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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Quando ter opinião cria problemas


Das caraterísticas mais usuais dos nossos dias é a do não ter opinião (clara, assumida e fundamentada) e ainda de não se comprometer com aquilo que se pensa e o que se diz. Para muita gente é mais fácil não ser a favor nem contra, antes pelo contrário… Vemos por aí a pulular uns (pretensos) independentes – alguns dizem deles que são mais dissidentes – para os quais tudo vale, tudo serve, tudo é aproveitável, desde que sejam eles, à partida, os possíveis vencedores…

Ora ter opinião exige que se seja, desde logo, capaz, de estar minimamente informado; de ter tempo e capacidade de reflexão dos prós e dos contras; de partir duma linha de princípios e não de meras conjeturas e suposições; de viver enquadrado neste tempo e não como saudosista do passado ou instável sobre o futuro; de não partir de preconceitos seja contra quem for, mesmo que possa pensar e de agir de forma diferente; de fazer crescer com o possa exprimir na sua opinião e não a atirando sugestões para que outros possam executar… Numa palavra: ter opinião pode criar problemas porque quem o faz se expõe e se revela, podendo criar problemas senão mesmo adversários ou talvez inimigos…  

= Desiluda-se quem pense que o assunto agora aqui trazido seja resultado da obnubilação estival de temas para refletir. Bem pelo contrário: como indicarei infra, esta questão decorre da necessidade em explicitar a orgânica mais subtil do tratamento de várias das vertentes em que tento colocar a perspetiva cristã na abordagem, leitura e interpretação de assuntos onde a fé cristã tem de ser colocada… em compromisso.

Talvez nem todos/as aceitem a forma como vemos e lemos os assuntos trazidos à liça do nosso dia-a-dia. Talvez haja quem nem leia o que é escrito por ver quem assina tais reflexões. Talvez julguem que é quase sempre do mesmo o que se pretende veicular. Talvez possa até parecer que o exercício em escrever como que adquire a função terapêutica de verter em letra o que ocupa a mente… Sim tudo isso e muito mais está subjacente à necessidade que tenho em refletir, por escrito, sobre muitos assuntos da vida e que espero que sejam para a vida…              

= Quem se pronuncia sobre o tema da vida e da família, desde logo, pode incorrer em censura por parte de muitos dos interesses que tais questões colocam. Com efeito, os assuntos de natureza ética/moral andam hoje tão maltratados que será preciso conhecer os autores para acreditar nos conteúdos difundidos. Nem que seja de forma simulada dá a impressão que muitos dos mentores – cognominados de ‘opinion makers’ (fazedores de opinião) – de tais questões são comparáveis a assaltantes que têm a propriedade de legislar sobre os assuntos em que depois podem vir a ser julgados e, com isso, criarem condições para legitimar o seu comportamento e até para atenuar as penas a que podiam e deviam ser condenados…

Repare-se nas tentativas de mudança de terminologia sobre os temas da vida e da família: género em vez de sexo; progenitor substituindo pai e mãe; união de facto (tácita ou declarada) como equiparado a casamento e isto ainda que tentando atingir o âmbito do matrimónio; casal num equívoco com parelha; família como expressão de caraterísticas a gosto…

Quem tiver ideias claras e distintas, segundo os valores do cristianismo, não pode deixar-se ludibriar com tais ‘conceitos’ feitos à custa/medida de interesses de lóbis mais ou menos assumidos, embora muito barulhentos e capazes de fazer passar a ideia de que tudo está diferente, embora continuem a faiscar conflitos entre os beneficiados com tais folclores luzidios quanto baste! Porque são censurados, na maioria da comunicação social, os conflitos entre acasalados do mesmo género/sexo e se difundem com estrondo os que atingem os heterossexuais? Viverão todos num conforto de entendimento ou nada se passa porque não se noticia? 

= Não deixa de ser minimamente preocupante que, por estes dias, se continuem a cunhar clichés – racista, xenófobo, homofóbico, discriminação, etc. – quando alguém pensa de forma diferente do ambiente amoral em que nos vamos entretendo. Não deixa de ser perigoso que uns certos ideológicos tenham cobertura para dizerem o que lhes apetece e sejam marginalizados os que não se deixam guiar pela bitola do amoralmente aceitável. De facto, o sal perdeu o sabor e só serve para estrumar o que resta… de imundície!

 

António Sílvio Couto



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