Por
entre os mais recentes assuntos da ‘nossa’ vida política, económica, social e
até religiosa, veio-me à lembrança uma observação que ouvi a um dos escolhidos
para uma tarefa de âmbito comunitário/coletivo: vejam lá a que estado chegou a
minha… (encubro a entidade) para me escolherem a mim! Parece que não tinham
melhor!
De
facto, ao vermos a eleição do ministro das finanças de cá como o escolhido para
mandar – será que o presente não é um engulho encapotado? – na Europa…fica-nos
a sensação que teve o lugar, sobretudo, tendo em conta a coloração ideológica e
pouco menos.
– Ao
vermos surgirem como solução pessoas que, noutras épocas não seriam tidas nem
achadas para qualquer caso, mais parecem ser problema, dada a sua complexidade
e falta de qualificação…podendo, muito em breve, passarem a ser, de facto, complicações
sérias.
– Quando
vemos serem entregues tarefas de responsabilidade mais a quem se insinua do que
a quem reúne as condições para o exercício das missões em perspetiva e/ou em
execução… dizemos isto envolvendo mesmo serviços de âmbito religioso/católico.
– Quando
vemos ser nivelado pelos pés aquilo que deveria ser apreciado pela melhor e
mais alta prossecução de objetivos e de desafios… incluindo movimentações no
setor desportivo/clubístico mais assanhado.
– Quando
vemos que quem defende a atual tendências da economia da geringonça, mas já
adverte de que ‘vamo-nos aproximando de um novo colapso financeiro’…por que não
havemos de acreditar nesta prevenção e não nas ilusões que, diariamente, nos
vendem.
– É
notório que a maior parte da comunicação social tem um (quase) ódio de
estimação pelo atual presidente americano, bastando um leve aceno contra uma
tal corrente instalada e logo surgem atos e factos que deixam o homem num
estado deplorável… Será que a mais recente luta – contra a simples e
significativa mudança de embaixada para Jerusalém – merece tal tratamento
noticioso e opinativo? Não andaremos a servir outros interesses bem mais
perigosos e mortíferos? Temo quase sempre essa leitura de carneirada sobre
certos assuntos e para com determinadas pessoas… pois a tendência dialética
formatou muita gente!
Esta
meia dúzia de ‘episódios’ aduzidos – a lista poderia estender-se por dezenas –
traz-me à memória a necessidade que temos de saber quem somos, qual a nossa
missão ou tarefa a desenvolver e, sobretudo, essa questão simbólica: depois da
minha passagem pelo espaço disto a que chamamos Terra, qual o rasto que vou
deixar: será meramente de lixo ou desejo, posso e quero semear algo que deixe o
mundo mais humano e, por isso, mais cristão?
Porque
somos todos muito mais do que um amontoado de átomos ou um conglomerado de
células. Porque temos todos a marca divina, mesmo quem nem sempre a assumamos
ou cultivemos. Porque não há ninguém que não tenha nada a dar e muito menos a
receber. Porque vivemos numa interdependência contínua e crescente. Porque só
poderemos crescer – humana, intelectual/emocional e culturalmente – quando nos
abrimos aos outros, pela diferença e a complementaridade.
Será
preciso que não nos deixemos adormecer pelos embalos subtis de quem nos
comanda, seja lá a ‘autoridade’ que for, pois nunca poderão matar em nós a
dimensão mais humana da nossa condição vivente: a da espiritualidade,
particularmente tendo em conta a nossa memória pessoal, familiar e comunitária.
Ora é isso que celebramos no Natal: a fundamentação da nossa fraternidade
universal, pois um Deus fez-se homem e pela sua encarnação nos veio divinizar.
Tudo o resto que se possa apensar ao Natal não acrescenta nada de
significativo. Este mistério dum Deus-humanado deve fazer-nos mais humildes e
verdadeiros, mais simples e sinceros, mais capazes de olharmos os outros de
frente, pois neles nos revemos e aprofundamos, colhendo as lições de sabermos
aprender com os nossos erros e com os sucessos alheios…
Vinte e
um séculos depois do nascimento de Cristo parece que estamos ainda a começar.
Agora a caminhada tem outras dificuldades, na medida em que alguns, que vivem
como se Deus não-existisse, nem sempre respeitam com idêntica atitude tal como
gostam de ser respeitados. Nesta cultura ocidental, particularmente europeia,
há quem usufrua dum certo espírito de cristandade, mas satirize o que lhe dá
origem… Assim, não!
António Sílvio Couto
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