Parece
que não há dia algum em que não se veja noticiado – com maior ou menor
destaque, dependendo dos intervenientes – algum insulto, provocação ou ofensa a
pessoas e a instituições, num quadro de visibilidade percetível a quem
interessa…
Há
setores onde têm vindo a crescer os insultos e os casos de intolerância – no
desporto, sobretudo no futebol, vemos cada vez mais que dirigentes e claques se
comportam quase duma forma arruaceira, desde as palavras até aos atos…
incendiando multidões a favor ou contra; na área da política, nem sempre a
racionalidade é o melhor substantivo para avaliar seguidores e adversários; no
campo da comunicação social surgem cíclica e acintosamente episódios, casos e
narrativas onde a honorabilidade para além de ser questionada é ofendida,
achincalhada e aviltada…Ontem eram os duelos e as defesas da honra, hoje
lança-se a suspeita…mesmo que anónima e pela fechadura do facebook… até que
seja ultrapassada por outro caso ou relato real ou virtual!
Cada vez
menos está, seja quem for, num patamar não atingível, bastando que se crie algo
que lance na lama e com muita dificuldade dela se sairá não-sujo… por muito
tempo.
Há, no
entanto, uma espécie de figuras a quem (quase) tudo é permitido e a quem nada
nem ninguém parece atingir nem de soslaio: esses que podem dizer o que
disserem, façam o que desejarem ou que muito bem acharem, critiquem quem lhes
der na real-gana e não se passa nada… Nalgumas situações como que vemos hoje
inverterem-se os papéis que antes eram de subordinação e de discriminação:
coisas ligadas ao género (antes dizia-se sexo) ou ainda as funções tendo em
conta a cor da pele…condicionam e exaltam as reações e os (possíveis)
pensamentos. Há discriminações ostensivas e promoções coercivas, muito mais do
que é noticiado e seria aceitável.
Recordemos,
então, alguns episódios… mais ou menos recentes, que nos referem este panorama
de insultos, de suspeitas e de provocações:
– aquilo
que disse um tal ministro (por sinal socialista) holandês, a propósito da ajuda
que receberam os países do sul da Europa, em tempos de austeridade – usaram a
ajuda para copos e mulheres;
– os
‘cânticos’ de fações de apoio à seleção nacional – usaram palavrões contra
adeptos de equipas adversárias;
– as
invetivas nos estádios de futebol, versando ofensas à honra e à dignidade das
mães dos opositores e, sobretudo, do árbitro;
– as
diatribes no parlamento entre defensores e oponentes do governo em exercício,
resvalando para uma certa linguagem mais soez do que adequada a oradores e
adversários…com instrução e alguma educação;
– os
argumentos inflamados de comentadores televisivos, onde o basqueiro (isto é,
barulho desorganizado ou agitação, típico no linguajar dalgumas regiões) parece
querer disfarçar os reais intentos de quem não quer nem deixa que fale quem
tenha algo a comunicar;
– os
impropérios com que tantos mentores da cultura vão alfinetando quem não dá
cobertura aos seus arremedos intelectuais;
– a
indisfarçável indisposição com que certas forças apelidam quem não alinha na
sua descrença e agnosticismo – bastará ler e ouvir o que se diz (ou insinua)
sobre Fátima, sobretudo neste ano do centenário das aparições;
– umas
tantas suspeitas – logo tornadas indiscutíveis e dogmáticas porque afirmadas por
certos gurus da maledicência – sobre os dinheiros geridos e cuidados por
instituições ligadas à Igreja católica…
Sobre
estes e muitos outros aspetos – que ofendem a honra e o bom-nome de tanta gente
– é lançado um manto de impunidade, nunca ressarcindo quem foi difamado ou
desonrado, antes continua a ser humilhado e a ser vítima das mais torpes
malfeitorias…anónimas e difundidas suficientemente.
Porque
defendemos, acima de tudo, a dignidade de todos, não podemos continuar a calar
tantas injustiças, tendo em conta que muitos dos malfeitores e difamadores se
escondem sob a sua capa de liberdade, mas para com os outros não assumem os
seus erros, exageros e cumplicidades. Basta de silêncio. Basta de ofensa…
António Sílvio Couto
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