Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



quarta-feira, 1 de maio de 2019

Mãe – dom, tarefa ou mistério?


Quem não se lembra duns versinhos simples que diziam: ‘com três letras apenas se escreve a palavra mãe, mas é o maior nome que o mundo têm’.

Talvez não sejam palavras muito elaboradas e tão assaz poéticas, mas contêm um significado bem mais abrangente daquela que é a mais profunda das realidades deste mundo: mãe.

Ora, sobre este tema poder-se-á escrever muito elogioso e maldizente, à mistura com lições e outros tantos conselhos que já não pegam. Pela nossa parte vamos tentar abordar a questão em três aspetos: mãe como dom (maternidade), mãe como tarefa (muito mais do que doméstica), mas sobretudo mãe como mistério…de Deus para nós, connosco e em nós, no sentido divinizante desta condição que Deus concedeu, por excelência, à mulher.  

* Dom da maternidade

Segundo números mais especulativos do que confirmados haverá, em Portugal, 15% de casais inférteis, tendo em conta, especialmente, a parte feminina. Não entraremos em esmiuçar as causas e tão pouco a sua evolução crescente na população. Ficamo-nos pela perspetiva de que ‘ser mãe’ é um dom que nunca será totalmente compreendido por mais explicações que se pretendam apresentar. Dá a impressão que o nível de uma sociedade se pode medir pela forma como trata a maternidade, criando condições, cuidando da sua vivência e ajudando com meios (psicológicos, económico-financeiros, educacionais-culturais entre outros) a que a ninguém sejam colocados obstáculos à concretização desta faceta da mulher.

Por contrassenso temos visto o recurso ao aborto – sob o eufemismo de ‘interrupção voluntária da gravidez’, pois ao interromper não se retoma mais o que foi cortado! – como método de coação à maternidade da mulher. Isto é, por um lado há quem anseie ter filhos, concretizando o desejo da maternidade e por outro como que se incentiva a que não os tenham como forma de libertação de algo que só à mulher foi dado viver… Por favor escolham: pela vida ou contra ela! Não podemos lançar as pessoas no labirinto do ‘inverno demográfico’ e ter condições de sobrevivência de muitas das estruturas sociais que dependem do rejuvenescimento da população… 

* Ser mãe – tarefa nunca completa

Atendendo à evolução da inserção da mulher no mundo do trabalho, a tarefa em ser mãe foi sendo revista, colocando desafios a que a mãe possa estar mais próxima dos filhos/as, particularmente nos primeiros tempos de vida. 

Embora tenham surgido respostas sociais para a ausência da mãe em casa, esta continua a ser a referência da família naquilo que ao acompanhamento dos filhos tem precedência.

A mãe continua a ser uma sacrificada naquilo que às suas tarefas respeita, acumulando, na maior dos casos, o trabalho em casa com o emprego… De pouco adiantarão certas medidas envergonhadas, se não se tiver em conta o grande ‘trabalho’ – mesmo sem remuneração – que esse de ser mãe a duzentos por cento! 

* O mistério de ser mãe

Não há dúvida que Deus concedeu à mulher algo que só ela pode manifestar de Deus como mãe: a possibilidade de participar nesse mistério e, por conseguinte, de nos mostrar que Deus é pai e mãe de forma grandiosa, sublime e simples. Deste modo tudo quanto se faça – e muito tem sido feito nos tempos mais recentes – para ofender esta vertente da mulher será uma ofensa a Deus, ao seu poder e mesmo à sua manifestação entre os humanos.

Que não tentem matar no coração das mães a dádiva divina de ser mistério de Deus!

Que as mães sejam sempre e só santuários da vida!

Que sejamos dignos das mães que temos e de tantas que sofrem por sê-lo de verdade!

Que tenhamos mães físico/biológicas/psicológicas, mas sobretudo mães espirituais!

Obrigado a todas as mães, mesmo às que já partiram do nosso convívio humano visível!

  

António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário