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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A que se devem tantos benefícios, agora?


Na minha ignorância e dúvida, sinto-me chamado a perguntar/questionar: as regalias, os benefícios e até as medidas do atual governo, devem-se a quê? Seremos todos tão inconscientes para não desconfiarmos de tantas promessas? Qual a duração de tais promoções: serão de curto prazo ou trazem algo mais durável? Onde foi encontrado o filão do dinheiro agora disponibilizado?

Há algo que me faz desconfiar: os senhores mandantes de agora sabem o que estão a fazer ou será que viram os cofres tão cheios que os querem esvaziar em confetis e flores de papel...o mais rapidamente possível? Não será que certas medidas de esbanjamento mais parecem a gestão da riqueza dalguma tia-rica que deixou uma fortuna inesperada e, como não custou a ganhar, custa muito menos a gastar...sem nexo nem complexo!

Dá a impresão que os sacrifícios dos últimos anos podem (ainda) suportar foguetórios de quem quer conquistar – como noutros tempos – o povo pelo estômago e não pelo trabalho e a razão!

Então, quem estava antes na governança não podia ter dado tais benesses, agora propagandeadas de forma altissonante... em pouco menos de dois meses? Esses outros eram tão incapazes na sua visão partidária que não perceberam que, só quando apresentassem regalias ao povo, é que poderiam vencer eleições...desafogadamente?

Ou será que os aumentos das reformas, a diminuição dos impostos, o acrescento aos direitos dos ‘mais pobres’, uma certa comiseração para com os mais desfavorecidos é coisa de pouca duração...e será possível só até que os lucros possam aguentar?

Se isto acontece no último mês do ano – acometidos àqueles que são responsáveis pelos outros dez/onze meses anteriores – o que será daqui a breves dias, quando – os atuais governantes – tiverem de gerir e de gerar verbas e divisas para alimentarem essas tão populares medidas reais, lógicas e sérias?

É muito fácil distribuir o que não foi trabalhado, pois o suor que gerou tais proventos não saiu da suficiente capacidade de governação, mas talvez da contestação reivindicativa nas ruas e na laboração dos subsídios... Centenas de greves conseguiram atingir as finalidades que podem ser usadas para ganhar protagonismo até fora dos locais de negociação!

Temos pena de ver certas figuras – dentro e fora do Parlamento – que fizeram carreira na ausência ao trabalho serem agora os gestores do esforço de tantos outros que vão sendo manipulados... como se fossem produtores de riqueza, mas que nada fizeram que tal fosse construído!

Sem qualquer capacidade de advinhação podemos perceber que, em menos de um ano, estaremos a pedir ajuda aos credores do passado recente, pois as economias gerais vão ser consumidas pelos ‘ganhos’ dados em retribuição/propaganda aos (pretensos) setores mais desfavorecidos, que irão continuar a pagar a fatura dos desmandos dos atuais gestores. Com efeito, desgraçadamente, o segundo resgate vai ser um garrote mais feroz do que foi o anterior, mas os fautores da sua vinda sentir-se-ão julgados, quando forem vencidos nas eleições...embora devessem ser criminalizados, no futuro como deveriam ter sido no passado.

Talvez a Europa não nos continue a suportar tais e tão repetidos desmandos por muito mais tempo...

Quem não sabe nem é capaz de gerir a sua casa (de família, se ainda a tem), como poderá gerir a casa-comum do país?

Seria muito útil fazer escurtínio à gestão pessoal/familiar de tais governantes para sabermos se podemos confiar-lhes a gestão pública/coletiva!...

Porque queremos o melhor para o nosso país, acreditamos que não basta vender ilusões com regalias imediatas, se viermos a hipotecar o futuro a curto e médio prazo. Mentira, a quanto obrigas!     

 

António Sílvio Couto

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