26,9% dos portugueses, com mais de cinquenta anos de
idade, afirmam ter tido uma vida feliz. No quadro de dezasseis países europeus
esse mesmo enquadramento etário apresenta que 50,8% dos inquiridos dizem-se
muitas vezes felizes.
Estes dados foram recolhidos dum estudo intitulado ‘Envelhecimento em Lisboa, Portugal e Europa: uma perspetiva comparada’.
Olhar para o passado parece que comporta para muitos portugueses uma espécie de fardo...e as perspetivas sobre o futuro não são também vistas como animadas. Poder-se-á dizer que os portugueses veem o passado difícil, o futuro incerto e o presente complicado. Tentemos abordar a questão sobre esta tríplice visão:
Estes dados foram recolhidos dum estudo intitulado ‘Envelhecimento em Lisboa, Portugal e Europa: uma perspetiva comparada’.
Olhar para o passado parece que comporta para muitos portugueses uma espécie de fardo...e as perspetivas sobre o futuro não são também vistas como animadas. Poder-se-á dizer que os portugueses veem o passado difícil, o futuro incerto e o presente complicado. Tentemos abordar a questão sobre esta tríplice visão:
* Passado difícil
Muitos dos portugueses com mais de cinquenta anos foram educados num Portugal em ditadura política, alguns viveram a segunda guerra mundial, uns tantos participaram na guerra colonial...e uma grande maioria foi apanhada pela revolução de Abril na adolescência, vivendo as complicações sócio-económico-políticas dos últimos quarenta anos da (dita) democracia...
Tiveram de viver com muitos sacrifícios, em contenção económica...à mistura com anseios, sonhos e bons desejos nem sempre realizados na vida pessoal, familiar e social.
Quem viveu assim o passado talvez não tenha grandes perspetivas para o futuro...por entre dúvidas quanto ao presente...mais ou menos ritmado pelas ocupações do trabalho ainda a fazer... Uma parte significativa desses com mais de cinquenta anos são confrontados com as (ditas) ‘novas tecnologias’, exigindo-lhes capacidade de adaptação e contínua aferição a novos termos e conceitos…
Muitos dos portugueses com mais de cinquenta anos foram educados num Portugal em ditadura política, alguns viveram a segunda guerra mundial, uns tantos participaram na guerra colonial...e uma grande maioria foi apanhada pela revolução de Abril na adolescência, vivendo as complicações sócio-económico-políticas dos últimos quarenta anos da (dita) democracia...
Tiveram de viver com muitos sacrifícios, em contenção económica...à mistura com anseios, sonhos e bons desejos nem sempre realizados na vida pessoal, familiar e social.
Quem viveu assim o passado talvez não tenha grandes perspetivas para o futuro...por entre dúvidas quanto ao presente...mais ou menos ritmado pelas ocupações do trabalho ainda a fazer... Uma parte significativa desses com mais de cinquenta anos são confrontados com as (ditas) ‘novas tecnologias’, exigindo-lhes capacidade de adaptação e contínua aferição a novos termos e conceitos…
* Futuro incerto
Sim, dadas as circunstâncias esta geração de mais de cinquenta vive agora no final do (possível) tempo útil de trabalho, com reformas, normalmente, baixas para os sustentar, entre a dúvida de onde será vivida a velhice, pois a família já não tem condições para ser o derradeiro reduto da sua vida... Quantos sonhos se podem ter esboroado e agora fica o amargo de ver que o sol prolonga a sombra na dianteira da vida e do que virá… Quantas perguntas se colocam. Quantos silêncios engolidos para dentro. Quantas vezes o limão é espremido para dentro, lançando mais amargura e incerteza sobre feridas nem sempre curadas…
Sim, dadas as circunstâncias esta geração de mais de cinquenta vive agora no final do (possível) tempo útil de trabalho, com reformas, normalmente, baixas para os sustentar, entre a dúvida de onde será vivida a velhice, pois a família já não tem condições para ser o derradeiro reduto da sua vida... Quantos sonhos se podem ter esboroado e agora fica o amargo de ver que o sol prolonga a sombra na dianteira da vida e do que virá… Quantas perguntas se colocam. Quantos silêncios engolidos para dentro. Quantas vezes o limão é espremido para dentro, lançando mais amargura e incerteza sobre feridas nem sempre curadas…
* Presente
complicado
Efetivamente nem tudo corre bem no reino do faz-de-conta, pois já não se tem o mesmo vigor físico, as virtualidades intelectuais podem começar a falhar, as dimensões emocionais/psicológicas vão amadurecendo com a experiência de vida...por muito pouca que esta possa ter sido. O presente não se apresenta assaz risonho, mas também não é tão sisudo que tenhamos de andar com cara de defunto em pré-registo. Sejamos realistas e tentemos viver o dia-a-dia com a intensidade que a dedicação aos outros nos confere...
Numa palavra: quem vos escreve já passou, de facto, a barreira dos cinquenta, mas ainda não tem uma perspetiva tão pessimista como a daquela minoria de pouco animados com o passado...pois crer em Deus pode ser um alento de vida na certeza de que Ele cuida de nós, sempre!
Efetivamente nem tudo corre bem no reino do faz-de-conta, pois já não se tem o mesmo vigor físico, as virtualidades intelectuais podem começar a falhar, as dimensões emocionais/psicológicas vão amadurecendo com a experiência de vida...por muito pouca que esta possa ter sido. O presente não se apresenta assaz risonho, mas também não é tão sisudo que tenhamos de andar com cara de defunto em pré-registo. Sejamos realistas e tentemos viver o dia-a-dia com a intensidade que a dedicação aos outros nos confere...
Numa palavra: quem vos escreve já passou, de facto, a barreira dos cinquenta, mas ainda não tem uma perspetiva tão pessimista como a daquela minoria de pouco animados com o passado...pois crer em Deus pode ser um alento de vida na certeza de que Ele cuida de nós, sempre!
Comparativamente com outros países, com nível e qualidade
de vida – termos tão queridos à nossa cultura do descartável – idênticas ou
superiores à do nosso país, vão enfrentando passado-presente-futuro com outra
disposição mais animada e, ao que parece, com menor apreensão. Será que a nossa
condição de latinos e sob a influência duma certa religiosidade nos condiciona
e nos atrofia? Será que a ligação familiar se foi rompendo e ainda não
encontramos o verdadeiro sentido de vida? Será que não tem vindo a faltar uma
maior adequação da fé dita à fé comprometida? Com tanto sol, ao longo do ano,
não deveríamos ser mais animados, alegres e servidores da esperança?
António Sílvio Couto
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