Das
caraterísticas mais usuais dos nossos dias é a do não ter opinião (clara,
assumida e fundamentada) e ainda de não se comprometer com aquilo que se pensa
e o que se diz. Para muita gente é mais fácil não ser a favor nem contra, antes
pelo contrário… Vemos por aí a pulular uns (pretensos) independentes – alguns
dizem deles que são mais dissidentes – para os quais tudo vale, tudo serve,
tudo é aproveitável, desde que sejam eles, à partida, os possíveis vencedores…
Ora ter
opinião exige que se seja, desde logo, capaz, de estar minimamente informado;
de ter tempo e capacidade de reflexão dos prós e dos contras; de partir duma
linha de princípios e não de meras conjeturas e suposições; de viver enquadrado
neste tempo e não como saudosista do passado ou instável sobre o futuro; de não
partir de preconceitos seja contra quem for, mesmo que possa pensar e de agir
de forma diferente; de fazer crescer com o possa exprimir na sua opinião e não
a atirando sugestões para que outros possam executar… Numa palavra: ter opinião
pode criar problemas porque quem o faz se expõe e se revela, podendo criar
problemas senão mesmo adversários ou talvez inimigos…
=
Desiluda-se quem pense que o assunto agora aqui trazido seja resultado da
obnubilação estival de temas para refletir. Bem pelo contrário: como indicarei
infra, esta questão decorre da necessidade em explicitar a orgânica mais subtil
do tratamento de várias das vertentes em que tento colocar a perspetiva cristã
na abordagem, leitura e interpretação de assuntos onde a fé cristã tem de ser
colocada… em compromisso.
Talvez
nem todos/as aceitem a forma como vemos e lemos os assuntos trazidos à liça do
nosso dia-a-dia. Talvez haja quem nem leia o que é escrito por ver quem assina
tais reflexões. Talvez julguem que é quase sempre do mesmo o que se pretende
veicular. Talvez possa até parecer que o exercício em escrever como que adquire
a função terapêutica de verter em letra o que ocupa a mente… Sim tudo isso e
muito mais está subjacente à necessidade que tenho em refletir, por escrito,
sobre muitos assuntos da vida e que espero que sejam para a vida…
= Quem
se pronuncia sobre o tema da vida e da família, desde logo, pode incorrer em
censura por parte de muitos dos interesses que tais questões colocam. Com
efeito, os assuntos de natureza ética/moral andam hoje tão maltratados que será
preciso conhecer os autores para acreditar nos conteúdos difundidos. Nem que
seja de forma simulada dá a impressão que muitos dos mentores – cognominados de
‘opinion makers’ (fazedores de opinião) – de tais questões são comparáveis a
assaltantes que têm a propriedade de legislar sobre os assuntos em que depois
podem vir a ser julgados e, com isso, criarem condições para legitimar o seu
comportamento e até para atenuar as penas a que podiam e deviam ser condenados…
Repare-se
nas tentativas de mudança de terminologia sobre os temas da vida e da família:
género em vez de sexo; progenitor substituindo pai e mãe; união de facto
(tácita ou declarada) como equiparado a casamento e isto ainda que tentando
atingir o âmbito do matrimónio; casal num equívoco com parelha; família como expressão
de caraterísticas a gosto…
Quem
tiver ideias claras e distintas, segundo os valores do cristianismo, não pode
deixar-se ludibriar com tais ‘conceitos’ feitos à custa/medida de interesses de
lóbis mais ou menos assumidos, embora muito barulhentos e capazes de fazer
passar a ideia de que tudo está diferente, embora continuem a faiscar conflitos
entre os beneficiados com tais folclores luzidios quanto baste! Porque são
censurados, na maioria da comunicação social, os conflitos entre acasalados do
mesmo género/sexo e se difundem com estrondo os que atingem os heterossexuais?
Viverão todos num conforto de entendimento ou nada se passa porque não se
noticia?
= Não
deixa de ser minimamente preocupante que, por estes dias, se continuem a cunhar
clichés – racista, xenófobo, homofóbico, discriminação, etc. – quando alguém
pensa de forma diferente do ambiente amoral em que nos vamos entretendo. Não
deixa de ser perigoso que uns certos ideológicos tenham cobertura para dizerem
o que lhes apetece e sejam marginalizados os que não se deixam guiar pela
bitola do amoralmente aceitável. De facto, o sal perdeu o sabor e só serve para
estrumar o que resta… de imundície!
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário