Tem sido
notícia nos últimos dias um caso para investigação, envolvendo os responsáveis
da ‘Raríssimas – associação nacional de deficiências mentais e raras’, que tem
um dos edifícios emblemáticos – ‘a casa dos marcos’ – na Moita.
Dado que
estive algumas vezes – em momentos festivos e noutros mais normais – neste
espaço e me foi dado conhecer alguns dos responsáveis, sinto que há algo que
não está bem em tudo quanto foi dito e tornado público. Deixo a mensagem que
enviei à responsável, quando estava mais sob fogo da comunicação social e do
público – «Ao cuidado da sr.a Dr.a Paula Brito e Costa. Saudações.
Independentemente das causas e das consequências do que tem sido noticiado
desejo exprimir a minha solidariedade pessoal pela obra que tem vindo a
conduzir, tendo a Moita como lugar de referência. Espero e estimo que nesta
hora de tribulação possa haver verdade e bom senso. Subscrevo-me
atenciosamente, asc, pároco da Moita».
Nesta
mensagem, enviada na manhã de 11 de dezembro, não quis nem pretendi fazer mais
do que dar uma palavra a uma pessoa quando nem tudo corre bem ou quando, por
vezes, se pode ser alvo daquilo que não foi o melhor… Quando se está por baixo,
os ‘amigos’ rareiam!
= Este
caso fez como que fez emergir, na sociedade portuguesa, várias correntes e
linhas de leitura, de pensamento, de posicionamento e mesmo de capacidade
política… extrapolando duma situação factual para questões similares.
- Quem
trouxe a denúncia à luz do dia (ou da noite) foi uma estação televisiva, através
daquilo que alguns reputam de ‘jornalismo de investigação’. Sim fez o seu
papel, mas não se pode confundir informação com manipulação dos dados e tão
pouco com discursos/reportagens encomendados.
- Houve
quem não falou e devia tê-lo feito, criando com tal atitude um vazio de
suspeita e alvo de suspeição.
- Vimos
aparecerem movimentações nas redes sociais que mais não são do que invetivas de
censura e linchamentos de personalidade. A pretensa ‘petição para a demissão da
responsável da raríssimas’ chegou a atingir em poucas horas mais de quinze mil
peticionários.
- Certos
políticos profissionais denunciaram que deviam ter mais memória e coragem, pois
uns caíram sem honra e outros não apresentaram honradez para saírem pelo seu
próprio pé.
- Em
tudo isto vimos que há, na nossa sociedade, algo que faz com que o dinheiro
mova as pretensões das pessoas, umas de forma honesta e séria, outras vão
enrolando a teia até que se descubra pelas piores razões…
= Mais o
mais grave – digo enquanto colocado, por inerência de funções, também à frente
duma IPSS – é que se nota que estamos perante uma espécie de campanha mais ou
menos bem urdida com outros objetivos nem sempre claros e ainda sob a
efervescência da emotividade. Com efeito, uns tantos mais ortodoxos da teoria
do Estado-patrão foram deixando sair pelas entrelinhas que o setor terciário
pode estar envolvido em conjeturas tecidas à sombra dum estado menos atento e
rigoroso na avaliação das ajudas que dá a milhares de IPSS’s. Uns tantos à
pressa foram consultar dados para terem opinião, mas o que captaram foram
algumas informações nem sempre credíveis e tão pouco atualizadas. Certos
opinadores tentaram meter no mesmo saco – por ignorância ou por nesciência –
algo que não é comparável, lançando com isso um manto de suspeição sobre tudo e
contra todos, isto é, as instituições cumpridoras ou faltosas, bem como sobre
os órgãos de gestão voluntários e os incompetentes…
Tenho
ainda no ouvido a intervenção verrinosa dum elemento do setor mais trotskista,
que apoia o governo em funções, logo no início da presente legislatura, a
invetivar as IPSS’s como uma espécie de antro de lavagem de dinheiro menos
claro na nossa sociedade. Quem assim se dirigiu e classificou milhares de
pessoas que se dedicam aos outros de forma voluntária e solidária, não deixará
escapar esta ou outras situações/casos para fazer alarde social e político,
pois, para muitos destes estatizantes, os particulares – isto é, os que não
comem, por opção, do prato do Estado-providência – são considerados inimigos e,
por isso, a serem combatidos, esmagados ou inutilizados…embora sejam os que
pagam os impostos que os sustentam nos lugares de comando. Haja coerência e bom
senso!
António Sílvio Couto
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