«O CPASM
quer viver as responsabilidades que lhe são acometidas, precisando, no entanto,
que muitos outros nos deem condições para sermos parceiros duma ‘economia
social’, que tem obrigações – veja-se o cumprimento do ‘salário mínimo’,
equiparado a outros setores produtivos e com retorno económico dos custos – mas
não consegue os mesmos proveitos…se não for a correta comparticipação estatal»…
Esta
observação aparece nas considerações finais do plano de atividades e orçamento
para o próximo ano daquela instituição.
= Ora,
estando a ser debatido o novo salário mínimo nacional será de apresentar algo
que pode não ser tão óbvio como à primeira vista parece. Com efeito, equiparar
o salário mínimo por igual em todas as atividades poderá ser, além de
excessivo, um tanto comprometedor para com alguns setores que não vivem da
comercialização nem têm facilidade em fazer repercutir no produto final o peso
dos vencimentos… sobretudo quando há mensalidades – muito baixas e de âmbito
solidário – em curso e com impacto, se forem aumentadas, na prestação de
serviços e, consequentemente, na viabilidade das instituições…
= Os
funcionários – também agora denominados de colaboradores – precisam, merecem e
anseiam melhores salários, sobretudo os que vivem na bitola do ordenado mínimo…Mas
não será fácil para a sobrevivência das instituições – muitas delas IPSS’s com
grandes problemas de tesouraria – suportar aumentos tão grandes e extensos,
particularmente quando atingem uma parte significativa dos seus trabalhadores.
Bem
diferente poderá ser o aumento do salário mínimo em setores onde se pode fazer
repercutir os (ditos) aumentos em preços de venda.
= Neste
campo um tanto difícil, que é o mundo do trabalho e das remunerações, mais do
que fazer afirmações ou colocar problemas que possam agravar o relacionamento
entre empregador e empregado, deixamos algumas questões/inquietações:
. Os
senhores/senhoras das centrais sindicais estão devidamente informados sobre a
situação dos prestadores de serviços da economia social?
. Até
onde irá a capacidade reivindicativa, mesmo se não há possibilidade de
satisfazer as exigências?
. Será
que, por ser na maior parte dos casos um setor mais de índole privada, a
economia social não devia ser atendida nas regras e nas exceções?
. Os que
fazem a mentalidade laboral, já perceberam que, com certos aumentos, poderá
estar em causa muito daquilo que ainda se faz – com poucos meios económicos –
por esse país fora?
. Será
que as entidades associativas da economia social têm estado atentas às
consequências gerais dos problemas particulares?
. Até
onde irá este manto de silêncio, que poderá, muito em breve, cobrir de luto
tantas instituições que fazem serviço de cuidado ao público, mesmo quando há
concorrência do Estado e das autarquias?
Deixamos
estas breves perguntas e bem desejaríamos de poder contar com a solidariedade
mais ativa de tantos, que usufruem dos serviços das IPSS’s, mas que, na hora da
verdade, se escondem na penumbra da burocracia, deixando quem dá a cara a
sentir que mais vale fechar portas com dignidade do que continuar a mendigar
subsídios que nos são merecidos por trabalho já feito.
A quem
tanto contesta o assistencialismo, como forma de vida e de sobrevivência,
deixamos um desafio para que deixem este terceiro setor da economia – os outros
dois são: setor público (Estado e governo) e setor privado (empresas e
entidades lucrativas privadas) – trabalhar com meios dignos, com capacidade de
resposta séria e nas condições mais adequadas à subsidiariedade e
solidariedade… de tanto nos fala a doutrina social da Igreja.
Citando
uma frase já antiga: há quem faça com três o que o Estado só faz com dez…com
melhor proveito de todos. Boa gestão e correta administração, precisa-se!
António Sílvio Couto
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