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sábado, 24 de agosto de 2024

‘Poder’ dos influencers

 

É hoje habitual ouvirmos e lermos referências a uns tais influencers, como se fossem uma nova estirpe de figuras – com maior ou menor projeção social e quase moral – que captam a atenção dos outros e sobre eles têm capacidade de influenciar e como que condicionar alguns (ou muitos) à sua volta. A que se deve esta ‘nova profissão’, que, segundo dizem, rende milhões? Como podemos ser manipulados por eles, mesmo sem nos darmos conta? Não andarão a vender um produto fictício – atendendo à área

de intervenção dir-se-á virtual – faturando à custa de ignorantes?
1. Se consultarmos dados para sabermos quem são e o que fazem esses tais influencers, podemos encontrar uma espécie de definição descritiva da sua função/tarefa. Um digital influencer é um (pretenso) profissional que produz conteúdo na internet, sendo capaz de influenciar a sua base de seguidores a partir do seu comportamento e envolvendo o dia-a-dia; os produtos que consome; a sua forma de ver o mundo; os acontecimentos que tenham gerado popularidade para a pessoa. O influencer pode estar presente em uma, duas ou várias redes sociais. Essa escolha quase sempre é pensada após refletir sobre o público-alvo do influenciador.

2. O que faz um influencer? Depois de entender as atribuições gerais do influenciador é hora de saber, na prática, o que faz um digital influencer. De forma geral, nos apoiamos numa espécie de analogia que diz: essas pessoas funcionam como uma espécie de vitrina. Promovem produtos e marcas e despertam o desejo da audiência, que pode fechar negócio instantaneamente ou demorar um pouco mais. Isso vai depender do produto e do conteúdo veiculado.

A criação de conteúdos, na maioria dos casos, é o que faz com que uma pessoa “comum” se possa tornar influenciadora. E o conteúdo pode ser no formato de vídeo, foto ou conteúdo escrito. O tema do conteúdo provavelmente sofrerá variações de acordo com o nicho a que se dirige…

3. Perante estas considerações quanto à personalidade do influencer podemos perceber um pouco melhor que tudo isto é resultado do tempo do digital em vivemos, na medida em que é neste meio que emerge, floresce e viceja quem tenta usar os seus truques para com os outros, por vezes, ludibriando-os e manipulando-os que vinga nos seus intentos. A questão centrar é a de colocarmos nesses ditos influencers uma tal confiança que eles se tornam capciosamente mentores de uma religião sem santos nem dogmas mas com muitos gurus, fabricados à medida das necessidades de cada um.

4. Tudo isto não passa de uma religiosidade à la carte, onde cada qual se serve da espiritualidade que lhe convém, desde que não tenha exigências nem crie condicionamentos ao sucesso pessoal. Depois do tempo em que os santos/as eram apresentados como modelos de vida e propostas de seguimento comunitário, agora vemos as mais díspares sugestões de religião, mesmo que tal conceito não apareça nas entrelinhas dos influenciadores. Na grande catedral sem teto nem altares da internet vemos pulular propostas onde cada um se serve como deseja e não paga qualquer tributo nem dá esmola…

5. Estes desafios que são colocados ao cristianismo não nos podem fazer ignorar que a mensagem do Evangelho continua atual, precisando de ser traduzida em linguagem e com ferramentas adequadas às pessoas deste tempo. Depois da comunicação através da imprensa, posteriormente pela rádio e também pela televisão, agora estamos na era do digital, com as redes sociais e a panóplia de meios onde cada um se serve do que lhe interessa ou dá resposta às suas questões. Não adianta transmitirmos – isto é, ligar a dar o que se faz no espaço religioso – pelo facebook ou outra forma de emissão, a missa e outros atos religiosos, senão soubermos enquadrá-los na linguagem e segundo as formas dessa comunicação… Seria como jogarmos uma partida de futebol num campo de ténis ou no green de golpe… A cada conteúdo a forma mais adequada!

Temos, ainda hoje, muito a aprender nos métodos de ensino de Jesus!



António Sílvio Couto



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