Com
breves horas de permeio vimos duas das mais altas figuras da nossa vida
política a protagonizarem as duas palavras deste título: o chefe de governo a
disparar sobre os seus parceiros de geringonça: se não houver acordo/aprovação
do OE2021 haverá uma crise política… Por seu turno, o chefe de estado foi
confrontado por uma cidadã – ainda não se sabe a coloração – na feira do livro
do Porto sobre a não-concretização de ações daqueles que deviam, em seu
entendimento, fazê-lo…
Sobre a
atitude do PM poderemos considerar que terá esticado a corda da viola para a
festa dos seus interlocutores do passado e que ele bem desejaria que
continuassem a sê-lo no futuro próximo. Só que nem todos estarão pelos ajustes
de serem figurantes da farsa como anteriormente. Houve quem considera-se que
não seria com ameaças que se fariam acordos… enquanto outros se vão entretendo
com as tricas da ‘sua’ festa e uns tantos adereços à la carte.
Quanto
ao episódio do PR poderemos considerar que, por entre milhares de selfies de
simpatia, emergiu esta agridoce, que poderá colocar em maior atenção a
segurança, não vá tornar-se moda de reclamação quem se pretenda pronunciar em
tempos de contestação, de mal-estar e de vozearia da populaça…
= Será legítimo
e correto que se pretenda criar uma crise política, isto é, em que caia o
governo a curto prazo? Qual a data limite para convocação de eleições
legislativas nos próximos tempos? Em caso de cair o governo, até novas eleições,
como seríamos governados? Estaremos diante de algum truque do dito
‘habilidoso’, a quem falhou o tempo mais exato de insurreição? Terá estalado o
verniz da incongruência a poucos dias de decidir quem manda no quê? Quem
precisa de quem para sobreviver antes que entremos no pântano? Será natural
tanto azedume – nas entrevistas, nas declarações e nos tempos de intervenção
pública – em tempo de pós-férias? O silêncio de tantos dos intervenientes não
soa a cumplicidade ou a ‘deixar ver até onde vai’ o estendal de afundamento?
=
Vejamos dados das regras gerais da nossa República.
O atual PR termina
o mandato legal a 9 de março de 2021, devendo haver eleições para o cargo
talvez a 10 de janeiro de 2021, em conformidade com o artigo 125.º da
Constituição da República Portuguesa (CRP).
Segundo o artigo 172.º da mesma CRP, depois de 9 de setembro deste ano – no último semestre do mandato do PR atual – já não pode ser dissolvida a Assembleia da República.
Segundo o artigo 172.º da mesma CRP, depois de 9 de setembro deste ano – no último semestre do mandato do PR atual – já não pode ser dissolvida a Assembleia da República.
=
Atendendo a estes dados, por vezes surripiados à informação do público em
geral, não deixa de ser um tanto inquietante esse tal ambiente criado pelos
responsáveis governamentais, sabendo que, na maior parte dos casos, terão de
continuar em regime de gestação até às próximas eleições, que nunca poderão
acontecer antes de junho de 2021… Isto é, durante a presidência da União
Europeia e com as crises – sanitária, económica/financeira, social – multiplicadas
a gerir…
Nota-se
algum frenesi em certas hostes partidárias, mais pela apatia gerada nos últimos
anos do que pela capacidade em fazer crescer a reflexão do projeto comum para o
país. Com facilidade vemos surgirem mais fantasmas do que soluções para os
problemas gerados pela pandemia. Com relativa conformidade se procura arranjar
mais quem iluda do que quem traga empenho em resolver as confusões sem rosto –
nada tem a ver com o uso da máscara – e mesmo sem identidade.
Desgraçadamente
são mais os profetas da desgraça do que os da esperança, os pregadores do
infortúnio do que da vitória, os vencedores vencidos do que os conquistadores
da unidade para a paz.
Sem
querer pisar na tecla do mesmo, creio que a chantagem – usada pelo PM agora e
já noutras ocasiões – é uma boa arma dos ditadores, quando aflitos e sem
capacidade de empenharem outros nas suas lutas.
Vamos
ter mesmo de sofrer mais sacrifícios, todos. Dizer o contrário é mentir e os
mentirosos só merecem um lugar: fora do espaço de serviço aos outros…o mais
depressa possível. No passado isso custou-nos vários resgates… sempre com a
mesma coloração e sem-responsabilidade.
António Sílvio Couto
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