Dando
cumprimento a um desejo e necessidade de reflexão cerca de duzentas pessoas da
paróquia da Moita retiraram-se para Vila Viçosa, na passado dia 19, em ordem a aprofundar
os resultados dum inquérito recentemente feito nas missas paroquiais e a
refletir sobre que paróquia pretendem ser no futuro próximo.
Dado o
alcance deste texto – mais para o exterior da dita paróquia – vamos centrar a
nossa atenção em quatro caraterísticas que serviram de pistas de reflexão. O
ponto de partida para o que aqui vamos sintetizar são as conclusões dum livro
publicado, em setembro do ano passado, nos EUA – ‘Grandes paróquias católicas’
– onde se apresentam essas caraterísticas lá verificadas, e aqui vistas como
desafios e incentivos a melhorar:
* Liderança – mais do que uma liderança
centrada numa pessoa, refere-se a liderança partilhada, isto é, onde se possa
verificar a dimensão comunitária, com a intervenção estruturada e coordenada de
leigos e onde os dons e carismas de cada um possam ser postos ao serviço dos
outros.
Não será
só tolerável que os leigos sejam chamados a participar nas tarefas das
paróquias, tendo como atenuante a diminuição de clero… como parece verificar-se
em tantos lugares. Os leigos são parte integrante das nossas paróquias,
continuar a menorizá-los será, além de negligência, uma espécie de pecado grave
contra o corpo da Igreja católica.
Claro
que temos um razoável caminho a percorrer, mas temos de dar os primeiros passos
e de criar mais inquietações. O ‘termos padre’, como dizia alguém numa das
avaliações, é bom e fundamental, mas tem de tornar-se mais consciente pela
ajuda de todos…
* Crescimento espiritual – é fundamental que as pessoas
sejam educadas na capacidade de alegrar-se com o crescimento e a valorização
dos outros, tendo em conta a dinâmica do sentido de pertença e do discipulado.
Para que tal possa acontecer de forma sistemática e comprometida será preciso
estar atento e participativo nos momentos de formação propostos pela diocese, a
paróquia e mesmo os movimentos.
Por
vezes torna-se confrangedor ver como tantos dos paroquianos se limitam à missa
dominical, desaproveitando outros momentos, tanto de âmbito querigmático como
catequético. A formação na linha bíblica é de grande utilidade, seguindo, em
muitos casos, a ‘lectio divina’, que tem vindo a ganhar importância na
caminhada de muitos católicos.
* Liturgia – como grande espaço de
participação, a liturgia não pode continuar a ser usada de modo intermitente,
como acontece em tantos casos dos nossos ‘praticantes’, mas será pela presença,
a participação e o compromisso nas celebrações que as próprias paróquias se hão
de renovar. Aquilo que o autor americano citado chamava de ‘liturgia vibrante’
não pode ser reduzido a uns ritmos mais ou menos importados doutras realidades
que não as da igreja, mas deverá alicerçar-se no acolhimento, na atenção e no
cuidado para com os fragilizados – e são tantos/as – que procuram na liturgia
algo que os/as possa serenar e dinamizar a vida quotidiana.
Urge
passar dalguma da frieza das relações das ‘nossas’ missas para a capacidade de
acolhimento a cada pessoa, como vemos em certas expressões não-católicas… Assim
haja tempo, disponibilidade e carisma!
* Evangelização – mais do que um conceito de
circunstância, a cultura tem de ser evangelizada e evangelizadora. Há espaços e
lugares que têm de ser penetrados com a presença evangelizadora católica,
promovendo iniciativas de âmbito cultural – sem deixarmos que ‘cultura’ seja
uma oportunidade só para alguns que rejeitam a fé cristã – como conferências,
palestras e colóquios – o ideal seria com ritmo mensal – envolvendo também pessoas
de fora do âmbito eclesial.
A
cultura não pode continuar nas mãos ‘só’ das autarquias e dumas associações de
tal forma laicas, que só servem para relegar o cristianismo para um certo
reduto negligente.
= Estes
foram os vetores refletidos… outros poderão ser aprofundados em novas ocasiões!
António Sílvio Couto
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