Na minha ignorância e
dúvida, sinto-me chamado a perguntar/questionar: as regalias, os benefícios e
até as medidas do atual governo, devem-se a quê? Seremos todos tão
inconscientes para não desconfiarmos de tantas promessas? Qual a duração de
tais promoções: serão de curto prazo ou trazem algo mais durável? Onde foi
encontrado o filão do dinheiro agora disponibilizado?
Há algo que me faz
desconfiar: os senhores mandantes de agora sabem o que estão a fazer ou será que
viram os cofres tão cheios que os querem esvaziar em confetis e flores de papel...o
mais rapidamente possível? Não será que certas medidas de esbanjamento mais
parecem a gestão da riqueza dalguma tia-rica que deixou uma fortuna inesperada
e, como não custou a ganhar, custa muito menos a gastar...sem nexo nem
complexo!
Dá a impresão que os
sacrifícios dos últimos anos podem (ainda) suportar foguetórios de quem quer
conquistar – como noutros tempos – o povo pelo estômago e não pelo trabalho e a
razão!
Então, quem estava
antes na governança não podia ter dado tais benesses, agora propagandeadas de
forma altissonante... em pouco menos de dois meses? Esses outros eram tão
incapazes na sua visão partidária que não perceberam que, só quando
apresentassem regalias ao povo, é que poderiam vencer eleições...desafogadamente?
Ou será que os
aumentos das reformas, a diminuição dos impostos, o acrescento aos direitos dos
‘mais pobres’, uma certa comiseração para com os mais desfavorecidos é coisa de
pouca duração...e será possível só até que os lucros possam aguentar?
Se isto acontece no
último mês do ano – acometidos àqueles que são responsáveis pelos outros
dez/onze meses anteriores – o que será daqui a breves dias, quando – os atuais
governantes – tiverem de gerir e de gerar verbas e divisas para alimentarem
essas tão populares medidas reais, lógicas e sérias?
É muito fácil
distribuir o que não foi trabalhado, pois o suor que gerou tais proventos não
saiu da suficiente capacidade de governação, mas talvez da contestação reivindicativa
nas ruas e na laboração dos subsídios... Centenas de greves conseguiram atingir
as finalidades que podem ser usadas para ganhar protagonismo até fora dos
locais de negociação!
Temos pena de ver
certas figuras – dentro e fora do Parlamento – que fizeram carreira na ausência
ao trabalho serem agora os gestores do esforço de tantos outros que vão sendo
manipulados... como se fossem produtores de riqueza, mas que nada fizeram que
tal fosse construído!
Sem qualquer
capacidade de advinhação podemos perceber que, em menos de um ano, estaremos a
pedir ajuda aos credores do passado recente, pois as economias gerais vão ser
consumidas pelos ‘ganhos’ dados em retribuição/propaganda aos (pretensos)
setores mais desfavorecidos, que irão continuar a pagar a fatura dos desmandos
dos atuais gestores. Com efeito, desgraçadamente, o segundo resgate vai ser um
garrote mais feroz do que foi o anterior, mas os fautores da sua vinda
sentir-se-ão julgados, quando forem vencidos nas eleições...embora devessem ser
criminalizados, no futuro como deveriam ter sido no passado.
Talvez a Europa não
nos continue a suportar tais e tão repetidos desmandos por muito mais tempo...
Quem não sabe nem é capaz de gerir a sua casa (de família, se ainda a tem), como poderá gerir a casa-comum do país?
Seria muito útil
fazer escurtínio à gestão pessoal/familiar de tais governantes para sabermos se
podemos confiar-lhes a gestão pública/coletiva!...
Porque queremos o
melhor para o nosso país, acreditamos que não basta vender ilusões com regalias
imediatas, se viermos a hipotecar o futuro a curto e médio prazo. Mentira, a
quanto obrigas!
António Sílvio Couto
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