A mensagem do Papa Francisco para o 49.º dia mundial da paz (1 de janeiro) intitula-se: ‘Vence a indiferença e conquista a paz’.
Partindo duma análise a várias formas e situações de indiferença, o Papa denuncia, prioritariamente, «a indiferença para com Deus, da qual deriva também a indiferença para com o próximo e a criação. Trata-se de um dos graves efeitos dum falso humanismo e do materialismo prático, combinados com um pensamento relativista e niilista». Por seu turno, nas palavras do Papa, «a indiferença para com o próximo assume diferentes fisionomias»...mesmo contrastando o aumento da informação com a indiferença aos problemas alheios. Noutros casos, «a indiferença manifesta-se como falta de atenção à realidade circundante, especialmente a mais distante».
* Indiferença globalizada: «a nível individual e comunitário, a indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e da apatia, que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social, as quais podem, por sua vez, levar a conflitos ou de qualquer modo gerar um clima de descontentamento que ameaça desembocar, mais cedo ou mais tarde, em violências e insegurança».
O Papa retoma a sua denúncia de tantos interesses instalados e promovidos, onde os mais desfavorecidos continuam a serem vítimas de políticas económicas deploráveis porque não respeitando a dignidade da pessoa...mas sem nunca esquecer as malfeitorias para com o ambiente de vida (poluição e catástrofes naturais), criando insegurança e novas formas de pobreza.
* Conversão do coração: «na realidade, muitas vezes a indiferença procura pretextos: na observância dos preceitos rituais, na quantidade de coisas que é preciso fazer, nos antagonismos que nos mantêm longe uns dos outros, nos preconceitos de todo o género que impedem de nos fazermos próximo. A misericórdia é o coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas suas criaturas».
Daqui decorre, segundo o Papa Francisco que todos - crentes ou não, mas com maior compromisso e exigência para com aqueles - somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros.
* Cultura de solidariedade e misericórdia: «a solidariedade como virtude moral e comportamento social, fruto da conversão pessoal, requer empenho por parte duma multiplicidade de sujeitos que detêm responsabilidades de carácter educativo e formativo».
Na perspetiva do Papa - como habitualmente na doutrina católica - a família, as escolas, isto é, os educadores e os formadores, bem como os agentes culturais e dos meios de comunicação social têm responsabilidades no campo da educação e da formação, colocando-se todos ao serviço da verdade e não de interesses particulares.
Atendendo ao espírito de ano jubilar, o Papa aponta-nos o caminho: «no espírito do Jubileu da Misericórdia, cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho».
De facto, o combate à indiferença pela misericórdia...começa em casa, já!
A paz
será conquista humana e cultural, quando todos nos tornarmos sensíveis e
sensibilizados uns aos outros…sobretudo os mais frágeis.
Conseguiremos
construir uma sociedade menos indiferente, quando fizermos do nosso
relacionamento um ambiente de harmonia pela paz de direitos e deveres.
António Sílvio Couto
António Sílvio Couto
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