A primeira vez que li esta expressão tive
curiosidade de ver o que é e a quem se refere.
Vi como título: a geração floco de neve – pessoas
sensíveis que se ofendem por tudo!
Ao nível etário-histórico são aqueles que atingiram
a idade adulta no início dos anos de 2010. Se atendermos a que ‘idade adulta’
poderá andar em volta dos 25 anos, teremos de situar os da ‘geração floco de
neve’ como nascidos cerca de 1985… Se for a ‘idade adulta’ pelos 30 anos
teremos de avançar até 1990!
Ora, atendendo a uma série de reações de tantas
pessoas situadas nessa faixa temporal – 1985-1990 – como que poderemos (e
deveremos) fazer uma análise desta ‘geração floco de neve’ naquilo que tem de
incisivo no tecido social e cultural dos nossos dias, tanto naquilo que se vê e
percebe, como nas questões nem sempre logo percetíveis e tão claras…
Segundo alguns entendidos na matéria a ‘geração
floco de neve’ apresenta três erros educacionais: superproteção, sentido
exagerado do ‘eu’ e insegurança interior e/ou exterior.
Vejamos cada um destes itens, tentando discernir o
que pode haver de erro sobretudo de quem gerou e geriu esta nova expressão de
pessoas.
*
Superproteção – os que vivem agora neste estádio social foram
educados por pais superprotetores, mais dispostos a tirar a dificuldades do que
a ajudar a resolver os problemas dos filhos e educandos. Daí resultou que essas
crianças (ao tempo) não tiveram oportunidade de enfrentar os obstáculos e
conflitos do mundo real e a desenvolverem tolerância para com a frustração pela
resiliência… Uma coisa é proteger, outra é infantilizar quem é educado! Quantos
sinais vamos constatando…
*
Sentido exagerado do ‘eu’ – os educandos desta geração foram crescendo com
a sensação de que eram únicos – muitos deles até ‘filhos únicos’ – e especiais.
Isso seria benéfico senão tornasse esses filhos a viverem num sentido exagerado
de egocentrismo, podendo serem tentados a crer que o sucesso está garantido,
mesmo sem grande esforço, dada a sua condição de muito especiais…Quando isso se
não verificar podem cair nessa outra etapa de vitimização, culpando tudo e
todos, até mesmo quem lhes facultou o que têm…sem grande ou nenhum esforço!
* Insegurança
interior e exterior – uma das caraterísticas aduzidas a esta
‘geração floco de neve’ é de que exigem que sejam criados ‘espaços seguros’,
onde se sintam protegidos e resguardados dos perigos. Embora tenham nascido e
crescido num ambiente social particularmente estável e seguro, tendo em conta
aquilo que viveram seus pais e avós, em vez de se sentirem confiantes,
manifestam muitos temores. Esse medo é, na maior parte das vezes, resultado da
falta de habilidade para enfrentarem as coisas que lhes acontecem no mundo,
podendo entrarem em colapso por não saberem lidar com as contrariedades, pois
outros lhas resolveram em vez deles… Deste modo vão tentando criar uma bolha de
defesa, onde se sintam confortáveis, mesmo que de forma artificial e quase
virtual.
= Apesar de sucinto o diagnóstico desta ‘geração do
floco de neve’, vemos que quem está em causa – de forma real e sem rodeios –
são os adultos que assim foram criando outros sob a capa de um certo
facilitismo, onde os educadores quiseram dar aos vindouros muito daquilo que
desejavam ter recebido na hora da sua infância ou, pior, onde deram aquilo que
ninguém lhes solicitou, menorizando os mais novos, que, hoje, são adultos um
tanto à deriva.
Vivendo na era da comunicação instantânea – onde as
redes sociais como que consubstanciam melhor este frenesi do ‘sempre
contatável’ – os da ‘geração floco de neve’ não toleram as críticas, pois se
consideram sabedores de tudo e do resto. Nalguns casos assumem posturas
agressivas, particularmente, se a sua forma de pensar e de agir for atacada de
modo inteligente. Com facilidade se refugiam em circuitos fechados, mais para
se defenderem do que para se ajudarem a pensar. Dizem que não pensar como eles
envolve risco de conflito…
Quem não viu já esta ‘geração do floco de neve’ na
vida política à portuguesa? Certos grupos e setores parecem crescer à custa de
uma estratégia mais ou menos consentânea com os seus objetivos ideológicos. Não
serão desta idade mesma os que correm sob a bandeira dos trotskistas? Agora se
pode desmontar o aforisma terminado em ‘oco’! Não terão, afinal, as
caraterísticas supra referidas?
António Sílvio Couto
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