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domingo, 18 de julho de 2021

Num sistema (cultural) oscilo-batente


Comecemos pela definição-descrição do termo: ‘oscilo-batente’.

Refere-se a uma técnica, relativamente recente, de fabricação e de colocação de janelas. O mecanismo das janelas basculantes consiste num tipo de abertura eficaz para ventilar e renovar o ar nas salas, devido à sua abertura horizontal de 180.º e abertura vertical de aproximadamente 45.º. Num primeiro momento a janela pode ser aberta, como uma janela dobrável convencional, rodando o puxador e abrindo uma das faixas de forma semelhante à abertura de uma porta, graças às dobradiças na moldura. No entanto, ao contrário das janelas mais habituais, o mecanismo das janelas oscilo-batentes incorpora uma mecânica no seu interior que, facilita que, com apenas virar a manivela para cima, nos permitirá abrir a janela como se esta fosse oscilante, ou seja, com a folha inclinada cerca de 20 graus para o interior.

Feita a descrição vamos tentar encontrar ‘sinais’ dessa cultura oscilo-batente com que nos tentam ‘educar’, isto é, conduzir, influenciar ou mesmo manipular.

 

1. Um concurso do governo apurou, em abril passado, cerca de meia centena de técnicos qualificados – juristas, economistas, gestores, matemáticos, engenheiros, sociólogos e outros especialistas – para um tal serviço designado de ‘centro de competências de planeamento, de políticas e de prospetiva da administração pública’…mas este continua inativo e os selecionados não têm contrato de trabalho, correndo o risco de perderem o lugar conquistado. Para que lado abriu a janela? Não andará alguém a querer mostrar serviço sem arejar a sala do bafio da incompetência? Bastaria um pouco de bom senso – o serviço está na dependência direta do gabinete do chefe do governo – e não andaríamos a enganar-nos de forma tão cúmplice e desconexa… e às escondidas.

 

2. Pequenas-grandes notas fazem brechas no sistema ‘oscilo-batente’ na componente mais social: uma atriz, com quarenta e cinco anos de profissão, diz que só aufere 530 € de reforma. Terá feito os descontos todos, corretos e na hora própria? Não terá acontecido algo idêntico ao de outros campos de atividade: na hora de descontar quiseram colher mais do que aquilo que receberiam na fase final?

 

3. Mais um carro de um membro do governo foi apanhado a circular na fasquia dos 200 kms/hora. Um anterior carro de outro setor semeou a morte, o novo quedou-se pelo registo, sem coimas nem castigo aos infratores. Neste caso a versão oscilo-batente não nos concede o benefício da dúvida para com quem será o culpado, pois pela brecha da notícia manteve-se mais o desagradável do que a atitude responsável de todos os cidadãos, seja qual for a função, condição social ou cor partidária…

 

4. O comandante da task-force para a vacinação anti-covid em curso aparece-nos como um militar trajado de camuflado de serviço, dando a entender que está em missão de combate a toda a hora. Num país onde se veem tantos/as em ‘missão de serviço’, mais simbolizando de conveniência, temos muito a aprender com quem deste modo se perfila numa guerra sem tréguas. Os resultados vão sendo satisfatórios, mas da janela de comando se poderá perceber melhor que esta batalha é de todos com civismo…

 

5. Na Europa notam-se várias tentativas de obrigar todos a gostar – ideológica e socialmente – do mesmo, nem que seja à força e sob pressão de grupos e de setores de lóbi transnacionais. Veja-se a imposição da matéria de homofilia com que temos sido matraqueados, desde a área do desporto até à legislação e à intoxicação na comunicação social. Quem não for adepto, defensor ou militante de tais teorias, logo é rotulado de homofóbico-racista-xenófobo… Repare-se que estes três epítetos surgem na conversa mais barata encadeados e como se fossem elos da mesma cadeia… Retomando a imagem da janela oscilo-batente, abra-se uma brecha, por mais simples que se imagine, e com facilidade veremos que quem discordar – tendo em conta os valores judaico-cristãos essenciais – corre o risco de ser considerado populista, esse no novo rótulo de certas forças neo-marxistas, mescladas de tendências ética amorais e com tradição persecutória…

 

António Sílvio Couto

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