O valor
médio por metro quadrado das casas situa-se, na maioria dos concelhos, em
Portugal, neste momento, em 898 euros. Há, no entanto, quarenta e um municípios
que registam valores de venda de habitação superiores a essa média. A parte
mais significativa desses concelhos encontra-se na área metropolitana da
capital – Lisboa, Cascais e Oeiras – e no Algarve – Loulé, Lagos, Albufeira,
Lagoa, Tavira e Vila do Bispo. Em Lisboa concretamente o valor médio do custo das
habitações situou-se em 2231 euros por metro quadro…
Se
atendermos ao norte do país encontramos que Porto e Matosinhos, respetivamente
com 1117 euros e 1035 euros por metro quadro, ultrapassam aquela barreira média
nacional. Mas também noutros municípios tal fasquia é ultrapassada, como
acontece na Nazaré, Coimbra, Esposende, Évora, Funchal, Ponta do Sol e Porto
Santo… No interior – norte, centro e Alentejo – a maior parte dos preços nestes
municípios não atinge claramente a média nacional…
= A
bolha do imobiliário está de volta e torna-se essencial perceber aonde vamos
chegar, por forma a compreendermos que país somos e quais são as linhas com que
nos cosemos…agora e no futuro.
Se
tivermos em conta que todos merecem uma habitação condigna, teremos de
questionar porque se tem vindo a verificar esta subida de mais de seis por
cento em relação a período homólogo do ano passado e, segundo especialistas do
sector, com tendência a manter a progressão especulativa em quatro ou cinco por
cento nos próximos anos…
= Será
que o boom de turismo e do investimento estrangeiro poderão explicar esta nova
vaga na área do imobiliário? Quem beneficia com este crescimento, serão os
cidadãos ou os especuladores? Nas autarquias não se viverá muito desta
‘política’ de cimento – edificado ou a construir – em vez dos cuidados às
populações? Quando vemos crescer esta tendência que tantos males já nos trouxe
noutras épocas, onde se situa o bem-estar básico das populações? Com a prática
de tais procedimentos não estaremos a promover um país ainda mais
desequilibrado social e economicamente?
= Por
outro lado, foi noticiado recentemente, que, em média, por dia, cinco famílias
são despejadas das suas casas, em grande parte por falta de pagamento das
rendas. Este problema não pode ser ignorado, pois o direito à habitação é um
dos mais básicos e essenciais da nossa condição humana.
Seria
uma ofensa a quem estiver na situação de despejado que nada seja feito pela
concretização desse direito na prática. Há por aí muita gente que fala da
defesa deste direito, mas que depois não dá os passos necessários para que tal
se concretize. Muitas das leis do arrendamento como que não deixam que os mais
desfavorecidos possam ter a sua casa, antes dificultam esse objetivo que será o
de cada um – pessoal e familiarmente – poder viver com dignidade numa habitação
adequada. Só quem nunca tiver escutado os pedidos de ajuda para pagamento das
rendas ou quem não tenha ajudado a atenuar essa contrariedade é que poderá não
se deixar sensibilizar por tal problema humano e social…com grande atualidade.
= A
opção pelos bairros de habitação (dita) social foi um desastre na maior parte
dos casos, criando mais problemas do que aqueles que pretendia resolver. Muitas
pessoas foram como que amontoadas nesses ‘caixotes’ com gente lá dentro,
juntando situações graves de relacionamento entre culturas e proveniências
sociais, sem ter havido um processo pedagógico de inculturação e de
mentalização mínima para a convivência. Não é por acaso que muitos dos
conflitos até judiciais têm esses espaços como pano de fundo, pois muitas
pessoas foram enjauladas depois de estarem à sua vontade em espaços rurais e de
largueza em matéria de vizinhança. Por isso, ajuntadas um tanto à força e
apregoando direitos sem deveres, foram como que as sementes para problemas
entre pessoas que tiveram de aprender a estar próximas e desafiadas a
condividir espaços e interesses… nem sempre reconhecidos e tolerados.
Todos
merecem uma habitação onde se possam sentir bem… mas não será preciso ser tão
cara!
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário