Vimos confirmando a perceção desde a primeira hora:
não, não vai ficar tudo bem! Com efeito, este slogan bem depressa deu para
perceber que era um bluff senão pessoal ao menos social e até cultural.
Reafirmo ainda que foi de mau gosto e de pior
sentido de oportunidade ter associado àquele estribilho o símbolo do
‘arco-íris’, usado como bandeira de interesses (morais, civilizacionais e culturais)
menos claros e de motivações (atingidas só por iniciados nesse exoterismo) que
beneficiam quem sob a sua coloração se esconde, refugia ou atua…
Bastará ver a longa lista de recomendações que os
vários organismos, entidades ou serviços nos apresentam para ‘voltarmos’ ao
novo normal: desde as de higienização até ao convívio social, passando pelas
áreas ligadas à saúde e mesmo à prática religiosa…
= Desde logo poderemos colocar certas questões sobre
esta temática…em contexto de vírus:
- Vamos viver um tempo de adaptação – como já foi
noutras crises mais ou menos recentes – ou isto terá repercussões na mudança de
comportamento, de atitude ou de convivência?
- As aprendizagens não deverão ser mais lentas para
serem mais consistentes e duradouras?
- Como irão ser corrigidos certos exageros, desde o
excesso de cumprimentos sociais – beijocava-se por tudo e por nada! – até a uma
espécie de abuso nas refeições extrafamiliares?
- Não teremos de corrigir alguns dos rituais de
convivialidade por sinais que sejam significativos, tanto no conteúdo como na
forma?
- Mesmo no sentido económico das questões não
teremos de reaprender a enfrentar os problemas – de trabalho, de família, de sindicalismo
ou de compromisso politico – com mais inteligência e não de andarmos a adiar
com paliativos de circunstância as soluções que tardam em acontecer?
- Não será chegada a hora de querermos mudar de
sistema e não de iludirmo-nos em modificar o regime?
- Quem estará disponível para dar o contributo em
ensinar a ‘governar a casa’ e não de continuarmos a fornecer coisas, que adiam
a solução dos problemas?
= Mesmo que de forma sucinta vou centrar a atenção
nas orientações emanadas – são 79 e destas 32 referem-se à eucaristia – da
Conferência Episcopal em ordem a voltarmos ao ‘novo normal’ da prática
religiosa…simbolicamente delineada para a celebração do Pentecostes – 30/31 de
maio – onde se inclui também a festa da visitação de Nossa Senhora e data celebrativa
da ‘padroeira’ das Misericórdias. Já lemos a simbologia? Vejamos os vários
itens só no tocante à celebração da eucaristia (incluímos a numeração das
‘nomas’ da CEP de 8 de maio):
a) antes da missa
- As comunidades cristãs deverão organizar equipas de acolhimento e ordem que auxiliem os fiéis no cumprimento das normas de proteção (5);
- É obrigatório o uso de máscara, a qual só deverá ser retirada no momento da receção da Comunhão eucarística (9);
- O acesso dos fiéis às Missas dominicais, às celebrações da Palavra e a outros atos de culto será limitado no número de participantes, de acordo com a dimensão da igreja (10);
- Deve respeitar-se a distância mínima de segurança entre participantes de modo que cada fiel disponha, só para si, de um espaço mínimo de 4m2 (11);
b) durante a missa
- Os fiéis ocupam os lugares previstos, mantendo as distâncias estabelecidas, sob a supervisão das pessoas a quem a comunidade cristã confia esta tarefa (15)
- Os leitores e cantores desinfetarão as mãos antes e depois de tocarem no ambão ou nos livros (18);
- Os recipientes para recolher a coleta não se passarão no momento do ofertório, mas serão apresentados à saída da igreja pela equipa de ordem e acolhimento, seguindo os critérios de segurança apontados (19);
- O sacerdote desinfetará as mãos antes da apresentação dos dons (21);
- O diálogo individual da Comunhão («Corpo de Cristo». – «Amen.») pronunciar-se-á de forma coletiva depois da resposta «Senhor, eu não sou digno…», distribuindo-se a Eucaristia em silêncio (25);
- Continua a não se ministrar a comunhão na boca e pelo cálice (27);
c) depois da missa
- Após a Missa, proceda-se ao arejamento da igreja durante pelo menos 30 minutos, e os pontos de contacto (vasos sagrados, livros litúrgicos, objetos, bancos, puxadores e maçanetas das portas, instalações sanitárias) devem ser cuidadosamente desinfetados (32).
