Na
catequese quaresmal que proferiu, no passado domingo, doze de março, D. José
Ornelas acentuou que ‘de cada um de nós depende a qualidade da nossa família’,
conferindo tempo e espaço a todos, dado que ‘é tempo de ser mais família’…nesta
época algo conturbada em que vivemos.
O Bispo
de Setúbal intervinha na primeira das catequeses quaresmais, que este ano são dedicadas
ao tema da família. Nesta primeira catequese o prelado quis dar-nos ‘Um olhar
sobre a família’ e aconteceu na Igreja de Santa Maria, Barreiro.
Partindo
da centralidade e posição determinante da família para a pessoa humana – ‘o ser
humano é de todos os seres o que menos consegue viver sozinho’ – D. José
Ornelas salientou que a família se sente pressionada, hoje mais até do que no
passado, por mudanças e ideologias fraturantes, devendo estar em busca de novos
caminhos, por entre a complexidade do nosso mundo.
= O
Bispo de Setúbal partiu da conceção bíblica de família para referir que,
criados à imagem e semelhança de Deus, homem e mulher são, por isso mesmo,
imagem do carinho divino e transparência do próprio Deus.
‘À
imagem de Deus, os dois – homem e mulher – tornam-se participantes na obra
criadora de Deus’. Com efeito, ‘a família é laboratório da vida’. Neste sentido,
D. José Ornelas considerou que é preciso ‘pugnar por políticas que sejam mais
favoráveis às famílias que optam por ter mais filhos’.
Nesta
época que caraterizou ‘do utilitário’, o Bispo de Setúbal referiu que é precisa
‘uma radical mudança da mentalidade’, que começa por ‘querer amar’ e se
repercute ‘no amor refeito pelo perdão, no amor fiel à imagem da fidelidade de
Deus’. Este amor fiel ‘tem de tornar presente a presença de Deus’, rezando
juntos e colocando-se juntos na escuta de Deus.
D. José
Ornelas apontou algumas pistas para que a família se possa tornar mais cristã:
é tempo de retomar a vivência de que ‘a nossa família conta no projeto de Deus,
pois foi Ele que nos chamou, olha com carinho por nós e conta connosco’. Também
é preciso ‘encontrar espaço para escutar Deus’, rezando juntos, pois ‘de cada
um de nós depende a qualidade da nossa família’…
=
Atendendo à importância do tema e à sua dimensão diocesana talvez fosse
necessário que esta iniciativa fosse (ou tivesse sido) melhor entendida e participada
por leigos e eclesiásticos, pois duma formação comum poderá ser alimentada
melhor a família humana, paroquial e eclesial. Se há campo onde todos temos muito
a aprender uns com os outros é este da família, pois, em cada momento somos
chamados a recomeçar e não a viver num certo requentado que não muda nem traz
novidade… Nisto as lições aprendessem, estando em conjunto uns com os outros,
acertando a linguagem e aferindo os conceitos.
A
distribuição das catequeses por vários lugares da diocese não pode – ou não
devia – servir de desculpa para ir só àquela que está mais ao pé-da-porta, pois
as várias vertentes do tema estão encadeadas – como se viu na experiência do
ano passado – e todos os aspetos constituem uma formação sequente, ministrada
pelo nosso Bispo. E nem mesmo a transmissão das catequeses via-internet ou a
sua colocação na página da diocese podem servir de menor empenhamento, pois a
graça de estarmos juntos cria comunidade e faz crescer na comunhão…pela
presença fraterna e comunitária.
= Nesta
etapa da nossa caminhada diocesana, há certas perguntas que me afloram à mente
e ao coração:
* Como
podemos defender a família dos ataques – sociais e culturais, políticos e
económicos – que vivemos?
* Até
onde irá a capacidade de resposta cristã, que não seja meramente saudosista e
um tanto antiquada?
* Como
se poderá ajudar as gerações mais novas a crerem na família e a serem educadas
nos valores do evangelho?
*
Teremos ainda fogo capaz de apresentar a família como algo com futuro ou já
perdemos a sensibilidade aos erros, confundindo-os com certas modas…materialistas?
Efetiva
e afetivamente, é tempo de sermos mais família onde Deus está e conta!
António Sílvio Couto
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