Faz
parte dum certo imaginário infantil – pelo menos de muitos quinquagenários – a
figura do ‘pato donald’, essa espécie de ícone dos desenhos animados que, em
vários momentos, encarna uma espécie de personagem antipática, mal-humorada e
mutante, em luta aguerrida com Mickey Mouse e sobrinhos… A finalizar cada
episódio lá surge a voz grasnada… numa ‘leitura’ dos acontecimentos mais ou
menos desagradáveis… Desde a década de trinta do século passado que o ‘pato
donald’, os sobrinhos, adversários e afins têm preenchido imensas rábulas nas
várias línguas e latitudes…entretendo e questionando.
Nos
últimos tempos surgiu, entretanto, um outro ‘donald’ – donald joseph trump – que
tem vindo a assombrar muitas mentes e a lançar imenso grasnar de reprovação a
partir do seu novo ofício, o de presidente dos EUA. Diante da figura do ‘pato’,
este novo ‘donald’ como que fica – ou tem vindo a ficar – cada vez mais como
alguém que ensoberbe o tal ‘pato’, na medida em que as tropelias deste não
passam de ironias perante as altissonâncias do (agora) investido em poder pelos
americanos…
= Há, no
entanto, tantos sinais de seguidores do ‘donaldismo’ – mais o do pato do que o
do político – que precisaremos de estar em contínua observância de factos e de
ideias. Com efeito, vamos vendo serem tolhidas as energias de tantos que
procuram dar um novo sentido à vida e aquilo que veem é a difusão da cultura da
morte, seja relatada, seja no culto do direito à autonomia… essa nova forma de
designar a possibilidade de promover a ‘morte doce’ (eutanásia) a pedido ou
camuflada de legislação aceite…em (má) consciência…invencivelmente errónea!
O
grasnar do ‘pato donald’ poderá tornar-se o refrão de assentimento de muitos
dos desejos e projetos dos mentores da cultura da morte. De facto, ninguém
pediu que se venha a soltar a ‘caixa de pandora’ dos movimentos fraturantes com
que certos setores da ‘esquerda social travestida de política’ nos querem
brindar nos tempos mais próximos. Enquanto nos desenhos de animação podíamos
controlar o enredo, agora, desencadeadas as investidas, pouco restará para que
seja possível aglutinar os cacos estilhaçados na nossa sociedade um tanto
permissiva e bastante irracional.
= Se
estivemos atentos poderemos encontrar na textura dos combatentes do ‘donald
trump’ que muitos daqueles que têm vindo a servir a luta contra certos valores
que o ‘donald’ político tem estado a fazer reverter do seu antecessor,
sobretudo em matérias éticas e sociais mais ou menos dos lóbis internacionais razoavelmente
combativos e sobretudo anticristãos. Por vezes, o gato não escondeu bem o rabo
e podem, então, ver-se os tentáculos aveludados em matéria de assunto e de
notícias.
As
questões relacionadas com a família, que tão maltratadas foram pela
administração americana anterior, podem sofrer de novo posicionamento no
contexto de toda a sociedade ocidental. Urge, por isso, saber distinguir o
essencial daquilo que é secundário. Torna-se fundamental que pensemos pela
nossa cabeça e que sigamos os valores evangélicos e não as meras diretrizes das
lojas do avental e afins. Acrescente-se ainda que seria de gosto duvidoso que
houvesse tantos ignorantes e desfasados mentais que elegeram quem os possa
governar…mesmo que nem sempre acerte nos critérios mais adequados. Reduzir os
eleitores à condição de quasi-mentecaptos será um tanto abusivo e preocupante
para a democracia deles e a nossa!
=
Cuidemos, então, do nosso futuro, refletindo sobre o presente. Este será tanto
mais assegurado na confiança quanto se souber para onde queremos caminhar, com
quem desejamos ir e quais os desafios a concretizar. A ver pelos ‘patos’ que
grasnam, algo vai mal no reino da fantasia… se desta se trata, pois para tal
acontecer – haver fantasia – será preciso ser adulto nos valores e sério nos
métodos, pois os fins nem sempre justificam os meios usados ou a promover.
Quando vemos mulheres – portadoras, por excelência, do dom da maternidade – serem
as primeiras promotoras da cultura da morte, algo vai mal no reino da
realidade… funesta e fatalista! Quando vemos certas forças trocarem a ideologia
por minudências de grupos de influência, teremos de suspeitar que a (dita)
democracia corre muito sério risco…agora e no futuro!
António Sílvio Couto
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