano e com corpo e pernas de cavalo – que aparece estilizada no símbolo do
mais recente banco em crise, pode e deve levar-nos a refletir sobre as
implicações dos decisores políticos e económicos, a curto e a médio prazos, sem
deixar de esquecer a formulação ideológica que tem estado subjacente aos
tentáculos de tantos problemas…
- ‘Qual
é a pressa?’ – este refrão de há tempos, proferido por um dirigente demitido à
força, como que poderia ser a pergunta sobre a rápida proteção dada pelo atual governo
a este banco intervencionado.
Os cerca
de trezentos euros por português, que, segundo dizem, teremos de pagar para a
solução encontrada, serão cobertos pelos aumentos – de dois euros/mês – nas
reformas e nas pensões?
Estamos
à mercê de uns tantos que se acham senhores da verdade e que decidem sobre as
poupanças e rendimentos dos outros, mesmo que isso lhes custe a sobrevivência
num futuro próximo.
Tudo
poderia ser aceitável, desde que não parece-se que estamos a ser conduzidos por
gente sem escrúpulos e que não olham a meios para atingirem o seu fim: nova
intervenção estrangeira de socorro à economia e às finanças. Por muito que nos
custe, cada dia se vai cavando mais a sepultura coletiva!
O
Centauro governativo vai ganhar…As armas da luta são diferentes e não teremos
hipótese de fugir.
António
Sílvio Couto
(antonioscoutosilva@gmail.com)
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