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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Dinâmica do Espírito na oração do Sínodo

 



Quem não terá, no tempo de verão, reparado nas longas e bem organizadas filas de formigas, ‘trabalhando’ rumo ao seu refúgio no inverno que virá? Quem não terá podido perceber, mesmo com diferentes tipos e configurações, as formigas deixando marca na terra, dado que por ali passaram vezes sem conta e com o seu destino apropriado? Quem não terá visto e reparado em tal ‘fenómeno’ talvez possa ter agora alguma dificuldade em perscrutar os desafios que o tempo de Sínodo nos está a trazer...seja qual for a instância em que cada um de nós se possa encontrar.
Efetivamente, as lições das formigas a ‘trabalhar’ no estio para sobreviverem ao frio, podem ser-nos úteis para penetrarmos no sentido peneumatológico da oração sinodal. Esta, apesar de ser tomada de São Isidoro de Sevilha (560-636) e tradicionalmente utilizada nos concílios e nos sínodos durante séculos, contém desafiados que podem (e devem) ser refletidos com humildade e sinceridade.
Vejamos singelas leituras:

1. Espírito de unidade
‘Eis-nos aqui, diante de Vós, Espírito Santo! Eis-nos aqui, reunidos em vosso nome!’
É o Espírito divino quem nos reúne - volta a unir, sobretudo depois deste tempo de pandemia - e faz participar com os outros neste projeto de todos.

2. Espírito que conduz
‘Só a Vós temos por Guia: vinde a nós, ficai connosco, e dignai-vos habitar em nossos corações.
Ensinai-nos o rumo a seguir e como caminhar juntos até à meta’.
É o Espírito divino quem nos guia, pois em nós habita e Lhe obedecemos e é nosso mestre. pois nos mostra o rumo a seguir num caminhar juntos e em comum.

3. Espírito que converte
‘Nós somos débeis e pecadores: não permitais que sejamos causadores da desordem; que a ignorância não nos desvie do caminho, nem as simpatias humanas ou o preconceito nos tornem parciais’.
É pelo Espírito divino que podemos conhecer e reconhecer os nossos erros e pecados, concretamente da desordem, talvez bem mais percetível do que seria desejável... Ainda mais especificamente solicitamos ao Espírito divino que a ignorância não nos tolde a mente e as simpatias ou o preconceito, isto é, o facciosismo mundano, não nos obnubile o coração.

4. Espírito de caminhada
‘Que sejamos um em Vós, caminhando juntos para a vida eterna, sem jamais nos afastarmos da verdade e da justiça’.
É no Espírito divino que caminhamos, não para uma meta absurda, mas para a vida eterna, se, assim não fosse, andaríamos a ‘difundir’ futilidades e a ensinar balelas sem nexo nem conteúdo...

5. Espírito de oração
‘Nós vo-lo pedimos a Vós, que agis sempre em toda a parte, em comunhão com o Pai e o Filho, pelos séculos dos séculos. Amen’
De facto, na longa tradição da Igreja as nossas orações terminam com marca trinitária, onde o Espírito divino em nós reza e por nós é louvado e glorificado...

Espero e estimo que estas breves incidências possam ajudar a viver, verdadeiramente, ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão - participação - missão’.

António Sílvio Couto

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