Um tal
autoapelidado grupo ou grupelho de ‘coordenação nacional de rumos novos –
católicas e católicos lgbt (portugal)’ fez chegar ao princípio da noite de 16
de novembro passado uma inflamada «posição pública face ao comunicado da 193.ª
assembleia plenária da conferência episcopal portuguesa».
Não
reproduzimos qualquer designação da entidade citada em letras maiúsculas, pois
a dita comunicação – recebi-a na forma de endereço pela paróquia onde tenho
nomeação de funções – faz-nos fazer crer que representa alguém…embora não
saibamos quais são os seus mentores, quem são os aderentes ou até onde se
situam os apaniguados…dado que não assinam nem mostram o rosto, se é que o têm!
= Se nos
ativermos às ‘fontes’ citadas, quem redige esta comunicação teve acesso a
documentos atualizados da formação dos seminaristas, pois cita o ‘Ratio
fundamentalis institutionis sacerdotalis – o dom da vocação presbiteral’ com
publicação a 8 de dezembro de 2016 e que apresenta diretrizes muito exigentes
sobre o acesso ao seminário e, por conseguinte, à ordenação sacerdotal,
colocando restrições, parâmetros e exclusões de quem manifeste tendências
homossexuais, tanto para serem aceites nos seminários, como para o exercício do
ministério sacerdotal… O Papa Francisco tem sido intransigente e, nalguns casos
muito duro, sobre esta matéria e as diferentes ramificações que ela representa
atualmente na Igreja católica.
= Depois
de aduzirem uma citação do catecismo da Igreja católica, de que não apresentam
a localização – são os números 2357-2359 – sobre o acolhimento a quem apresente
orientação homossexual, os tais autores do comunicado confundem a vivência
celibatária com a sua ansiada afirmação lgbt (lésbicas, gays, bissexuais e
transexuais), invetivando as palavras do presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa e dando a entender que certas bases científicas lhes dão razão.
Quais serão elas, se não as referem cientificamente? Porque tentam
ridicularizar as afirmações do presidente da CEP só por que não são de acordo
com as suas pretensões? Porque tentam refugiar-se no desvio – conveniente,
acintoso e provocador – de que os casos de pedofilia não têm nada a ver com
questões de homossexualidade?
=
Citamos, por conter algo de inoportuno, aviltante e até de mesquinho, o tal
comunciado: ‘Na rumos novos – católicas e católicos lgbt conhecemos muitos
sacerdotes homossexuais, que se entregam seriamente ao seu ministério, mas
também conhecemos muitos outros com afilhados, sobrinhos, governantas e afins,
aos quais, muitas vezes, se olha para o outro lado. Qual é mais fiel a Cristo e
ao ensinamento da Igreja?’.
Sejam lá
quem forem esses/as da ‘rumos novos’ não têm direito algum de lançar qualquer
labéu sobre quem sempre quis viver uma vida séria de entrega a Deus e ainda de
querem misturar tendências com pecados ou que queram confundir interesses de
lóbi com propostas de vida no sacerdócio celibatário e católico.
É
verdade que temos de enfrentar os desafios com respostas que não sejam de
ontem, mas não será com a passagem de esponjas envernizadas duma pretensa
mentalidade light que iremos construir uma Igreja de Jesus Cristo atualizada ao
ritmo dos sinais dos tempos, como dizem, citando o Concílio Vaticano II. Estes sinais
não podem nunca servir para voltarmos à cultura pré-vetero-testamentária de
sodoma e de gomorra (Gn 19,1-29), onde as tais tendências e manifestações
homossexuais foram castigadas por Deus – entenda-se a linguagem mítica – com
‘fogo e enxofre’!
= O
senhor presidente da CEP falou, respondendo a perguntas, mas a matéria continua
um tanto difusa como se o silêncio possa significar concordância sobre assuntos
fulcrais para a condução da Igreja neste tempo e nesta terra…lusitana. E nem os
erros, os pecados, as falhas, as conveniências sejam lá de quem forem, podem fazer
tresler quem tem a função de conduzir a Igreja por entre nuvens e trovoadas,
através de tempestades ou de situações de seca (mais de índole espiritual do
que a de âmbito climatérico)… reconhecendo cada qual a meta para onde caminha
sem se deixar tropeçar nas etapas mais ou menos sinuosas do dia-a-dia…
Precisamos
de saber, efetiva e afetivamente, o rumo… para não nos deixarmos distrair por
cigarras de ocasião!
António Sílvio Couto
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