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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Seminários: o que são e qual o sentido atual?



Habitualmente, na Igreja em Portugal, celebra-se entre o segundo e o terceiro domingo de novembro a ‘semana dos seminários’, trazendo à visibilidade de toda a Igreja este setor importante da mesma Igreja: os seminários. Mais do que as casas, pretende-se olhar, ter presente e refletir sobre quem, nesses locais, se prepara – e ajuda a preparar – para poder vir a ser padre.
O tema deste ano é: ‘formar discípulos missionários’.

Ora, há quem considere o seminário como ‘o coração da diocese’. Ora se o coração está doente, o resto do corpo poderá tornar-se enfermo! Qual o antídoto para esta doença?
No seminário – menor, médio ou maior – se formam os padres que servirão o povo de Deus duma determinada diocese. Se bem que, na maioria das dioceses portuguesas, quase não haja o seminário menor, na sua grande parte ainda há o seminário médio (envolvendo alunos até ao ensino universitário) e sobretudo o seminário maior (onde se preparam, pelo menos durante seis anos, os que poderão vir a ser ordenados padres)…
‘Seminário’ é, assim, o lugar onde estudam, rezam, refletem e amadurecem a sua vocação os que sentiram o chamamento de Deus a virem a ser padres… Cada tem a sua história e o seu percurso, que há de ser discernido por superiores bem preparados (ao menos na teoria) para que a Igreja tenha os padres que precisa em cada tempo e em cada diocese…
Olhemos os dados 

Se consultarmos os dados disponíveis poderemos ficar a saber que há cerca de duzentos seminaristas maiores nos seminários em Portugal, na sua maioria em quatro centros: Braga, Porto, Lisboa e Évora aos quais se associam as dioceses com proximidade e afinidade… havendo ainda algumas dioceses que têm seminário próprio, bem como um movimento da Igreja, que tem espalhados seminários em diversas dioceses, tal como as congregações e institutos religiosos.

Se formos um pouco rever os números anteriores podemos registar que, no ano 2000, havia 547 seminaristas; em 2012, 474; em 2015, cifrava-se pelos 551 seminaristas.

Poder-se-ão colocar várias questões quer quanto ao número (quantidade), quer quanto as razões (qualidade) dos nossos seminaristas. Com efeito, embora eles estudem, amadureçam ou sejam educados num determinado seminário – realidade que retrata o meio onde se insere bem como as influências que recebe – será sempre mais preciso preparar pessoas capazes de estarem disponíveis para servir Deus na Igreja onde for mais oportuno, necessário e conveniente. Deste modo temos de estar atentos a uma nova realidade que é a vinda de seminaristas de países (ditos) de missão que agora começam a chegar ao nosso país, atenuando mesmo as carências que em muitas dioceses se verificam. Há dioceses de países lusófonos que têm oferecido seminaristas aos seminários do nosso país, pois lá têm abundância de candidatos e poucos meios para os alimentarem e lhes suportarem os estudos… Algo se está a passar e precisamos de saber ler os sinais destes tempos!

Na minha leitura pessoal da educação ministrada nos seminários, teremos, com alguma urgência, de questionar a supressão – quase na totalidade nas dioceses e congregações religiosas – dos seminários menores. Estes tem um lugar na dinâmica vocacional, negligenciá-los sem mais é para além dum risco algo que se poderá vir a pagar a fatura com fenómenos nem sempre bem enquadrados…na ordem afetiva, eclesial ou mesmo formativa.

O atual processo apresentado pela ‘ratio fundamentalis’ (de 2016) com as várias etapas preconizadas para a formação dos futuros padres – propedêutica, de discipulado, de configuração e de pastoral – deve ser alvo de estudo de toda a Igreja, pois se não formos ao essencial poderemos andar a fazer muitas coisas urgentes, mas não as necessárias… E o futuro situa-se na formação dos seminários!

 

António Sílvio Couto

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