Numa
parcela da Humanidade que alberga mais de quinhentos milhões de cidadãos, num
espaço territorial com uma diversidade cultural, histórica e linguística, numa
configuração sociopolítica cada vez mais diversificada, a União Europeia está a
viver uma nova etapa no rumo de mais de sessenta anos…de paz, de alguma
prosperidade económica e de razoável segurança social, de trabalho e quase
militar.
Atendendo
às raízes constitutivas da agora designada ‘União Europeia’ – já foi chamada Comunidade
Europeia do carvão e do aço e de Comunidade Económica Europeia – aglutina 28
estados-membros.
Se tivermos
em conta entre os pais-fundadores deste projeto encontramos alguns abertamente
cristãos: Konrad Adenhauer, Jean Monnet, Robert Schumann, Altiero Spinell, etc.
Por
entre as várias vicissitudes ideológicas que a Europa viveu nos tempos
após-segunda guerra mundial, foram atravessadas pela falência de várias
ideologias – queda do muro de Berlim, em 1989; implosão da maior parte dos
partidos marxistas, trotskistas e até socialistas; focos de tensão
étnico-racial; emergência de tendências populistas de direita com alguma
esquerda encapotada – fomos assistindo a fenómenos de empobrecimento de
participação dos mais novos nas decisões coletivas à mistura com uma razoável
a-moralização perpetrada por lóbis transnacionais de pendor anticristão…
Nem o
‘mea culpa’ de alguns políticos ainda no ativo – na segunda geração de
dirigentes – consegue atenuar o desagrado geral de quem sente que a União
Europeia é um projeto inacabado, que não está fechado e tão pouco são
irreversíveis as possíveis conquistas, entretanto, usufruídas. Muitos dos mais
novos – situemo-nos na franja dos que têm menos de vinte e cinco anos – não
tiveram de fazer grande esforço para integrar este grande espaço onde a
democracia tem sido mais ou menos apanágio dos povos e dos governos.
= Mesmo
que podendo ser questionada, a UE continua a ser um motor essencial para a vida
de milhões de pessoas naquilo que têm na (pretensa) qualidade de vida e nas
aspirações para com o futuro próximo. Quando tantos como que prognosticavam a
falência deste projeto sociopolítico, tantos outros lutam e almejam não
satisfazerem os desejos derrotistas duma faixa significativa de pessimistas,
vencidos e saudosistas do quanto pior melhor…tanto à direita como à esquerda.
Nunca
como antes a Europa viveu em clima de paz como na vigência da UE. Nunca como
antes foi possível articular povos, outrora, desavindos ao norte como ao sul e
mesmo no centro do conjunto dos países que compõem a UE. Nunca como antes
países pequenos tiveram voz como os países considerados médios e os grandes,
criando, por vezes, condições para que saíssem das suas fileiras altos
responsáveis das várias instâncias que compõem a UE. Nunca como antes as
ideologias se foram articulando mais em função dos interesses comuns – dos
cidadãos e dos países – do que das fações transversais, nos diversos momentos
de decisão da UE.
= Este
grande espaço do Planeta Terra, que é a UE, funciona, acima de tudo, como um
grande e profícuo areópago cultural, onde se misturam tantos e tão díspares
países e nações, línguas e dialetos, sucessos e revezes, dúvidas e expetativas,
promessas e conquistas, conservadores e utópicos, materialistas e teístas,
incréus e vanguardistas, mentores da (pretensa) raça pura e criadores de
mestiçagens, abertos aos emigrantes e retrógrados na sua aceitação… A UE é isto
e muito mais, mas poderá ser ainda melhor se soubermos mais confluir para aquilo
que nos une do que para aquilo que nos possa separar, agora como no futuro
próximo.
Não
podemos ignorar nem camuflar a base de tudo isto: a profunda e altíssima
cultura cristã, que fez germinar o projeto e que quase sempre o tem
salvaguardado, quando sobre ela pairam nuvens mais ou menos tenebrosas, seja
pelas ideias, seja pela prática dos valores impressos nas mentalidades dos
cidadãos, dos governantes e até dos emigrantes…
A UE
tem futuro se todos nos comprometermos neste auspicioso caminho que já nos trouxe
tantos benefícios. Urge, no entanto, rever os indícios de quem só quer o que
lhe é favorável – sobretudo certos populistas de esquerda e de direita – mas
reclama daquilo para o qual nunca fez nada por ser melhor e mais participativo.
Não será com espetáculos ‘arco iris’ que mobilizaremos os mais novos. A UE tem
futuro!
António Sílvio Couto
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