Por esta
época do ano é bom de ver, de reparar e de observar na quantidade de pardais
que esvoaçam perto de nós: uns mais velhos tentam ensinar os mais tenros a
voar; outros mais juvenis iniciam o seu processo de aprendizagem; outros ainda
chilreiam anafados, mas à procura de mais alimento…
Se
consultarmos alguma fonte de informação veremos que há, essencialmente, duas
espécies de pardais: o ‘domesticus’ e o ‘montanus’… ambos de cor acastanhada ou
acinzentada e de pequena estatura, sendo uma espécie gregária e podendo formar
grandes e significativos bandos.
Não é,
no entanto, sobre os pardais-aves que desejamos falar, pois seriam precisas mais
lições de ornitologia e isso levaria algum tempo, embora fosse útil para desenvolver
a nossa cultura opinativa com ciência melhor fundamentada.
Atendendo
a esta analogia fique, desde já claro, que os pardais a que me vou reportar são
mais essa passarada que esvoaça, canta, se aninha ou tenta fazer criação lá para
os lados do parlamento… e que o recente debate (apelidado) de ‘estado da nação’
deixou à vista muito mais do que pardais ou de que meros ninhos de interesses
agora e no futuro próximo…
* Vejamos
algumas das caraterísticas da passarada lá no parlamento: nota-se que há umas visões
mais domésticas e outras mais de espírito montanhês; uns apresentam-se com
tiques de citadinos e outros mais como ruralistas; uns pretensamente mais
instruídos e outros mais na situação naturalista; uns piam e chilreiam notas
duma música já requentada, outros anseiam serem autores de letras mas tropeçam
na sua execução…
* Com
relativa facilidade vamos vendo emergirem candidatos a lugares de altos voos,
mas que por agora só esvoaçam de forma tímida e soletrando cantos aprendidos na
época da dialética, só que entretanto não se conseguiu elaborar uma nova
antítese. É confrangedor ver gente mais nova a guiar-se pelo devocionário
marxista de antanho, criando e recriando conceitos assaz exprimidos sem
qualquer fruto nem sumo… É preocupante ver pessoas alinhadas por conceitos que
já demonstraram que não servem nem valem seja qual for a latitude…vejam-se os
frutos na Venezuela, na Coreia do Norte e em tantos outros regimes de ditadura
de partido único…
* Os
pardais que povoam o parlamento fazem dele uma espécie de para-lamento, tal é o
efeito que provoca em que vê as guerrilhas e artimanhas, quem observe os tiques
gregários que fazem desses pardais aves de arribação, muito pior de que fossem
andorinhas que chegam pela primavera, acasalam, dão fruto e partem… Não é isso
que vemos no parlamento: os pardais não descolam, sobretudo se forem
alimentados nem que seja pelas migalhas das mesas dos ricos…da UE.
* No
espetro politico/partidário representado no parlamento vemos muitos pardais que
deambulam dum lado para o outro e nem sempre é fácil detetar quem são nem a
quem servem. Por vezes são mais fortes os laços extraparlamentares do que os
vínculos entre as bancadas, dizemo-lo dos convénios desportivos e das servidões
maçónicas transpessoais… já para não falar das cadeias da ideologia de
género…Os pardais desses setores gregários criam, por vezes, mais laços do que
os programas pelos quais foram eleitos.
* Agora
que caminhamos apressadamente para ir a votos (dentro e fora das agremiações),
vemos que muitos destes pardais vão saltitando de posto em posto até ao
posicionamento mais favorável e aceitável…Não há como não precisarmos de estar
vigilantes, pois não será conveniente que nos tentem enganar mesmo que à
socapa.
= De
muitos outros pardais poderíamos falar, bastará escolher o campo e aplicar a
grelha de leitura, pois em tantos dos ‘mundos’ – até nos de âmbito religioso e
eclesial – chilreiam pardais à procura de espaço, de lugar de subida e mesmo de
posicionamento nas horas de vitória… Cuidemos do nosso lugar em avaliação
constante e exigente. Não basta olhar para os outros, precisamos de, através
deles, vermos a nossa figura, por vezes também suficientemente, ridícula!
Coerência a quanto obrigas…
António Sílvio Couto
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