Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Sondagens – valor, critérios e resultados...agora como no passado


Agora que caminhamos para as eleições legislativas vão surgindo sondagens…para todos os gostos e sensibilidades, tenham os atingidos a intenção de se deixarem guiar por elas.

Vejamos dados das fichas dos seus autores.

– Uma, feita de 24 de agosto a 5 de setembro, inquiriu 801 entrevistados… Fundada nos trabalhos do ISCTE, mas para o ‘grupo impresa’. Dá forte vitória a quem governa. Serão estes oitocentos significativos e assim tão representativos? Que valem estes e não outros não-inquiridos?  

– Outra (‘eurosondagem’) já auscultou 1.022 entrevistados, entre os dias 7 a 12 de setembro… Sendo novamente favorável às forças de mando. Mas serão pouco mais de mil inquiridos – mesmo que distribuídos mais ou menos por regiões e sexos – os mais credíveis para que outros sigam (ou possam seguir) a tendência (dita) aleatória? Diga-se mais parece alienatória, com origem no termo ‘alienado’ e/ou sem nexo…

– Ainda outra – ‘intercampus’ – com 801 entrevistas telefónicas, recolhidas entre 2 e 11 de setembro, continua a acentuar a vitória de um leque de forças mais ou menos ligado à solução governativa anterior…Será que as oito centenas são uma cifra que dá para aquilatar todos os milhões de votantes? Não será isto mais uma manipulação barata?  

= Ao querer abordar este tema das sondagens quis ler com atenção as fichas técnicas e sobretudo o leque das pretensas pessoas auscultadas. Com efeito, não podemos dizer que os resultados vão num certo sentido, se os dados introduzidos forem viciados ou razoavelmente manipulados. Nesta fase da condução do processo eleitoral as sondagens são o melhor exemplo de ‘falsa notícia’, pois se faz depender um hipotético resultado de uma condução falaciosa dos objetivos.

Cuide-se quem pretenda que possa haver objetividade e independência em quem analisa os dados das sondagens. Nalguns casos é tão evidente o quadro ideológico que nem o mais desatento ficará admirado de que se faça uma leitura favorável a quem manda, não poupando nos adjetivos, esses que sabem que devem reger-se por substantivos…os tais jornalistas – ou serão mais jornaleiros pagos para conduzir e não para informar? – tão useiros e vezeiros noutras ocasiões… Porque será que mais tarde – após os atos eleitorais – aparecem nos gabinetes de imprensa ou nas áreas de comunicação (disfarçados de assessores), quando são atingidos os lugares almejados?    

Com que destreza se têm exaltado qualidades a quem pouco mais fez do que usar os outros para atingir os seus objetivos. Com que habilidade se vendem produtos eleitorais como se fossem doses de saldo, quando se apresenta uma coisa e se rateia outra. Com que subtileza se não deixa perceber as falsidades, embora camufladas por artimanhas de segunda categoria.

Efetivamente os dados apresentados nas fichas das sondagens sofrem da mesma complexidade dos articulados dos ‘seguros e afins’, pois a letras pequeninas dizem, mas não é possível lê-las, tal a fastidiosidade diante das condições e das consequências…Por isso, mais vale atirar para o ar com dados que poucos vão aferir e, assim, se dá a impressão que a vitória está garantida por antecipação.

Este artifício tem resultado nalguns casos e, posteriormente, desmentido pelos votos em tantos outros, criando, deste modo, o suave descrédito de muitas das sondagens…  

= Seja qual for o resultado das eleições do próximo dia 6 de outubro, será um momento a respeitar por quem perder e, sobretudo, por quem ganhar, pois, é na vitória que se vê o estofo de quem se superioriza, na medida em que, em breve, lá para 2021 – por ocasião das eleições autárquicas – estaremos a viver uma crise idêntica à de 2011 e os sorrisos da noite de vitória deste ano converter-se-ão em lágrimas muito duras e amargas… O pântano vai voltar e o atoleiro será mais grave do que as reversões por agora aplaudidas.

As sondagens não ganham eleições – embora as possa condicionar – e o foguetório de hoje pode ser as agruras do amanhã. A verdade nunca nos engana, enquanto a ilusão traz amargos sempre que por ela nos deixamos conduzir…Mais ilusões, não, obrigado! 

  

António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário