Hoje é
uma atitude comum as pessoas usarem lenços de papel em vez dos tradicionais
lenços em tecido… que foram motivo de tantas estórias, mesmo românticas e
platónicas. Mas não hoje, os lenços de papel estão na moda e com razoável
frequência são trocados em horas de constipações, de gripes ou de outras
aflições…
Será
que este gesto tão vulgar é, minimamente, ecológico, como agora tanto se
propagandeia? Não estaremos a prolongar, no tempo próximo, ações nefastas para
com o ambiente? Quais serão os custos do uso de lenços de papel nas alterações
climáticas? Quantas árvores foi preciso abater para alimentar este gesto (dito)
habitual do uso de um simples lenço de papel?
= Agora
que foi solto o fantasma das ‘alterações climáticas’, todos teremos a
reaprender a estar para que sejamos capazes de dar o nosso singelo contributo
para recuperar a vida sustentável do Planeta.
* Não
será com o folclore de certos meninos/as aos gritos histéricos/as, espicaçados/as
por ecologistas melancia – verde por forma e vermelho por dentro – que se
criará uma nova mentalidade ecológica. Será, antes, pelo questionamento do
nosso comportamento pessoal e pela envolvência em querermos mudar de protótipo
de vida e mesmo de civilização…
* Não
será desta forma acrítica e quase irracional com que vemos a maior parte das
manifestações das ‘sextas-feiras pelo futuro’ – com a ‘sacerdotisa’ Greta
Thunberg a pontificar – que mudaremos uma vírgula em favor do Planeta, antes
iremos acirrar os ânimos que precisavam de estar serenos para refletirem, de
verdade, sobre o futuro coletivo a curto prazo…
* Não
será com a manipulação descarada dos mais novos, muitas das vezes com discursos
demasiado elaborados para serem naturais e sinceros, que serão absolvidos os
erros do nosso passado recente…coletivo. Com efeito, os exageros, como sempre,
pagam-se caros e como diz o aforisma: Deus perdoa sempre, a natureza nunca
perdoa. Agora que chegamos a uma posição quase irreversível vemos despontar
novos oportunistas, eivados de ideias mais materialistas do que defensoras da
responsabilidade humana…
* Não
será com aproveitamentos ideológico-partidários de uma certa esquerda
ressabiada, que usufruiu dos benefícios do capitalismo para agora se arvorar em
defensora de uma visão panteísta ateia. De facto, as armas usadas para
contestar são as que foram fabricadas para progredir. Os meios de que se servem
para difundir as suas ideias são resultado da evolução tecnológica que
contestam. A convocação, divulgação e efeitos das contestações só são possíveis
porque foram usados recursos não mais primários de civilização, como dão a
entender que defendem…
A
fabricação deste movimento ecologista em curso está prenhe de mentiras, de
falsas verdades e mesmo de infiltrados mal resolvidos nos seus conflitos
interiores, psicológicos e emocionais consigo mesmos e para com os outros…
= Se o
uso dos lenços de papel pode ser um dos sinais mais relevantes da incongruência
do nosso tempo, teremos de dar passos que nos façam recuperar o respeito pela
natureza, voltando, por exemplo, aos lenços em tecido. Pela minha parte nunca
usei lenços de papel. Gostaria ainda que voltassem a ser usados com essa arte e
engenho, tal como se via em certas zonas do nosso país…
Pequenos
gestos podem fazer grandes e significativas mudanças. Assim sejamos capazes de
o fazer e de o viver…enquanto vamos a tempo!
António Sílvio Couto
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