As notícias estão aí. As imagens, mesmo que vistas
de um ângulo que mais interesse, querem mostrar. À boleia das (pretensas)
manifestações antirracismo vemos serem derrubadas estátuas, pichados
monumentos, grafitados espaços públicos e privados…abatendo sinais daquilo que
uns tantos rotulam de neocolonização.
Dando crédito àquilo que tem sido dito, mostrado ou
intentado, há notícias de pasmar: a remoção dos sinais estatuários de
fundadores de cidades (o nome é o desse cidadão); o ataque a figuras de outras
épocas que agora são ‘lidas’ como enquadradas no conceito atual de racismo; mas
de todos o mais eloquente sinal da confusão que estamos a viver é a da remoção
preventiva da estátua do fundador do escutismo – Baden Powell – ‘acusado’ como
possível colaboracionista com o regime nazi…
= A quem interessa este ambiente de efervescência
mal explicada e muito menos compreensível? Como poderemos acreditar em quem
manobra tudo isto, se os mentores e fautores sem escondem por detrás de
máscaras abjetas que os encobrem? Não deveria ser minimamente questionável esta
articulação no vandalismo destruidor? Onde está o filtro dissuasor de propagação
destas notícias incendiárias, por parte da comunicação social? Não será esta,
um dos veículos privilegiados para difundir este clima de ‘quanto-pior-melhor’?
Por onde andam as autoridades neste tempo conturbado: meteram férias ou
hibernaram na sua incompetência assolapada? Os nossos papagaios nacionais de
serviço – no governo, na presidência, na oposição ou na comentarice barata e
encomendada – fecharam a matraca com medo, com conivência ou por estratégia de
colherem os frutos, quando tudo se aquietar? Os responsáveis eclesiais não se
preocupam com aquilo que estamos a viver? Em breve poderemos – todos: chefes e
mandados – ter de responder por cobardia, por fuga ou por negligência…
= Atendendo aos ‘factos’ recentemente vividos, temo
que as figurações coletivas e públicas daquilo que cheire a evangelização – a
difusão da mensagem do evangelho entre os vários povos, culturas, países e
nações – e aos seus autores – representados em estátuas e monumentos: veja-se o
que aconteceu ao Padre António Vieira, no centro de Lisboa – poderão ser
ultrajados, vilipendiados e mesmo questionados pelas mais diversas forças…mesmo
por essas que agora conveniente e ardilosamente se escondem nestes protestos e
incentivam a destruição… Não acredito numa palavra de certos atores
partidários, pois, já noutros momentos, vestiram esta pele de julgadores, de
manipuladores e de andarem armados de camartelo… antirreligioso e, sobretudo,
anticristão.
= Em certos locais de maior tensão, onde as estátuas
e os monumentos – dos apelidados colonialistas e racistas – corriam risco de
serem vandalizados, surgiram equipas de vigilância – em certas notícias houve a
necessidade de lhes colocar o rótulo de serem de extrema-direita – para que não
acontecesse o menos possível de desagradável. Por breves instantes saiu do
confinamento ideológico quem poderá estar na base de tais ‘manifestações
culturais’. Com efeito, não seria necessário exprimir a repulsa se, do outro
lado, não estivessem antagonistas com quem têm mau relacionamento.
= Sem mais delongas gostaria de colocar algumas
questões que me incomodam e fazem pensar no futuro sombrio da nossa cultura. A
quem interessa fazer esta limpeza para reduzir ao sem-memória? Quem se
considera tão impecável, não pretende limpar os engulhos da história, querendo
relê-la com critérios ideológico dos nossos tempos? A limpeza de fotografias de
certos que caíram na desgraça não era o método soviético, onde alguns parece
que foram educados? Porque teriam agora de nos virem impor o sistema ao nível
dos monumentos, das estátuas e dos edifícios?
= O racismo pode inverter-se na injustiça, na
imoralidade e na prática de crimes contra a Humanidade, ontem como hoje. Não
quero contribuir para essa ignomínia, nunca.
Será que os cristãos ainda se unirão em defesa dos
seus santos, mártires e heróis?
António Sílvio Couto
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