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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Que expetativas (ainda) para as JMJ-2023?


 A cerca de dez meses da realização, no terreno, das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), em Lisboa, parece haver coisas que estão um tanto desfasadas das pretensões. Embora as obras materiais estejam rudimentares, há, no entanto, aspetos de índole espiritual que dão a sensação de estarmos aquém daquilo que é (ou deve ser) a envolvência daqueles a quem se destinam as jornadas e mesmo a Igreja católica...sobretudo nas dioceses envolventes.

Vamos tentar resumir algumas das facetas mais relevantes nos tempos mais recentes, por parte dos vários intérpretes da iniciativa.

 1. A fazer fé nas palavras noticiadas pela Agência Ecclesia e que proferiu nas ‘jornadas nacionais da comunicação social’, realizadas em Fátima, na passada semana, para o presidente da ‘fundação JMJ Lisboa 2023’, o convénio mundial de jovens deixará um rasto ecológico (no terreno físico onde se vão efetuar as JMJ), os custos de que se tem falado não passam de um fantasma, as questões de comunicação deixam de ser analógicas para serem digitais... a receção dos símbolos – cruz e ícone mariano – nas dioceses tem despertado a pastoral diocesana dos jovens, o convite para as JMJ é para todos, tendo em conta ainda algumas periferias geográficas e existenciais.

Ora, das grandes motivações, que deviam – creio eu – nortear as JMJ nem uma palavra com nexo e consequências. Onde estão as referências à dimensão cristã do evento – é social (light e fofo) ou tem marca de fé? Onde se fala das coisas da Igreja – subentende-se ou não era preferível ser mais declarado? Não se corre o risco de trazer ao engano os que não querem só encontro eclético, mas celebração com marca de Cristo? Que adianta fornecer informações sob a forma digital, se a mensagem for vazia e anódina? Não correrá o risco de ser um fiasco, isso de trazer jovens a Lisboa e deixá-los partir só com algum folclore de simpatia fosforescente? 

 2. Voltando a atenção para outros factos adjacentes. Não será de esperar algo mais incisivo de combate a este acontecimento eclesial por parte de certas forças anticristãs e, sobretudo, anti-Igreja? Com efeito, as notícias negativas – embora possam até ser reais – envolvendo questões de descrédito da Igreja católica, em Portugal, não são inocentes e tão pouco sem-razão. Com efeito, quem iria abeirar-se de alguém que possa molestar a integridade física e moral dos que aqui venham? Quem deixaria que seus filhos ou netos fossem a atividades e locais onde possam estar pessoas nefastas e perigosas, senão em ato ao menos em intenção? Quem terá crédito para dizer seja o que for, se está desacreditado, senão na prática ao menos na presunção?

Será, por isso, de esperar que surjam mais notícias – a calendarização da (dita) ‘comissão independente’ vai nesse sentido – envolvendo escândalos e suposições, sugestões e mudanças (mesmo de bispos), críticas moralistas e observações moralizantes...

 3. Atendendo à brevidade da realização das JMJ 2023, gostaria de deixar algumas propostas para que este momento da ‘graça de Deus’ possa deixar marcas em quem recebe, em que vai participar e o que é que deixará logo que tudo passe... assentando a poeira.

– Antes de tudo que sejamos capazes de caminhar juntos – estamos em tempo de sínodo – dando cada um o seu contributo simples, sincero e comprometido. Como se diz no documento-síntese da Conferência Episcopal Pportuguesa, enviado a Roma sobre a caminhada sinodal: ‘mais do que pensar qual é o lugar dos jovens na vida da Igreja, é preciso perceber que lugar pode ocupar a Igreja na vida dos jovens’.

– Na sequência de outras ‘jornadas’ com jovens, deu-se uma emergência de vocações na Igreja, é aquilo a que aguns chamam de geração ‘JPII’ (João Paulo II). Precisamos de revigorar a entrega em compromisso na Igreja, através das várias vocações – ao sacerdócio, à vida religiosa e ao matrimónio – onde seja Cristo a contar acima de tudo e de todos.

 – Questões como a vida, a dignidade, a liberdade, a participação, a paz e a justiça ainda inquietam os jovens.        

 

António Silvio Couto

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