«Nojo e
aberração foram duas palavras constantes nos comentários nas redes sociais» –
foi assim desta forma um tanto simplista que a responsável da revista
‘cristina’ – num noticiário em hora principal, no canal onde se pavoneia
diariamente – caraterizou as mais recentes reações às ‘capas’ (duas para que o
público escolha uma) dessa publicação, onde tecnicamente se beijam atores
masculino-masculina, feminina-feminino…
O tema
anda à volta da homossexualidade, desde a sua origem/manifestação, à assunção/vivência,
passando pela publicitação/encobrimento, com referência/participação… e tudo o
mais que possa ser dito, escrito, mostrado… com respeito – por si mesmo e pelos
outros – ou até na imensa feira de folclores com que o assunto tantas vezes
emerge…noticiosamente!
= Talvez
valha a pena centrarmos a nossa atenção na parte substantiva da matéria,
obnubilando algumas adjetivações um tanto indecorosas, ofensivas e pouco
respeitadoras da diferença dos outros, sejam homo ou heterossexuais.
Sem
qualquer presunção doutrinária deixamos a citação e posterior comentário daquilo
que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre esta questão:
«Um número considerável de homens e de
mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta
propensão objetivamente desordenada constitui, para a maior parte deles, uma
provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á
em relações a eles qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são
chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir
ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa
de sua condição» (n.º 2358).
Vejamos,
então, alguns aspetos contidos nesta proposta de acolhimento, de diálogo e de
acompanhamento deste assunto, por vezes, tão desejado quanto controverso, mas,
em tantas outras ocasiões, como que sofrido e a necessitar de paz interior e
exterior.
* Número considerável de homens e de mulheres
apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas – Já no início da
década de noventa do século passado, na Igreja, havia a consciência de várias
pessoas com tendências declaradas de homossexualidade. Por isso, será uma
acusação para além falsa um tanto ignorante do diagnóstico que fora feito pela
Igreja católica. Com efeito, uma coisa é contestar, outra bem diversa será a de
ignorar os casos… até pelo conhecimento das pessoas e das suas mazelas, reais,
presumidas ou induzidas! Conhecer as pessoas a partir do seu mais íntimo dá
propriedade e compreensão dos outros, sem acusação!
* Devem ser acolhidos com respeito, compaixão
e delicadeza – estas caraterísticas não manifestam homofobia – com que
alguns pretendem rotular a posição da Igreja católica sobre este tema – mas
antes nos propõe uma grande capacidade de distinguir entre o pecado e o
pecador…tal como viveu o Mestre Jesus e alguns textos bíblicos nos fazem
refletir. Cada vez mais será urgente que não se faça duma exceção a regra nem
se fará com que esta possa ter de ser meramente tolerada por quem anteriormente
era excluído. Em muitos casos a ‘discriminação injusta’ está a ser imposta a
quem não entra ou não participa em certos ritos sociais de maior amplificação
noticiosa.
=
Efetivamente não se pode confundir modas e tendências com normalidades mais ou
menos bem aceites e/ou que funcionam como lóbi social e cultural. Nos tempos
que correm temos de ser muito tolerantes para com os outros (mas não com os
seus erros e valores errados) e exigentes connosco mesmos, por forma a vivermos
em sadia convivência entre todos e onde não haja excluídos, seja por que razão
for…nem sexual.
Não será
com publicações como aquela, que nos levou a tecer estes considerandos, nem com
atitudes de maior impacto público com sabor a manipulação que daremos dignidade
a quem viva tais momentos ocasionais ou permanentes da sua existência. Com
efeito, a seriedade dos problemas não precisa de certos adereços (mais ou
menos) ridículos com que temos visto ser tratado este assunto, nos tempos mais
recentes.
António Sílvio Couto
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