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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Mulheres-comentadeiras de futebol… e não só

 

O tema do futebol – jogado, comentado/falado, comércio ou indústria (?), escrito ou ideologizado – faz gastar horas a fio neste país e no resto do mundo. Há canais televisivos, que mesmo não transmitindo jogos, vão escarafunchando tudo sobre a matéria…numa linguagem, por vezes, a roçar a ofensa senão a malcriadez.
No meio de tanto disto fomos vendo surgirem mulheres no estádio de comentadeiras – não é de comentadoras nem de comentaristas – dado que a função mais parece servir algum subtil interesse do que de pronunciar-se sobre as teias do futebolês… Embora poucas na quantidade como que emergem com uma certa qualidade…

1. É um facto que o futebol praticado no feminino tem vindo a crescer de uma forma expressiva. Quase todos os grandes clubes têm secções de futebol-feminino – nalguns casos com mais sucesso do que o praticado no masculino. Embora com menos agressividade e artimanhas vemos que as praticantes dão ‘show de bola’ e fazem ver a outros que a subtileza da modalidade até ganha nova graciosidade quando feita por elas. Não sabemos se tudo é tão claro como seria desejável – o uso de matérias nemos lícitas poderá trazer à luz do dia outros interesses e convulsões – notando-se que vemos equipas de treinamento no feminino e com resultados consideráveis em relativamente pouco tempo.
O leque de futebol vai desde o de ‘onze’ até ao futsal, sem esquecer os diversos escalões e competições já em curso bem como as instâncias ou campeonatos ao nível nacional e internacional…com seleções, ganhos e custos à mistura com transferências, ordenados e prémios…As vedetas já brilham e os negócios começam a proliferar… Afinal, muitos dos defeitos do futebol no masculino bem depressa chegaram à vertente feminina.

2. Voltemos, então, ao jogo falado e olhemos para a intervenção nas discussões a propósito de jogadas e de fintas, de cartões e de castigos, de erros de arbitragem, de habilidades que se tornam quase artimanhas. As opinantes no feminino dizem e fazem o mesmo que os do masculino, não se percebendo que são olhos diferentes quem vê e/ou opina. Casos houve que, por controvérsias com algum dos participantes em painéis de discussão, tiveram elas de serem substituídas ou relegadas para fora do écran. Algumas não conseguem esquecer a ‘sua’ cor clubística e – à semelhança dos masculinos – distorcem as questões, tornando-se, além de facciosas, pouco capazes de serem vistas com seriedade, até pela falta de serenidade.

3. Felizmente a equiparação entre homens e mulheres – isso é bem diferente da pretensa paridade ou até das famigeradas cotas – vai sendo posta em prática, não só pela pressão feminina, mas pela consciencialização social e cultural de todos. Embora já tenhamos feito uma evolução razoável em certos setores, outros há que resistem a consideração de que homem e mulher são iguais na diferença e diferentes na igualdade. Isso evitaria que uns se queiram fazer passar por outras e elas interpretando o que há (ou pode haver) de mais nefasto neles.
Com a evolução da instrução delas e o abandono da escola por eles, em breve teremos conflitos de papéis senão mesmo de figurações, sobretudo em espaços de poder, seja qual for o campo de atividade ou profissional. Aquilo que, por estes dias, vai sendo promovido pelas quotas para elas, brevemente sê-lo-á para eles. Mal vai uma sociedade – como a nossa ocidental – que se regula pela influência emotiva e não pela racionalidade em ato.

4. Enquanto não nos regermos pela competência, sem rótulos de sexos – o ‘género’ serve bem os intentos da reivindicação e não da cultura de valores – andaremos a perder tempo e a tentar justificar como vivemos e não a viver como pensamos. Por isso, cultivemos aquilo que faz de cada pessoa alguém com direitos e obrigações equilibrados, sérios e sensatos, numa sociedade que não olha à diferença pela exclusão, mas à semelhança pela capacidade do ser…
Se as comentadeiras trouxeram mudança ao futebol, venham mais e competentes noutros campos pelo que fazem, explicando o que dizem!

António Sílvio Couto

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