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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A quem interessa o facilitismo?


O facilitismo interessa aos preguiçosos, aos incompetentes, aos manipuladores (ditadores travestidos de democratas radicais), aos rezingões reivindicativos, aos que vivem da exploração alheia, aos que adulam e vencem com a mentira, aos que são incongruentes, aos que flutuam no seu chico-espertismo até serem descobertos, aos que vivem da corrução, aos que hoje contradizem o que ontem afirmavam, aos que se contam mais com a sua esperteza sem contarem com a inteligência dos outros, aos que acham que ganham sempre…até serem descobertos nas suas próprias patranhas.

Na elaboração desta pequena reflexão começamos pelo fim, isto é, antes de colocarmos as razões tentam elencar como que as causas. Talvez não seja a forma mais correta, mas, desta vez, consideramos que podemos agora ir à procura dos ‘casos’ que fazem com que o facilitismo seja uma das doenças mais corrosivas da nossa sociedade, desde a mais próxima até à mais alargada… 

= Por estes dias ouvimos certos atores-políticos – isto é, políticos formados em ações de teatro – a reclamarem da prossecução do curso de comandos, pois tal pareceria algo muito exigente para os nossos jovens – por sinal mais masculinos do que femininos – e com isso se estaria a condicionar as suas vidas. Quis-se, desta forma, criar uma cortina de fumo sobre a exigência que a preparação daquele corpo de elite militar precisa de ter para ser aquilo que tantos jovens anseiam: participação na defesa da sua pátria e na sua auto-valorização.

Já vimos este filme de facilitismo, quando um ministro – doutra área política bem distinta desta – que nunca foi à tropa, fez acabar com o serviço militar obrigatório. Com isso abriu espaço para que possam entrar nas fileiras castrenses só aqueles que o querem por dinheiro…     

Será de perguntar porque não criam o menor denominador comum por baixo para os que querem vencer nos jogos olímpicos? Talvez a vitória dum paralímpico que venceu com melhor tempo do que o vitorioso na mesma distância seja um exemplo de superação e não de facilitismo… 

= Ao que temos visto no que se refere à área da educação nos tempos mais recentes – com a suspensão de avaliações ainda antes do executivo ter tomado posse e as demais variantes pelo abolir de exames – quase poderíamos tentar descortinar sobre alguns traumas – psicológicos e intelectuais – dos mentores e executores sobre essas etapas de aferição à aquisição de conhecimentos/prestação de contas daquilo que se sabe, de verdade. Também aquilo o facilitismo vai ser um fruto sobre a incompetência dos formandos…senão mesmo dos formadores. Que Deus nos livre de virmos a ser cuidados – na saúde ou noutros setores mais sensíveis – por gente formada no ‘coppy/paste’ sem assimilação do saber com respetivo processo e maturado de conhecimentos…  

= Ao ler uma entrevista dum treinador de judo, que já fez vencedores nos jogos olímpicos, ele dizia que preferia treinar os mais pobres do que os da elite, pois aqueles estavam mais habituados às dificuldades e superá-las seria uma questão de maior motivação e bom treino. Certamente que nem todos serão capazes de ultrapassar as tentações do facilitismo, mas há situações em que as exigências são as melhores condições para que ultrapassemos a mediocridade com que tantas vezes nos querem seduzir… 

= Por agora vamos vivendo numa espécie de cultura avoenga, onde a tolerância dos idosos premeia o que deveria ser a exigência de educação de pais… Com que facilidade vemos ‘pais’ (ambos, um ou outro e ainda um contra o outro) a simularem que não querem fazer nos filhos aquilo que deveriam por natural competência e idade. Isto será tanto mais grave quando esses (ditos) pais vão comprando os filhos com prendas e regalias que eles nem pedem, mas que lhes são dadas como atenuação da incapacidade de dedicação de tempo e em atenção…

Entretanto, vão caçando ‘pokemons’ na diversão do facilitismo de que tudo correrá bem, se não se fizer nada por contrariar, governando ou sendo minimamente capaz e eficiente!

 

António Sílvio Couto

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