Nos
sinónimos do dicionário encontramos para ‘encarrapichar’: encher-se de
capricho, fazer carrapichos ou bucres (anel que se faz no cabelo).
‘Encarapitar’ tem como sinónimos: passar para um lugar elevado, mover para
cima, instalar-se num lugar mais alto, subir, trepar…
Ao nível
popular podemos ouvir: ‘encarapinchar’… que seria um misto entre os dois
termos, com a significação de que alguém está a encher-se de brios, cuidando
das suas coisas para se destacar diante dos vizinhos e concorrentes… o que no
comportamento popular pode roçar o bairrismo entre povoações.
Poderá
ser neste misto dos termos com o acintoso da vivência popular que poderemos
caraterizar algumas das iniciativas do ‘governo da geringonça’, que reinou nos
últimos quatro anos em Portugal.
Não
deixa de ser simbólico que o termo ‘geringonça’, cunhado pelos adversários para
ridicularizar a confluência dos intervenientes para a solução governativa
encontrada, se tenha colado com uma certa facilidade, não tanto nos aspetos
negativos, mas mais naquilo que foi conseguir harmonizar sob o mesmo chapéu
quem se digladiava pelo mesmo quinhão de eleitores… Até agora funcionou por
entre arremedos, louvaminhas e sucessos…reivindicados.
= Quais
os indícios de que o governo está a encarrapichar-se? Que sinais são dados de
que se poderá encarapitar? Até que ponto é que os meses (três) que medeiam para
as eleições vão ser usados para se encarapinchar? Quem serão os intervenientes
para que tais preparos se notem mais ou sejam subtilmente dissimulados? A quem
interessa prolongar esse estado de conluio em tantas das façanhas promovidas,
realizadas ou propagandeadas? Como irá reagir quem não seja envolvido no
espetáculo já anunciado? Tal como noutras ocasiões, quando se descobrirá que o
estado foi capturado pelos anseios partidários de certas fações ideológicas,
pseudo-republicanas e assaz agnósticas? Será que a falange de servidores
deixará cair quem os promoveu?
= Sem
ousarmos responder às questões colocadas a esmo, fica a sensação de que, quando
há dinheiro, é fácil distribuir, mas perdido o controle do saco, será um tanto
mais complicado continuar na crista da onda, como o surfista em maré de
vitória. A fabricação de ilusões veio com a propaganda de que a austeridade foi
exorcizada. Não há maior engano. À semelhança do texto bíblico, bem depressa
poderemos constatar que este ‘espírito mau’ voltará com mais força e revestido
de um poder de complexo combate.
Depois
de terem aprendido a fazer as contas certas e de ser feito panegírico de tal
façanha, seremos assaltados pela compensação degustada em forma de impostos
encapotados, de forma crescente e ao sabor dos intentos de quem manipula. Como
dizia um comentador sobre a atuação situação sociopolítica: há problemas
laborais (saúde, transportes, educação, etc.), há lacunas e conflitos, nunca
como agora se pagou tantos impostos, mas o povo dá a impressão que se sente
feliz, sem olhar às dificuldades, pois sente a tilintar de mais dinheiro ao
final do mês…mesmo que isso possa ser efémero, breve ou enganoso.
= Depois
de centenas de mortos causados pelos incêndios – 2017: junho 107; outubro: 45 –
nada aconteceu. O governo continuou em funções como se duma epopeia estivesse a
sair. Vimos pessoas perderem tudo e só uns tantos auferiram ajuda, sabe lá a
troco do quê. O governo atirou dinheiro para cima das questões e lavou as mãos,
sem querer saber totalmente como foi administrado o gasto.
Neste
lapso de quatro anos o país ganhou o europeu de futebol em seniores, os juniores
também se tornaram campeões e até o hóquei em patins saiu da tumba das
derrotas. Mas – pasme-se! – uma cantiguinha de classe medíocre suplantou o
resto das outras e ganhou o festival da eurovisão… Tudo isto no lapso de breves
dias. O governo foi-se colando aos sucessos alheios para os fazer seus…por
arrasto ou por arresto!
O
desemprego caiu para uma faixa quase residual. O turismo enxameou o país, com
vagas de procedentes dos espaços mais invulgares, enquanto uns tantos se abotoavam
com casas de pseudoturismo… até um dia!
Agora
que caminhamos para a avaliação final, torna-se urgente saber que país
queremos: um fotogénico, embora em colapso ou um país que seja verdadeiro e com
sentido das responsabilidades…atuais e futuras?
António Sílvio Couto
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