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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Mais uma vítima do processo comunista


Desde há algum tempo que a Venezuela tem sido notícia pelas dificuldades socio-materiais porque vem passando boa parte da população: prateleiras vazias, pessoas esfomeadas, falta de medicamentos, fuga de milhões para o estrangeiro, manifestações e confrontos nas ruas…governo e oposição apoiados (dentro e fora), lutas e situações de desespero…

Em duas décadas o país passou de ‘terra de promissão’ – quantos emigrantes foram para lá em busca de vida melhor – para espaço de convulsão, onde os lucros do petróleo não chegam para suportar uma espécie de classe dominadora, saída do novo regime com traços marxistas e com laivos de ‘nomenclatura’ já vista noutras paragens e situações. 

Se noutros países o processo comunista demorou anos a ser visto e desmascarado, na Venezuela, algo correu muito depressa, pois os apertos dos bens essenciais rompeu com o verniz de sucesso que fascinava tantos outros, mesmo sem terem idêntica orientação ideológica. 

= A coletivização dos meios de produção costuma ser uma das primeiras orientações do processo comunista de caminhada para o poder e de exercer este. Muitas vezes o que antes dava lucro com alguma rapidez se torna em fonte de prejuízo. Aquilo que era produtor de riqueza, no regime comunista, vai-se tornando causa de problemas e de recuo nos lucros…para o Estado-patrão.

Talvez a filosofia dialético-marxista tenha influenciado o pensamento de muitos dos mentores da política no após-segunda guerra mundial, disseminando-se por várias partes do mundo…especialmente nas culturas de pobreza e de miséria. No entanto, com a queda do muro de Berlim, em 1989, ficou mais a manifesto que certas operações do processo comunista estavam eivadas de dados errados e, por conseguinte, com resultados desastrosos. Só quem não foi capaz de fazer o ‘reset’ da sua educação não percebeu que se continuassem a insistir na fórmula, os proveitos seriam ainda piores. Isso mesmo aconteceu já no Brasil com década e meia de regime dito socialista, agora na Venezuela e – como sempre – em Cuba, na Coreia do Norte e um pouco, à sua maneira, em Angola ou Moçambique… 

= O sistema de ditadura e em muitos casos de culto da personalidade torna a leitura de escolhas do processo comunista como uma fórmula de identificar causas e consequências. Se bem que, nalguns casos, se fale do ‘coletivo’ como forma de expressão dum pensamento/práxis de todos, nota-se a presença de uma figura que catapulta as massas e faz com que sigam as suas orientações ‘religiosamente’.

Adstrito a todo este processo comunista é habitual vermos uma forte aposta na militarização do regime, levando, nalguns casos, a que o resto da população passe até fome, mas os guardas pretorianos têm um tratamento especial. Com efeito, tê-los do seu lado é uma espécie de garantia de prolongamento no poder… 

= Há questões de teor mais ou menos amplo que gostaríamos de colocar, sabendo que os visados talvez não leiam estas inquietações.

. Será que ainda não se percebeu que a pessoa humana é muito mais do que consolação da matéria ou promoção do bem-estar efémero?

. Será que as regalias (ditas) materiais suplantam a condição de queremos ser mais do que animais rastejantes e satisfeitos com coisas materiais?

. Será que os servidores do processo comunista não enxergam – ou não querem ver – que a democracia não é só a da sua cor?

. Será que quem conduz ou deve conduzir os povos não aprendeu a conviver com a diferença e só faz da sua opinião a bitola do seu comportamento?

Mal vai um povo, uma nação ou uma cultura se os intervenientes não reconhecerem as perspetivas dos outros, pois estes merecem o mesmo respeito que nós reputamos para nós mesmos. Atendendo aos frutos do processo comunista talvez falte o contraditório para que sejamos todos cidadãos com igualdade de direitos e de deveres…em qualquer parte do planeta Terra!

 

António Sílvio Couto

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