Tem sido uma luta ferozmente travada pelos setores
que esgrimem razões para a equiparação de ‘género’. Este termo é tanto recente,
quanto antigo, pois as línguas clássicas (particularmente latim e grego) incluíam
na sua organização substancial três ‘géneros’: masculino, feminino e neutro… e
este não é (era) a inutilização de nenhum dos anteriores, antes era referido,
sobretudo, na referenciação às coisas ou seres inanimados…
Traçando ainda as linhas desta reflexão: a maior
parte dos desportos de equipa – atendendo aos mais conhecidos/praticados e por
ordem alfabética – constituem-se em número ímpar – andebol: sete em campo;
basquetebol – cinco em jogo; futebol clássico – 11; futebol de salão (futsal) –
seis; hóquei em patins: cinco; rugby – treze ou sete na modalidade ‘seven’;
voleibol – seis…
Porque teremos de continuar a ter equipas masculinas
e femininas? Não será mais correto incluir, sem exclusão os vários géneros, as
‘afirmações’ de ‘género’ com que somos tantas vezes matraqueados por certa
comunicação social ‘arco-íris’? Os ronaldos e os messis, os neymares e as
martas terão lugar em que equipa? Como seriam os contratos, até agora
milionários? Haverá capacidade para incluir tudo isto sem entrarmos num
ridículo mínimo, suficiente e razoável?
Para que houvesse uma (pretensa) igualdade de
género, as equipas deveriam ser constituídas por elementos dos diferentes
géneros ou estaremos a ostracizar quem não seja incluído. Ora, atendendo à
composição das equipas dos desportos citados algo teria de mudar, fazendo com
que houvesse – ao menos elementos pares ou emparelhados – na sua composição… A
reconfiguração teria (ou terá) algo de inovador, senão na ousadia ao menos nalguma
patetice histórica, social e cultural!
Ainda faltaria ter em conta as cotas para os que não
se asseguram (aceitam, afirmam ou reivindicam) nem como masculino nem como feminino,
pois a possibilidade de virem a integrar uma qualquer modalidade é hipótese
não-descartável…
Eis algo factual em que teremos de estar prevenidos
para as mudanças que advirão desta pretendida equiparação de género, situada
noutros campos de atividade, deixando sempre em aberto a possibilidade de haver
quem queira fazer valer a sua categoria de género…diverso ou ocasional.
= Muito mal vai uma civilização que se deixa
conduzir pelas meras tendências sexuais, mesmo que devam ser respeitadas. Mal
vai uma cultura que enfatiza a significação de uma pessoa não pela sua
qualidade humana, intelectual e emocional, mas obedecida pelo (possível) divã
de psicanálise e/ou enferma de preconceitos, de tabus e mesmo de traumas. Pior
será ainda uma sociedade onde a diferença se faz suplantar à normalidade, desde
a mais serena, séria e sensata até à mais inconformada, chamativa e (até)
rebelde.
É pena que as paixões de uns tantos/as se pretendam
impor àquilo que vai sendo a correta vivência da sexualidade ao nível pessoal,
familiar e em sociedade. Não podemos permitir que os fantasmas saídos do
armário venham a governar, a influenciar e a manipular a normal, objetiva e
sensata convivência entre todos.
O respeito pela diferença tem de ser recíproco entre
todos os intervenientes nesta como noutras questões, onde a sanha ideológica
não se pode sobrepor à diferença de quem não é como aquilo que pretendem
defender ou impor… Parece ser longo e árduo o caminho de todos!
= Tal como noutras etapas da história da humanidade
– rotuladas de crise ou de perda e/ou de inversão de valores – assim agora
estamos a necessitar de algo que possa purificar este ambiente de morróida
social agravada. Urge denunciar a ideologia de género que pouco mais quer do
que ratificar as suas posições – seja qual for o sentido ou o estado…de saída
ou de chegada – à força não da convicção, mas da coação. Com efeito, certos
espetáculos de rua – nas ditas manifestações do ‘orgulho’ – deixam muito a
suspeitar sobre a seriedade das intenções atuais e para o futuro. Efetivamente
questões sérias não se tratam nem se cuidam com essas bandeiras arco-íris nem
com o recurso a vestimentas de faz-de-conta…
Há problemas – digo de conhecimento – que não
precisam de tais argumentações, mas de formas de acolhimento, de diálogo e
mesmo de solução em que as pessoas possam ser tidas na sua individualidade,
acrescentando e não diminuindo a valorização de cada pessoa, que precisa de
escuta, de ajuda e de aceitação.
António Sílvio Couto
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