Pé-ante-pé vemos sair do armário algo que, depois de
motivo de exclusão, se tem vindo a revelar razão de promoção, desde o nível
individual até ao mais social e mesmo cultural.
Nada nem ninguém acentua algo que possa ser referido
como passível de ser visto, julgado ou interpretado em tempo algum de menos boa
aceitação de alguém que se assuma como homossexual. Nunca o fiz nem espero ter
de sinalizar. Por isso, aquilo que motiva esta sucinta reflexão é, tão
simplesmente, a contestação a um certo ambiente assaz favorecedor dessa cultura
homofílica, que é muito mais do que ser avesso a alguma visão, comportamento ou
vinculação anti-homofóbica.
Deixo duas situações veiculadas pela comunicação
social…antagonicamente interpretadas:
- Uma de quase exaltação de um responsável banqueiro
que referiu ter sido escolhido como chefe máximo europeu por ser gay, dizendo:
’se não fosse gay provavelmente não seria CEO do banco’. Claro que omito a entidade
bancária envolvida, mas registo a ousadia – será isso ou tem algo de
subterrâneo? – de trazer para a vida pública e empresarial as opções/tendências
mais reservadas e/ou pessoais. Será desta forma acintosa que pretendem fazer
ambiente para vulgarizar tudo e o que mais desejam impor? Este folclore poderá
servir para épocas de crise – como aquela que estamos a viver – mas será
revertida em tempos bem mais racionais!
- Um outro caso de sinalização contrária percorre as
reações a um programa televisivo – continuam a insistir no formato com duas
décadas – onde um concorrente ousou declarar que preferia ‘ser mulherengo do
que ser gay’…naquilo que interpretaram – no programa e fora dele, mesmo na
estação televisiva – ser uma declaração machista e homofóbica… Já está: começou
o espetáculo na tentativa de angariar audiências para um programa de tão baixo
teor mental, social e de rasca conteúdo cultural. É, assim, que querem que o
povo se esqueça das agruras do confinamento pandémico? Usem outros truques e melhores
habilidades!
= Depois de termos vividos tempos de alguma
intolerância para com quem manifestava opções/tendências/vivências fora do
comum tolerado, moral, social ou culturalmente, eis que parece ter chegado um
outro tempo em que do excluído se quer fazer promovido em exclusividade.
Nalguns casos quase dá a impressão de que é preciso pedir desculpa por não
entrarmos na onda da ‘ideologia de género’ com que alguns setores querem varrer
os que pensam de forma diferente ou não-concordante com essa (nova) maioria.
Mal vai uma sociedade que precisa de desvalorizar –
às vezes reveste até a faceta de perseguir de forma tácita e capciosa – uma
tendência para equilibrar qualquer outra. Nalguns momentos a dimensão
heterossexual está a ser colocada no armário, onde antes estavam os que –
segundo dizem – de lá saíram. Sem prejuízo de outros entendimentos –
científicos, artificiais e muito caros – como se renovará, de forma natural, a
população, se ‘todos’ recorressem à fórmula de vida homossexual? Como seriam
realizados os sonhos de paternidade/maternidade se fôssemos confinados à opção
homossexual nos desejos de ter crianças e a quem se dedicar afetuosamente? Será
que a exaltação do cuidado dos animais funciona como mecanismo de substituição/compensação
desses desejos mais profundos de cada ser humano?
Fique claro: qualquer pessoa bem formada – segundo
os valores humanos de civismo, de critérios morais/éticos cristãos ou de respeito
elementar pelos outros – saberá aceitar cada pessoa como ela é, sem atender
àquilo que divide, antes ao que une. Embora a sexualidade seja um valor
intrínseco a cada ser humano, as opções de a revelar, de a assumir ou mesmo de
a exercitar deverá ser respeitada acima de qualquer diferença ou processo de
educação.
= Há gente que terá de recolher a pedra acusatória
que pretende atirar a outros, quando pode ter nalgum momento, mesmo anedótico,
veiculado intenções, proferido palavras ou tido comportamentos menos
respeitadores da diferença para com os outros. Sim: todos diferentes, todos
diferentes…para sermos, de verdade, todos e mais iguais!
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário