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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Como caixa-de-ressonância…da voz do chefe


Os mais recentes episódios da vida política, dos casos sociais e até mesmo das intervenções (entrevistas, comentários, silêncios e cumplicidades) de muitos dos agentes da comunicação social – estatal, estatizada ou suportada pelo erário público – refletem uma situação clássica: são a voz do chefe e repercutem-na na informação e nas indicações de quem lhes paga…

Só assim se compreende que lapsos, falhas, lacunas, inconveniências, erros, falhanços, percalços, inverdades, insinuações, etc. nunca perdoados a outros, agora sejam rápida e subtilmente esquecidos por quem os pratica, desde que ocupe a área do poder da geringonça em ato e faça declarações altissonantes que permitam confundir quem esteve menos atento ou talvez distraído…

Já noutra observação chamamos a este comportamento a atitude do ‘surfista bem penteado’, que vai sublimando a tempestade de modo incólume, mas agora como que poderemos considerar que há um clima de impunidade – também já escrevemos sobre este ambiente – que abrange quem está a mandar, deixando transparecer que há imensos tentáculos que estão em funções e até áreas (pretensamente insuspeitas), como as da Igreja católica, já conheçam a estar nesse raio da ação, senão de forma explícita ao menos de forma tácita, revestindo como que elogios a clérigos (dos vários graus) e com momentos de presença em atos públicos onde seria escusado que tais ‘autoridades’ se apresentassem… tão ostensivamente.

Há órgãos de comunicação – antes tão adversos ao hálito do poder – que agora fazem desfilar à porfia os mentores e os benjamins de quem dá cobertura a tudo quanto começa a assemelhar-se a um certo regime de caudilhismo latino-americano agonizante, onde uns são ressonância do chefe e onde quem discorda é incluído na lista com a dum terra-tenente ideológico à semelhança do ‘democrata’ turco… Claro que não digo os nomes, mas tenho-os detetado de forma progressiva e numa vergonha assunção de quem não se esconde, pois parecem ter alguma salvaguarda das chefias editoriais e mesmo comerciais! 

= O que temos visto nos dias mais recentes tem muito a ver com a ressuscitação de várias figuras do (dito) socratismo, agora na versão de secretário de estado. Aquilo que alguns classificaram de ‘tralha socrática’ parece estar de volta ao espaço do poder investido…pois o outro, o de influência, tem andado à deriva, mas nunca foi extinto totalmente. Quem não tenha andado distraído ou tenha feito ‘zapping’ por já estar enfastiado com as notícias de enrolar nos vários canais e até órgãos de imprensa, poderá ter percebido que alguns dos que voltaram já nos criaram condições – de facto ou de modo implícito – para termos vivido anos de austeridade e de sacrifícios. Ora, quem conheça, minimamente, a filosofia da história saberá concluir que factos idênticos dão consequências semelhantes… Sempre assim foi e talvez assim será, em breve!

Deste modo não será de bom augúrio que tenhamos ao comando dos destinos do país quem foi formado – ou talvez formatado – para esbanjar o que foi com tanto sacrifício amealhado ou quem faz do seu umbigo o âmbito prioritário das decisões que outros terão de pagar a médio prazo. 

= Agora que estamos a viver a romaria de apresentação dos múltiplos candidatos autárquicos é um ver quem mais pronuncia dislates sobre os adversários, como se isso fosse uma boa recomendação para ocuparem os lugares pretendidos. Ei-los a ver quem toma a dianteira sobre matérias que escaparam aos concorrentes e logo, em forma de remoque, uns respondem e outros tentam inventar fait-divers para que se não perceba a insuficiência intelectual e/ou o vazio de ideias…atuais e para o futuro.

Como dizia alguém, recentemente, é preciso que não deixemos que os mais incompetentes ocupem os lugares de governação nem que os paus-mandados sejam promovidos ao exercício do poder. Com tal crise de atenção ao bem comum, torna-se imperioso dar credibilidade a quem se candidata, escolhendo os melhores e não os menos maus…

Honestidade e lealdade, a quanto obrigas!    

 

António Sílvio




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