O
facilitismo interessa aos preguiçosos, aos incompetentes, aos manipuladores
(ditadores travestidos de democratas radicais), aos rezingões reivindicativos,
aos que vivem da exploração alheia, aos que adulam e vencem com a mentira, aos
que são incongruentes, aos que flutuam no seu chico-espertismo até serem
descobertos, aos que vivem da corrução, aos que hoje contradizem o que ontem
afirmavam, aos que se contam mais com a sua esperteza sem contarem com a
inteligência dos outros, aos que acham que ganham sempre…até serem descobertos
nas suas próprias patranhas.
Na
elaboração desta pequena reflexão começamos pelo fim, isto é, antes de
colocarmos as razões tentam elencar como que as causas. Talvez não seja a forma
mais correta, mas, desta vez, consideramos que podemos agora ir à procura dos
‘casos’ que fazem com que o facilitismo seja uma das doenças mais corrosivas da
nossa sociedade, desde a mais próxima até à mais alargada…
= Por
estes dias ouvimos certos atores-políticos – isto é, políticos formados em
ações de teatro – a reclamarem da prossecução do curso de comandos, pois tal
pareceria algo muito exigente para os nossos jovens – por sinal mais masculinos
do que femininos – e com isso se estaria a condicionar as suas vidas. Quis-se,
desta forma, criar uma cortina de fumo sobre a exigência que a preparação
daquele corpo de elite militar precisa de ter para ser aquilo que tantos jovens
anseiam: participação na defesa da sua pátria e na sua auto-valorização.
Já vimos
este filme de facilitismo, quando um ministro – doutra área política bem
distinta desta – que nunca foi à tropa, fez acabar com o serviço militar
obrigatório. Com isso abriu espaço para que possam entrar nas fileiras
castrenses só aqueles que o querem por dinheiro…
Será de
perguntar porque não criam o menor denominador comum por baixo para os que
querem vencer nos jogos olímpicos? Talvez a vitória dum paralímpico que venceu
com melhor tempo do que o vitorioso na mesma distância seja um exemplo de
superação e não de facilitismo…
= Ao que
temos visto no que se refere à área da educação nos tempos mais recentes – com
a suspensão de avaliações ainda antes do executivo ter tomado posse e as demais
variantes pelo abolir de exames – quase poderíamos tentar descortinar sobre
alguns traumas – psicológicos e intelectuais – dos mentores e executores sobre
essas etapas de aferição à aquisição de conhecimentos/prestação de contas
daquilo que se sabe, de verdade. Também aquilo o facilitismo vai ser um fruto
sobre a incompetência dos formandos…senão mesmo dos formadores. Que Deus nos
livre de virmos a ser cuidados – na saúde ou noutros setores mais sensíveis –
por gente formada no ‘coppy/paste’ sem assimilação do saber com respetivo
processo e maturado de conhecimentos…
= Ao ler
uma entrevista dum treinador de judo, que já fez vencedores nos jogos
olímpicos, ele dizia que preferia treinar os mais pobres do que os da elite,
pois aqueles estavam mais habituados às dificuldades e superá-las seria uma
questão de maior motivação e bom treino. Certamente que nem todos serão capazes
de ultrapassar as tentações do facilitismo, mas há situações em que as
exigências são as melhores condições para que ultrapassemos a mediocridade com
que tantas vezes nos querem seduzir…
= Por
agora vamos vivendo numa espécie de cultura avoenga, onde a tolerância dos
idosos premeia o que deveria ser a exigência de educação de pais… Com que
facilidade vemos ‘pais’ (ambos, um ou outro e ainda um contra o outro) a
simularem que não querem fazer nos filhos aquilo que deveriam por natural
competência e idade. Isto será tanto mais grave quando esses (ditos) pais vão
comprando os filhos com prendas e regalias que eles nem pedem, mas que lhes são
dadas como atenuação da incapacidade de dedicação de tempo e em atenção…
Entretanto,
vão caçando ‘pokemons’ na diversão do facilitismo de que tudo correrá bem, se
não se fizer nada por contrariar, governando ou sendo minimamente capaz e
eficiente!
António Sílvio Couto
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