- As comunidades cristãs deverão organizar equipas de acolhimento e ordem que auxiliem os fiéis no cumprimento das normas de proteção (5);
- É obrigatório o uso de máscara, a qual só deverá ser retirada no momento da receção da Comunhão eucarística (9);
- O acesso dos fiéis às Missas dominicais, às celebrações da Palavra e a outros atos de culto será limitado no número de participantes, de acordo com a dimensão da igreja (10);
- Deve respeitar-se a distância mínima de segurança entre participantes de modo que cada fiel disponha, só para si, de um espaço mínimo de 4m2 (11);
b) durante a missa
- Os fiéis ocupam os lugares previstos, mantendo as distâncias estabelecidas, sob a supervisão das pessoas a quem a comunidade cristã confia esta tarefa (15)
- Os leitores e cantores desinfetarão as mãos antes e depois de tocarem no ambão ou nos livros (18);
- Os recipientes para recolher a coleta não se passarão no momento do ofertório, mas serão apresentados à saída da igreja pela equipa de ordem e acolhimento, seguindo os critérios de segurança apontados (19);
- O sacerdote desinfetará as mãos antes da apresentação dos dons (21);
- O diálogo individual da Comunhão («Corpo de Cristo». – «Amen.») pronunciar-se-á de forma coletiva depois da resposta «Senhor, eu não sou digno…», distribuindo-se a Eucaristia em silêncio (25);
- Continua a não se ministrar a comunhão na boca e pelo cálice (27);
c) depois da missa
- Após a Missa, proceda-se ao arejamento da igreja durante pelo menos 30 minutos, e os pontos de contacto (vasos sagrados, livros litúrgicos, objetos, bancos, puxadores e maçanetas das portas, instalações sanitárias) devem ser cuidadosamente desinfetados (32).
= Eis algumas questões teológico-pastorais, umas que
deveriam ser incrementadas com mais regularidade depois desta circunstância
social e outras que não podem subverter a dimensão católica por ocasião destas
‘normas’ higienistas.
* O serviço de acolhimento/ordem deveria ser um
investimento em todas as paróquias e não só por mero controlo sanitário. Talvez
seja bom não confundir higiene com limpeza, pois a partir desta se poderá ver o
estado da cada paróquia…na igreja.
* Não se deverá misturar a desinfeção das mãos do
padre com o rito de ablução após a apresentação dos dons… Repare-se na oração
que ele diz em silêncio: ‘lavai-me,
Senhor, da minha iniquidade e purificai-me do meu pecado’… É algo de
espiritual e não de limpeza meramente corporal.
* O recipiente para recolha da coleta/ofertas
deveria ser colocado no princípio da missa, à entrada do espaço celebrativo e
não no final, pois neste momento parecerá mais ‘pagamento’ do serviço recebido,
enquanto se for colocado no início e levado ao altar na hora do ofertório
poderá ter outro significado e envolvência de toda a assembleia…e da semana
vivida.
* A resposta, no momento da receção da comunhão
eucarística, poderá continuar a ser o ‘Ámen’ habitual pessoal e não o genérico,
como é apresentado na norma 25… Um gesto de adoração também pode conter essa
resposta pessoal.
Estamos a aprender. Seria bom que ficasse algo de
novo de toda esta crise: maior fé e vivência comunitária.
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário