Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



sexta-feira, 7 de julho de 2017

Coisas sobre o ‘género’ humano…


«Nojo e aberração foram duas palavras constantes nos comentários nas redes sociais» – foi assim desta forma um tanto simplista que a responsável da revista ‘cristina’ – num noticiário em hora principal, no canal onde se pavoneia diariamente – caraterizou as mais recentes reações às ‘capas’ (duas para que o público escolha uma) dessa publicação, onde tecnicamente se beijam atores masculino-masculina, feminina-feminino…

O tema anda à volta da homossexualidade, desde a sua origem/manifestação, à assunção/vivência, passando pela publicitação/encobrimento, com referência/participação… e tudo o mais que possa ser dito, escrito, mostrado… com respeito – por si mesmo e pelos outros – ou até na imensa feira de folclores com que o assunto tantas vezes emerge…noticiosamente! 

= Talvez valha a pena centrarmos a nossa atenção na parte substantiva da matéria, obnubilando algumas adjetivações um tanto indecorosas, ofensivas e pouco respeitadoras da diferença dos outros, sejam homo ou heterossexuais.

Sem qualquer presunção doutrinária deixamos a citação e posterior comentário daquilo que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre esta questão:

«Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão objetivamente desordenada constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á em relações a eles qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição» (n.º 2358).  

Vejamos, então, alguns aspetos contidos nesta proposta de acolhimento, de diálogo e de acompanhamento deste assunto, por vezes, tão desejado quanto controverso, mas, em tantas outras ocasiões, como que sofrido e a necessitar de paz interior e exterior.

* Número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas – Já no início da década de noventa do século passado, na Igreja, havia a consciência de várias pessoas com tendências declaradas de homossexualidade. Por isso, será uma acusação para além falsa um tanto ignorante do diagnóstico que fora feito pela Igreja católica. Com efeito, uma coisa é contestar, outra bem diversa será a de ignorar os casos… até pelo conhecimento das pessoas e das suas mazelas, reais, presumidas ou induzidas! Conhecer as pessoas a partir do seu mais íntimo dá propriedade e compreensão dos outros, sem acusação!

* Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza – estas caraterísticas não manifestam homofobia – com que alguns pretendem rotular a posição da Igreja católica sobre este tema – mas antes nos propõe uma grande capacidade de distinguir entre o pecado e o pecador…tal como viveu o Mestre Jesus e alguns textos bíblicos nos fazem refletir. Cada vez mais será urgente que não se faça duma exceção a regra nem se fará com que esta possa ter de ser meramente tolerada por quem anteriormente era excluído. Em muitos casos a ‘discriminação injusta’ está a ser imposta a quem não entra ou não participa em certos ritos sociais de maior amplificação noticiosa. 

= Efetivamente não se pode confundir modas e tendências com normalidades mais ou menos bem aceites e/ou que funcionam como lóbi social e cultural. Nos tempos que correm temos de ser muito tolerantes para com os outros (mas não com os seus erros e valores errados) e exigentes connosco mesmos, por forma a vivermos em sadia convivência entre todos e onde não haja excluídos, seja por que razão for…nem sexual.

Não será com publicações como aquela, que nos levou a tecer estes considerandos, nem com atitudes de maior impacto público com sabor a manipulação que daremos dignidade a quem viva tais momentos ocasionais ou permanentes da sua existência. Com efeito, a seriedade dos problemas não precisa de certos adereços (mais ou menos) ridículos com que temos visto ser tratado este assunto, nos tempos mais recentes.

 

António Sílvio Couto



Sem comentários:

Enviar um comentário