Sabemos
que a função faz o desempenho e o desempenho faz a função. Ora, pelo que temos
visto do mais recente presidente da república portuguesa, não sei se será o
melhor desempenho para a função ou se está ou não estará a ficar um tanto vulgarizada
pelos atos do desempenhado.
Já
sabíamos de outras lides que o senhor gosta de tocar muitos instrumentos (tarefas,
intervenções e espaços) ao mesmo tempo, de ser rápido naquilo que faz e que,
talvez seja competente em tudo isso com a velocidade com que o pretende
executar. No entanto, em pouco mais de um mês de funções – desde 9 de março –
já andou por tantos lugares e fez tais papéis que quase esgotou a capacidade de
seguimento…noticioso diário!
Sobre o recurso
ao epíteto de ‘tiririca’, servimo-nos dessa figura de um deputado brasileiro,
saído do meio circense – analfabeto e habilidoso, mas popular – que foi
aprendendo a ter pose de estado, no desempenho das funções… percebeu-se ‘isso’
até no ato de votação da impugnação à presidenta…
= Não
está em causa a função presidencial, mas o exercício da mesma, que, em meu
entendimento, deve ser mais discreta, sensata e, sobretudo, eficiente na forma
e no conteúdo… Estas qualidades vimo-las, efetivamente, nos antecessores no
cargo, com uma ou outra interpretação mais ou menos eivada de ideológica,
particularmente dos que não tinham votado em que exercia o cargo.
Por mim
votei – atendendo às alternativas de escolha, que eram de pouca qualidade – em
quem agora faz a função de presidente e, por isso mesmo, não me revejo em
certas atitudes com algum sabor populista, parecendo-se a roçar o exercício de
tais funções em países africanos ou da américa latina.
=
Contrariamente ao epíteto que se quis colocar o presidente da república não ‘é
de todos os portugueses’… até porque – como foi o caso – só foi eleito por uma
parte dos votantes. Dever-se-ia sim considerar ‘presidente para todos os
portugueses’… mesmo para com aqueles que nele não votaram. Mas com as atitudes
do atual eleito e empossado parece que se pretende impor aos que nele não
votaram, relegando para plano secundário a confiança – cívica, moral e social –
dos que nele lhe deram assentimento mais tácito do que conclusivo.
= Tem
havido casos em que os responsáveis das pastas governativas se pronunciam até depois
do ‘mais alto magistrado da nação’… dando a entender que há alguma sede de
protagonismo do dito e designado ‘inquilino do palácio de belém’. Ora, tal
antecipação não nos confere credibilidade nem independência de quem devia ser o
fiel da balança e não tomando preferência por uma das partes do prato da
pesagem… Se é que ainda se entende esta linguagem de equilíbrio e sensatez!
E quando
tiver de não-concordar com a governança, que irá acontecer? Irá dar o dito por
não dito – como aconteceu, recentemente, no caso dum decreto-lei sobre um banco
– ou desdizer-se, atirando a culpas para fora do país? Quem o acessoria terá
capacidade de intervenção?
= Na
sabedoria ancestral do nosso povo, diz-se: depressa e bem, há pouco quem!
Entendendo que precisamos de ter nas instituições e em quem as serve alguém que
merece credibilidade e bom-senso, parece-nos que não precisamos de tanto
barulho e foguetório de vistas e muito menos que tenhamos de desconfiar sobre
atos e factos de quem devia ser mais ponderado e criador de verdadeira
confiança… Não basta pregar – dizemos no sentido de anúncio e também de
crucificar – esperança, criando distrações um tanto de ilusão em desilusão… Já
vimos em tempos recentes outros fautores de tais episódios e tivemos de pagar
com muito custo os seus malabarismos… O presidente da república deve estar
acima de tais tricas e intrigas… Será que ainda está?
Se até o
tiririca ganhou pose de estado porque havemos de não acreditar na recuperação
de outros?
António Sílvio Couto
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