Há
assuntos, no nosso coletivo mais ou menos de todos, que, ou se levam com
sarcasmo ou, se vividos à risca, poderão deixar-nos em colapso psicológico e
até moral por algum tempo...consciente.
Veja-se
a (longa, ínclita e sensacional) lista dos ‘panama papers’, que listam os mais
ricos dos tempos mais recentes – desde o já defunto Mao-Tsé-Tung… até outros
tantos poderosos em ebulição – que conseguiram fazer fortuna em paraísos
fiscais… sabe-se lá com que artes e manhas.
Por agora
vemos, neste nosso rincão luso, um tal (pretenso) ministro da cultura a querer
resolver à bofetada a divergência – de décadas e não só – em opiniões e
escritos de menos-prazer… Se Eça de Queirós ainda escrevesse não teria melhor
mote para levar à estampa alguns desses virulentos romances em que deixaria os
contendores mal retratados ou, pelo menos, com algum pejo de serem novos/velhos
da política do passado!
= Neste
país em regime de espécie de ‘vão-de-escada’, no contexto europeu e de quase
sarjeta, na dimensão internacional, em que se tem vindo a tornar a nossa
política, estes episódios são dignos de serem recriados num novo estilo –
audaz, simples e de ressonância das ‘canções de escárnio e de maldizer’ – para
que uns tantos não se esqueçam que a chegada a todo o custo ao poder não lhes
dá autoridade – que nunca tiveram… nem na geração dos seus antepassados mais
diretos… vivos ou defuntos – de tudo dizerem ou fazerem sem disso terem de
responder pelos seus atos, ações ou intenções… de intimidação!
Será que
é verdade que, uma certa fação do atual governo, entende-se tão bem com outros
parceiros – das esquerdas radicais – porque até já estavam, no reinado do
anterior chefe – o tal que ganhou por poucochinhos’ – a preparar a adesão (transição) sub-reptícia
às suas fileiras e só bastou um aceno para tudo se enquadrar… até ver bem de
mais?
Os
mentores, servidores e promovidos pelo compasso e o avental, cada vez mais se conseguem
sobrepor – mesmo na composição governativa, autárquica, económico-social e não
só – desde que possam favorecer, em breve, obras de beneficência dos amigos e
comparsas… distritais ou nacionais?
= Quanto
custa um panamá – não nos referimos só ao dos jardins-de-infância e das escolinhas
com que as crianças se defendem do sol – para frequentar a escola deste
sucesso? Bastará – para já – um certo processo de silêncio ou será preciso algo
mais de substancial… em género e/ou em papel? Porque surgiram certas figuras no
palco em maré de vitória? De onde emergiram alguns ocupantes da cadeira do poder
ou do enquadramento televisivo? Andavam na sombra e agora foram atirados para a
ribalta… como que em reconhecimento ou como isco para outras conquistas?
Desculpem a ignorância… em certos casos já iam surgindo como substitutos em
atos eclesiais… já havia algum intuito mais consentido e/ou fundamentado?
= Há
coisas mais de âmbito empresarial – regional ou com implicações nacionais – que
parecem continuar na nebulosa do faz-de-conta: ninguém diz, nem pergunta e, no
entanto, as águas – do Tejo e da sua área de influência – movem-se…. Sabe-se lá
para que foz…irão desaguar! Neste campo – segundo informações mais ou menos
credíveis vai-se questionando: para quando a decisão sobre o ‘porto de águas
profundas’, para o terminal de contentores, na região do (dito) vale do Tejo?
Irá custar, de facto, o quíntuplo do que seria preciso, se fosse à beira Sado?
A quem serve tal panamá? Quem está tão bem posicionado/a na decisão que irá
colher os frutos diretos ou indiretos?
As tais
bofetadas prometidas aos que não corroboram as opções culturais do ministro,
terão de ser reorientadas para outros, que vão dissimulando com fait-divers
outros factos, podem trazer consequências nefastas para todo um tecido social,
económico, marítimo e cultural que tem andado escondido nas gavetas de certas
forças e de beneficiários de investimentos (ainda) maiores do que os ‘panama
papers’… ao nosso nível. Quem vai assumir a denúncia? Teremos de esperar pelos
paladinos do nojo de funções pós-governativas… quando já foi tarde e sem
retrocesso?
Com uma
bofetada – irascível ou simplória – se pode fazer faltar o panamá de tantos
interesses vendidos e muitos outros comprados com cumplicidades assumidas e/ou
bem-pagas! Até quando?
António
Sílvio Couto
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