Há
relação entre uma outra realidade: a quaresma segue o carnaval e este antecede
– cronológica e espiritualmente – aquela: para haver penitência parece que é
preciso verificarem-se exageros!
De facto, na sua longa e sábia pedagogia, a Igreja católica como que ‘criou’ o carnaval – poderá vir de ‘carne valle’, adeus à carne – por forma a que o tempo de rigoroso jejum da quaresma seja precedido dum tempo de alguma festa e, porque não de exageros, que serão corrigidos na penitência quaresmal. Ora, o complexo da questão é que uma boa parte das pessoas vive os exageros e não entra na lógica penitencial, que aqueles tinham associados… Dá a impressão que ficamos pelo mais fácil e não usufruímos do que traz conversão, domínio e controlo sobre nós mesmos…
= Que sentido tem, então, a ‘quarta-feira de cinzas’?
Nesta sociedade algo transversal aos valores religiosos e ao seu significado, será que as cinzas desta quarta-feira serão o restolho dos festejos carnavalescos? Como explicar a alguém o ritual da imposição das cinzas, se não está sintonizado com aquilo que significam estas cinzas? Por outro lado, será que a crescente vulgarização da incineração dos corpos dos defuntos ajuda ou complica ainda mais o entendimento deste dia de ‘quarta-feira de cinzas’?
Diz o Diretório sobre a piedade popular e a liturgia: «O início dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canónica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, a qual precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Longe de ser um gesto puramente exterior, a Igreja conservou-o como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Deve-se ajudar os fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior deste gesto que dispõe para a conversão e para o esforço de renovação pascal» (n.º 125).
De facto, na sua longa e sábia pedagogia, a Igreja católica como que ‘criou’ o carnaval – poderá vir de ‘carne valle’, adeus à carne – por forma a que o tempo de rigoroso jejum da quaresma seja precedido dum tempo de alguma festa e, porque não de exageros, que serão corrigidos na penitência quaresmal. Ora, o complexo da questão é que uma boa parte das pessoas vive os exageros e não entra na lógica penitencial, que aqueles tinham associados… Dá a impressão que ficamos pelo mais fácil e não usufruímos do que traz conversão, domínio e controlo sobre nós mesmos…
= Que sentido tem, então, a ‘quarta-feira de cinzas’?
Nesta sociedade algo transversal aos valores religiosos e ao seu significado, será que as cinzas desta quarta-feira serão o restolho dos festejos carnavalescos? Como explicar a alguém o ritual da imposição das cinzas, se não está sintonizado com aquilo que significam estas cinzas? Por outro lado, será que a crescente vulgarização da incineração dos corpos dos defuntos ajuda ou complica ainda mais o entendimento deste dia de ‘quarta-feira de cinzas’?
Diz o Diretório sobre a piedade popular e a liturgia: «O início dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canónica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, a qual precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Longe de ser um gesto puramente exterior, a Igreja conservou-o como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Deve-se ajudar os fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior deste gesto que dispõe para a conversão e para o esforço de renovação pascal» (n.º 125).
= Receber/acolher as cinzas
Por
outro lado, pode perguntar-se: quem pode receber as cinzas? Qualquer pessoa
pode receber este sacramental, inclusive os não católicos. Como explica o
Catecismo (n.º 1670), «sacramentais não
conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração
da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela».
Embora não seja um dia de preceito – isto é, de obrigação em participar na missa – este dia de ‘quarta-feira de cinzas’ é o momento de começo da Quaresma, por isso, deveria ser participado por todos ou no seu maior número possível… Atendendo a certos condicionamentos de tempo e de disponibilidade há quem recorra a este gesto da ‘imposição das cinzas’ no primeiro domingo da quaresma, embora aceitável, talvez seja um tanto desencontrado do espírito do domingo, que não é, nem na quaresma, dia de penitência, mas de festa!
Embora não seja um dia de preceito – isto é, de obrigação em participar na missa – este dia de ‘quarta-feira de cinzas’ é o momento de começo da Quaresma, por isso, deveria ser participado por todos ou no seu maior número possível… Atendendo a certos condicionamentos de tempo e de disponibilidade há quem recorra a este gesto da ‘imposição das cinzas’ no primeiro domingo da quaresma, embora aceitável, talvez seja um tanto desencontrado do espírito do domingo, que não é, nem na quaresma, dia de penitência, mas de festa!
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário