A discussão volta a animar a vida política: há quem
privilegie os servidores do ‘estado’, dando-lhes regalias, benesses e prometa
aumentar-lhes os vencimentos e as oportunidades de emprego, postergando quem
não gravite nesse âmbito… isto é, os privados e quem não precisa da proteção da
‘providência’ estatal. Em contraste os milhões de contribuintes esmagados com
impostos não têm oportunidade nem defesa contra quem os explora e os faz ser
peça de engrenagem para enriquecimento do ‘estado’…totalitário.
Desde já uma declaração de princípios: sou pela
iniciativa privada, contribuo para o ‘estado’ naquilo que são os impostos
sociais, dele tenho recebido o mínimo e não acredito na boa conduta ou execução
dos deveres do tal ‘estado’ sem rosto nem bom senso…naquilo que toca à justiça
nem à básica solidariedade!
Recordando: os contribuintes estatais não chegam a
vinte por cento da produção de riqueza…nacional. Muitos deles vivem à sombra
dos benefícios que lhes criaram as tutelas partidárias. Uma boa parte está
dependurada nas benesses encriptadas. Usam e abusam do poder que têm, criando
uma penumbra de suspeita sobre a sua honorabilidade (direta ou camuflada) e,
sobretudo, seguindo uma forma de conduta pouco aceitável: ‘tal dinheirito, tal
trabalhito’! Não acredito, minimamente, nisso a que vão designando, quando
convém, de ‘serviço público’, sobretudo, tendo em conta o serviço de
atendimento ao público, na maior parte das vezes menosprezado e negligentemente
tratado…
Bastaria um pouco de observação e muitos dos
atributos de alguém ser considerado ‘funcionário público’ preencheriam os
requisitos mais elementares de que algo não vai muito bem no reinado deste
setor fundamental da nossa sociedade. Veja-se a apetência para que alguém possa
entrar nesse quadro onde o despedimento está fora de possibilidade, o
vencimento mensal situa-se na barreira do garantido e de que as regalias do
campo da saúde estão suportadas…sem qualquer dúvida.
Com a promessa de que o quadro vai ser alargado, com
a perspetiva de que os que ocupam instâncias superiores vão ser aumentados,
vislumbra-se que, quem tal proclama, sabe as linhas com que se cose e que tem
meios para afiançar tais pretensões. Será que isto basta para atingir a
barreira dos quarenta e tal por cento dos votantes? Irão todos seguir a
tendência de segurar-se primeiro e esperar depois ou será o contrário, não se
deixarão iludir, pois o passado já cumpriu a desilusão?
= Os contribuintes privados e fora dos círculos das
áreas metropolitanas (de Lisboa e do Porto) ainda são, pelo menos, quarenta por
cento dos cidadãos nacionais. Ora, estes são, normalmente, vistos e tratados
como de segunda categoria. Veja-se no processo dos passes-sociais e multimodais
dos transportes, nas regalias quanto à energia elétrica, à procura dos bens e
serviços de comunicação (tanto dos correios, como do setor bancário), às
questões de saúde e de segurança…sem esquecer o que envolve muitos dos
problemas de educação.
De facto, a sanha persecutória a quem não era do
‘estado’ no ensino está a criar vítimas em catadupa: escolas bem conceituadas e
de sucesso fecham só porque os acordos de associação não foram assinados… Com
feito, o ‘estado’ agnóstico tem outros interesses e objetivos, desde logo o de
asfixiar quem faça diferente da tutela ideológica de sabor dialético-marxista
reinante. Certamente alguns rejubilarão com o sucedido, mas os cidadãos ‘privados’
ficam atingidos nos seus direitos, liberdades e garantias… que os proponentes
tanto apregoam, mas não praticam…minimamente.
Por quê este manto de silêncio na comunicação
social? Será resultado da compra dos direitos de indignação ou faz parte do
plano de reduzir tudo ao menor denominador comum da imbecilidade? A quem
interessa narcotizar as fontes de reflexão e de questionamento? A maioria das
escolas tinha tónica cristã/católica…
= Como já exprimi anteriormente: ser de esquerda é
viver à custa do ‘estado’ e ser de direita pode reduzir-se ao privado? Aquele
não se alimenta sugando os impostos deste? Se os privados não pagarem os impostos/contribuições,
o tal ‘estado’ terá fundos para distribuir favores aos seus lacaios?
Afinal, quem defende os privados, se os governantes
se ancoram, sobretudo, nos favorecidos do ‘estado’?
Diz a experiência que, com dez nos privados, se
governa, quem, no ‘estado’, gasta cinquenta. Até quando?
António Sílvio Couto
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