‘É a iniciativa privada quem cria riqueza em
Portugal. São os empresários privados os fatores de crescimento e de justiça
social. São eles o fator decisivo do progresso do país, é assim e será sempre
assim’.
Esta afirmação foi proferida pelo Presidente da
República por ocasião da condecoração de uma associação empresarial a celebrar
cento e setenta anos de trabalho e dedicação.
Vivendo numa Europa onde se tentam impor os interesses
das várias nações, este rasgo do PR pode deixar amargos de consciência a tantos
dos intervenientes na distribuição dos dividendos, que nem sempre são ou foram
resultado do reconhecimento da iniciativa privada.
= Bastará olhar para o ar sobranceiro e minimamente totalitário
com que certas forças da governança – prestes a expirar, assim o queremos e
desejamos – falam e atuam, amesquinhando tudo o que possa ser resultado da
iniciativa privada. Campos como a saúde, a educação ou mesmo a cultura estão
reféns das tomadas de posição anti-privados. A imposição dos tentáculos
estatais percorrem muitos dos âmbitos de intervenção nas políticas atuais, pois
a sanha persecutória dos trotskistas tem vindo a fazer as suas vítimas, já na
linha do anti-particular da época do período revolucionário de 75.
- Para quando se fará a criminalização das forças
que destruíram os milhares de postos de trabalho em terras conquistadas pelos
símbolos marxistas e seus correligionários?
- Para quando se dará voz aos explorados pelas
forças (ditas) defensoras das ‘classes operárias’, mas que as fizeram
desaparecer sem rasto nem feitio?
- Para quando a libertação da ditadura das
autarquias subjugadas pelas conveniências dos eleitos, mas sem capacidade de
sobreviverem, se a torneira partidária for fechada?
- Quem são esses tais autoapelidados de ‘patriotas’,
que se deixam vender por protagonismos baratos, em saldo e sem nexo, mesmo que
servem mais a ideologia do que os interesses nacionais?
= Pior do que a nacionalização dos ‘meios de
produção’, para usarmos a linguagem de tantos do anti-privado, é a consonância
negativa em torno de questões culturais, onde só vale quem se enquadra na
bitola do regime, ao qual convencionaram chamar de democrático, mas que é mais
autoritário do que qualquer outra ditadura e que faz do menor-denominador-comum
o critério para ser bem ou mal aceite, popular ou rejeitado, de interesse ou
mesmo manipulado… A comunicação social é de entre tantos artífices um dos
melhores veículos para fazer proliferar a mediania, que é uma outra forma de dizer
mediocridade!
Não tivesse proferida em direto a afirmação supracitada
do PR e aquela frase, algo essencial neste tempo de reversões em favor das
nacionalizações, teria ficado esquecida, como pensamento não expresso ou até
como intenção de menor apreço pelo investimento da iniciativa privada…
= Se atendermos aos números podemos ter outra
perspetiva do problema da contraposição entre funcionários públicos e
trabalhadores privados. Têm como emprego nas administrações públicas (central,
regional, local e fundos de segurança): 683.459 pessoas, sendo que dois terços
destes o fazem na administração central e em percentagem da população ativa
ocupam 13,1%... Teremos, então, que 89,9% não é atingida, beneficiada nem
reivindica o que uma imensa minoria aufere…
Pior quem suporta esta clique da nossa população são
os privados com os seus impostos e nem sempre remunerados em razão da riqueza
que criam, geram e fazem crescer. Por isso, ver certas intervenções faz com que
pensemos, se os funcionários estatais são tão bons ‘trabalhadores’, porque
andam ao sabor da corrente que lhes advém de quem faz com que os impostos sejam
a fonte de rendimento de tantos dos beneficiados…
Quem tem esticado a corda para o lado dos
funcionários públicos vai ter de se explicar, muito em breve, sobre a rutura de
meios para que possam ser suportadas tantas benesses a quem não produz em
conformidade com aquilo que recebe. De facto, os baixos salários servem para
manter a penumbra da miséria, mas os que ultrapassam as possibilidades fazem
crer que a crise vai voltar sem dó nem piedade…para todos!
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário