Os mais
recentes episódios da vida política, dos casos sociais e até mesmo das
intervenções (entrevistas, comentários, silêncios e cumplicidades) de muitos
dos agentes da comunicação social – estatal, estatizada ou suportada pelo
erário público – refletem uma situação clássica: são a voz do chefe e
repercutem-na na informação e nas indicações de quem lhes paga…
Só assim
se compreende que lapsos, falhas, lacunas, inconveniências, erros, falhanços,
percalços, inverdades, insinuações, etc. nunca perdoados a outros, agora sejam
rápida e subtilmente esquecidos por quem os pratica, desde que ocupe a área do
poder da geringonça em ato e faça declarações altissonantes que permitam
confundir quem esteve menos atento ou talvez distraído…
Já
noutra observação chamamos a este comportamento a atitude do ‘surfista bem
penteado’, que vai sublimando a tempestade de modo incólume, mas agora como que
poderemos considerar que há um clima de impunidade – também já escrevemos sobre
este ambiente – que abrange quem está a mandar, deixando transparecer que há
imensos tentáculos que estão em funções e até áreas (pretensamente
insuspeitas), como as da Igreja católica, já conheçam a estar nesse raio da
ação, senão de forma explícita ao menos de forma tácita, revestindo como que
elogios a clérigos (dos vários graus) e com momentos de presença em atos
públicos onde seria escusado que tais ‘autoridades’ se apresentassem… tão
ostensivamente.
Há
órgãos de comunicação – antes tão adversos ao hálito do poder – que agora fazem
desfilar à porfia os mentores e os benjamins de quem dá cobertura a tudo quanto
começa a assemelhar-se a um certo regime de caudilhismo latino-americano
agonizante, onde uns são ressonância do chefe e onde quem discorda é incluído na
lista com a dum terra-tenente ideológico à semelhança do ‘democrata’ turco…
Claro que não digo os nomes, mas tenho-os detetado de forma progressiva e numa
vergonha assunção de quem não se esconde, pois parecem ter alguma salvaguarda
das chefias editoriais e mesmo comerciais!
= O que
temos visto nos dias mais recentes tem muito a ver com a ressuscitação de
várias figuras do (dito) socratismo, agora na versão de secretário de estado.
Aquilo que alguns classificaram de ‘tralha socrática’ parece estar de volta ao
espaço do poder investido…pois o outro, o de influência, tem andado à deriva,
mas nunca foi extinto totalmente. Quem não tenha andado distraído ou tenha
feito ‘zapping’ por já estar enfastiado com as notícias de enrolar nos vários
canais e até órgãos de imprensa, poderá ter percebido que alguns dos que
voltaram já nos criaram condições – de facto ou de modo implícito – para termos
vivido anos de austeridade e de sacrifícios. Ora, quem conheça, minimamente, a
filosofia da história saberá concluir que factos idênticos dão consequências
semelhantes… Sempre assim foi e talvez assim será, em breve!
Deste
modo não será de bom augúrio que tenhamos ao comando dos destinos do país quem
foi formado – ou talvez formatado – para esbanjar o que foi com tanto
sacrifício amealhado ou quem faz do seu umbigo o âmbito prioritário das
decisões que outros terão de pagar a médio prazo.
= Agora
que estamos a viver a romaria de apresentação dos múltiplos candidatos
autárquicos é um ver quem mais pronuncia dislates sobre os adversários, como se
isso fosse uma boa recomendação para ocuparem os lugares pretendidos. Ei-los a
ver quem toma a dianteira sobre matérias que escaparam aos concorrentes e logo,
em forma de remoque, uns respondem e outros tentam inventar fait-divers para
que se não perceba a insuficiência intelectual e/ou o vazio de ideias…atuais e
para o futuro.
Como
dizia alguém, recentemente, é preciso que não deixemos que os mais
incompetentes ocupem os lugares de governação nem que os paus-mandados sejam
promovidos ao exercício do poder. Com tal crise de atenção ao bem comum,
torna-se imperioso dar credibilidade a quem se candidata, escolhendo os
melhores e não os menos maus…
Honestidade
e lealdade, a quanto obrigas!
António Sílvio
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