Todos os
partidos políticos têm símbolos que falam de si mesmos, tanto para os seus
militantes como na relação com os seus adversários. Se bem elaborados na forma
e no conteúdo devem ter significado mesmo ideológico e até as cores escolhidas
têm carga e caraterizam os seus seguidores, adeptos ou simpatizantes.
Tem
havido casos – dignos de estudo e de aprofundamento da identidade – que
introduzem modificações ou até transformações que, na maior parte das vezes,
correm mal aos ‘fautores’ de ocasião ou de arribação…
Independentemente
da afinidade ou repulsa – tendo em conta o mais recente congresso (36.º) – será
que as pessoas identificam o significado das setas do partido social-democrata?
Por que razão tem aquela coloração a bandeira e qual o objetivo das três setas
– mais ou menos constantes – na história de quatro décadas de existência? A que
se deve a diferença com outras forças do nosso espetro partidário-ideológico?
= Por
uma questão de princípio fique claro que nada me move de exclusiva simpatia ou
de qualquer aversão para com este partido… até porque gostaria de voltar a este
tema com outras agremiações, que merecem ser esmiuçadas e aferidas ao que são,
àquilo que fazem e, sobretudo, ao modo como se conduzem… agora que – segundo consta,
ao menos na teoria – estamos numa fase de reflexão urgente de tudo e de todos…
tentando salvaguardar o que ainda resta de democracia…nacional e/ou europeia.
Sem sabermos quem somos, poderá ser mais fácil estar ao sabor da manipulação e
de tantos tentáculos de ditadura, tenha ela a cor que tiver ou lhe convier!
= A cor
de laranja é uma cor quente matizada de entre as cores mais fortes – sobretudo
o vermelho – de outros partidos no espectro mais à esquerda ideológica, de
luta, de confronto e com meios mais interventivos pela força entre as classes
sociais, laborais e económicas. A cor laranja tornou-se, assim, uma espécie de
referência à social-democracia já vigente noutros países, particularmente,
europeus.
As três
setas – preta, vermelha e branca – fazem referência aos valores da
social-democracia de liberdade, igualdade e solidariedade, envolvendo: a cor
preta os movimentos libertários do século passado; a cor vermelha as lutas de
classes trabalhadoras e dos seus movimentos de massas, enquanto a cor branca é
uma referência aos valores humanistas, consubstanciados no personalismo,
nalguns casos de influência cristã… Tudo rumo a uma sociedade nova, onde haja e
possa haver justiça e liberdade das pessoas e das instituições.
= Se as
setas nos apontam caminho, como não poderemos sentir que algo que tem andado
desorientado neste país, muitas das vezes acolhendo mais as promessas que são
feitas ao estômago e menos à capacidade de inteligência e de emotividade. Se
quiséssemos parafrasear um livro de Camilo Castelo Branco – ‘Coração, cabeça e
estômago’, de 1862 – há mais interesse em exaltar o que se come com maior ou
menor gosto e sabor – mesmo que nem sempre alimente – do que aquilo que faz ter
sentido de vida, que obriga a pensar, questionando-se e desafia a olhar muito
mais para a frente e menos para o presente, que depressa é expelido em lixo e
estrume!
= O
sentido das setas – servimo-nos por agora das do símbolo gráfico deste partido,
mas haveremos de ver, muito em breve, a tendência das mãos, abertas ou cerradas,
egoístas ou em agressividade – obriga-nos a fazer um forte exame de consciência
sobre tantos dos nossos servidores da vida pública – partidária, autárquica,
associativa ou mesmo em contexto de fés e de igrejas – que, atendendo aos
percursos realizados, pouco trarão, se continuarem nesta atitude
individualista, de benfazejo à nossa sociedade…tão precisada de gente que faça
do serviço altruísta algo mais do que uma bandeira de circunstância ou para
aparecer nas fotos da comunicação social de serviço.
Apesar
de sermos descendentes dos que ficaram – quais ‘velhos do Restelo’ – quando
outros foram descobrir novos mundos, ainda acreditamos que as setas – aquelas
ou outras – apontam para o alto, para mais longe e, sobretudo, para maior
dádiva de vida e de ideais.
António Sílvio Couto
Muito interessante a descrição do significado destas setas, que desconhecia... Também gostei da comparação do nosso povo com o "velho do Restelo"!
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