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segunda-feira, 13 de março de 2017

É tempo de ser mais família


Na catequese quaresmal que proferiu, no passado domingo, doze de março, D. José Ornelas acentuou que ‘de cada um de nós depende a qualidade da nossa família’, conferindo tempo e espaço a todos, dado que ‘é tempo de ser mais família’…nesta época algo conturbada em que vivemos.

O Bispo de Setúbal intervinha na primeira das catequeses quaresmais, que este ano são dedicadas ao tema da família. Nesta primeira catequese o prelado quis dar-nos ‘Um olhar sobre a família’ e aconteceu na Igreja de Santa Maria, Barreiro.

Partindo da centralidade e posição determinante da família para a pessoa humana – ‘o ser humano é de todos os seres o que menos consegue viver sozinho’ – D. José Ornelas salientou que a família se sente pressionada, hoje mais até do que no passado, por mudanças e ideologias fraturantes, devendo estar em busca de novos caminhos, por entre a complexidade do nosso mundo. 

= O Bispo de Setúbal partiu da conceção bíblica de família para referir que, criados à imagem e semelhança de Deus, homem e mulher são, por isso mesmo, imagem do carinho divino e transparência do próprio Deus.

‘À imagem de Deus, os dois – homem e mulher – tornam-se participantes na obra criadora de Deus’. Com efeito, ‘a família é laboratório da vida’. Neste sentido, D. José Ornelas considerou que é preciso ‘pugnar por políticas que sejam mais favoráveis às famílias que optam por ter mais filhos’.

Nesta época que caraterizou ‘do utilitário’, o Bispo de Setúbal referiu que é precisa ‘uma radical mudança da mentalidade’, que começa por ‘querer amar’ e se repercute ‘no amor refeito pelo perdão, no amor fiel à imagem da fidelidade de Deus’. Este amor fiel ‘tem de tornar presente a presença de Deus’, rezando juntos e colocando-se juntos na escuta de Deus.

D. José Ornelas apontou algumas pistas para que a família se possa tornar mais cristã: é tempo de retomar a vivência de que ‘a nossa família conta no projeto de Deus, pois foi Ele que nos chamou, olha com carinho por nós e conta connosco’. Também é preciso ‘encontrar espaço para escutar Deus’, rezando juntos, pois ‘de cada um de nós depende a qualidade da nossa família’… 

= Atendendo à importância do tema e à sua dimensão diocesana talvez fosse necessário que esta iniciativa fosse (ou tivesse sido) melhor entendida e participada por leigos e eclesiásticos, pois duma formação comum poderá ser alimentada melhor a família humana, paroquial e eclesial. Se há campo onde todos temos muito a aprender uns com os outros é este da família, pois, em cada momento somos chamados a recomeçar e não a viver num certo requentado que não muda nem traz novidade… Nisto as lições aprendessem, estando em conjunto uns com os outros, acertando a linguagem e aferindo os conceitos.

A distribuição das catequeses por vários lugares da diocese não pode – ou não devia – servir de desculpa para ir só àquela que está mais ao pé-da-porta, pois as várias vertentes do tema estão encadeadas – como se viu na experiência do ano passado – e todos os aspetos constituem uma formação sequente, ministrada pelo nosso Bispo. E nem mesmo a transmissão das catequeses via-internet ou a sua colocação na página da diocese podem servir de menor empenhamento, pois a graça de estarmos juntos cria comunidade e faz crescer na comunhão…pela presença fraterna e comunitária.

 = Nesta etapa da nossa caminhada diocesana, há certas perguntas que me afloram à mente e ao coração:

* Como podemos defender a família dos ataques – sociais e culturais, políticos e económicos – que vivemos?

* Até onde irá a capacidade de resposta cristã, que não seja meramente saudosista e um tanto antiquada?

* Como se poderá ajudar as gerações mais novas a crerem na família e a serem educadas nos valores do evangelho? 

* Teremos ainda fogo capaz de apresentar a família como algo com futuro ou já perdemos a sensibilidade aos erros, confundindo-os com certas modas…materialistas?  

Efetiva e afetivamente, é tempo de sermos mais família onde Deus está e conta!         

 

António Sílvio Couto



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