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terça-feira, 12 de abril de 2022

Mudanças políticas na Europa...E por cá?


 Quem tenha visto os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, em França, no passado dia 10, poderá (ou deverá) questionar-se seriamente. Os números da candidata socialista revelam algo de muito significativo e preocupante: ela teve 1,8% dos votos expressos, numa conjugação de dados que têm tanto de objetivo, quanto de necessitado de interpretação...lá como por cá.

 1. Ainda há dez anos atrás o candidato vencedor, nas Gálias e arredores, foi François Hollande (presidente de 2012 a 2017), socialista. Agora a candidata do mesmo partido obteve somente aquela percentagem citada. Se virmos a erosão das ideologias na França compreenderemos como mudou, por lá tanta coisa, destacando-se o desaparecimento de forças que foram representativas das tendências do eleitorado, tais como as ditas de ‘esquerda’ e arreigadas no marxismo... Tal mudança não conterá lições que devemos captar e aprender?

 2. Algumas questões, mais de âmbito de proximidade, que ouso colocar, em jeito de preocupação, que não de mera provocação. Que tem isso (ou aquilo) a ver connosco – país onde reina o socialismo com maioria absoluta? Que inquietações podem ser transferidas para o nosso contexto? Não andaremos, de facto, vinte anos atrasados? Como entender que, quando os resultados no partido comunista por cá ainda eram viçosos, por lá já tinha quase-desaparecido do mapa eleitoral? Que sinais nos fazem destacar pela resistência? Com os dados mais recentes adivinha-se, nas nossas hostes, um acerto, a médio prazo, ao ritmo de outros países e nações? Se sim, para quando uma leitura cá dos resultados de lá?

 3. Efetivamente, cada um – pessoal, familiar, social ou politicamente – tem o que merece. Não haja a menor dúvida. Por isso, se compreende que tenhamos um país onde os governados são o retrato dos governantes e vice-versa. Com efeito, vivemos em excesso dependurados no ‘estado-patrão’, o mesmo que poderá significar: papão, controlador, condicionador, investidor, manipulador, distribuidor...numa palavra – dono do dinheiro, das mentalidades e, por que não, dos valores... cívicos, éticos/morais, económicos, etc.

Setores vitais como a saúde, a educação, a segurança ou mesmo a economia (agricultura, comércio, turismo) ou os transportes estão nas mãos do Estado ou em regimes subsequentes da sua funcionalidade, ficando a sensação de que algo subterrâmeo emerge de vez em quando, para que nos apercebamos do vulcão sobre o qual nos movemos e existimos...

Dados recentes diziam que haverá, em Portugal, quatro milhões de pessoas com seguros de saúde (individual ou de grupo), acumulando com o (dito) ‘serviço nacional de saúde’... Que dizer também das escolas, nos vários níveis de ensino: a designação ‘público’ ou ‘privado’ tem a ver com qualidade de ensino-aprendizagem ou com gastos-resultados? A acentuação desta dicotomia a quem serve: às pessoas ou à ideologia? Alguma vez se viu, verdadeiramente, uma empresa estatal a dar lucro: será por má gestão ou por incapacidade de torná-la competitiva sem a desmotivação do suporte do patrão-estado? Não são os privados que pagam os impostos e que suportam as desgraças da estatização? Qual a razão para que os transportes, quando estão estatizados, são de inferior qualidade e com prejuízos acumulados? Será por que o patrão está longe e o controle não é tão efetivo?

 4. Desgraçadamente vemos tanta gente a reger-se ainda pelos conceitos, nomenclaturas e diretrizes de ‘O capital’ do pensador K. Marx. Alguns, por razão de maturidade dos anos, foram-se adaptando às leis do mercado, mas ainda estão presos à cartilha por onde estudaram e no qual gastaram tanto do seu tempo de juventude. Que dizer, por exemplo, das propostas de taxar os lucros de empresas que têm sucesso? Será um rebate de marxismo, querer nivelar tudo e todos pelo igualitarismo orwelliano? O pior de tudo isto é usarem meios e truques deslocados das razões primeiras, isto é, querem repartir aquilo que não produziram e fazer participar naquilo para o qual não deram nem dão nenhum contributo. Um dia se descobrirá as façanhas!

  

António Silvio Couto

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